capítulo treze, parte II

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❝ We don't need romance , we only wanna dance

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We don't need romance , we only wanna dance.

A escola estava um caos naquela noite. Da janela dos camarins improvisados dentro das salas de aulas, observei mais um pai parar o carro nas vagas abarrotadas do estacionamento e correr pelo caminho na direção da entrada lateral do ginásio. Várias famílias que residiam na pequena Lincoln já haviam achado seus lugares numerados no auditório, e dali onde estava conseguia ouvir o som de risadas e da música animada que tocava nos alto falantes nos fundos do palco. Já não me aguentava em olhar a janela a cada dois minutos, buscando qualquer sinal do sedã Mazda vermelho dos meus pais. Eles estavam atrasados, ainda que morássemos num cubículo de cidade. Digitei mais uma mensagem para minha mãe no aparelho celular quase descarregado, e o joguei de qualquer jeito em cima das várias roupas espalhadas ao redor. Alguns alunos ainda vestiam figurinos e se maquiavam, eufóricos na frente dos espelhos. — Precisamos passar o som, cara! Dá pra sair logo daí? — a voz de Jerome cortou a algazarra de forma grossa, e sua cabeça surgiu por entre os panos pendurados no teto para simularem paredes. — Tem um tempão que você agarrado aí. Não cansa de alisar esse cabelo, não? — sua gargalhada carregada de humor não me atingiu da forma como ele planejava. Não estava no clima para brincadeiras naquela noite. — Nenhuma notícia dos seus pais? — sondou, menos invasivo agora. Agitei a cabeça em negação erguendo o olhar até a janela mais uma vez. — Tenho certeza que eles vão chegar, cara. — Jerome era o baterista da Culture Club e estava vestindo, assim como eu, roupas que imitavam os Beatles. Ele girou as baquetas em uma das mãos, me observando apreensivo. — Vou tentar acalmar Luke nos bastidores por mais cinco minutos, legal? Mas depois disso, você precisa passar o som da guitarra. — forcei um sorriso em sua direção agradecido pela parceria que tínhamos. Quando sua cabeça desapareceu para fora das paredes de pano, suspirei irritado.

Conhecia minha mãe o suficiente para saber que ela não deixaria de vir a mais uma apresentação minha na Sain't Mary. O que me entristecia era a ausência indiscreta do meu pai, que provavelmente ficara agarrado em mais um plantão no único hospital perto dali, em Wellfleet. Se usasse os dedos das mãos e dos pés para contar às vezes em que ele prometera ir em alguma apresentação da banda, faltariam mais sete para fechar o cálculo. — Hunter? — de repente, era como se o simples som da voz de Robbi me puxasse para fora do buraco melancólico no qual estava afundando.

— Estou aqui! — chamei, começando a recolher minhas próprias peças de roupas do chão.

E então ela surgiu, empurrando os panos a sua frente que grudavam em suas roupas. Com uma prancheta improvisada nos braços, minha melhor amiga vestia sua especialidade: calça jeans preta, camiseta do My Chemical Romance e seu par de botas favorito. — Luke veio me procurar umas trezentas vezes para saber de você. Estou começando a achar que ele é um perseguidor. — brincou, se aproximando calmamente. — Levei um tempão para organizar esse show de talentos. Se você não aparecer naquele palco, suas fãs me matam!

A Todos os Amores da Sua Vida - RETORNO EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora