capítulo treze, parte I

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❝ You keep me strong when I can't carry on

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❝ You keep me strong when I can't carry on.❞

Em frente ao espelho do meu quarto, eu analisava o vestido preto de alças ombro-a-ombro em meu corpo. Seu comprimento ia até pouco abaixo dos meus joelhos, e mesmo sob protestos de uma Maxine irritada ao telefone, eu havia resolvido calçar meu par de botas cano baixo de mesma cor. O tic-tac do relógio de parede pendurado ao lado da minha porta compunha trilha sonora junto com a chuva que caía sobre a cidade fora da janela, como um lembrete cutucando meus ouvidos. Os fios presos do meu cabelo não eram a única coisa que me inquietavam, em meio a uma bagunça de roupas espalhadas pelo chão. A pressão em meu ventre, que mais parecia com um revirar de estômago, aumentava à medida que procurava uma desculpa dentro da minha própria mente para justificar uma possível fuga antes de encarar Madeleine e Hunter numa noitada. Mesmo depois de garantir que as gêmeas Hall fossem até Wellfleet conosco, encher a cara num bar ao lado de Hunter James, descompromissadamente, não estava na lista dos meus planos preferidos aos vinte e cinco anos.

Era como se estivéssemos saindo com a nossa turma do colegial. Era como se nossa amizade estivesse inabalada.

Deslizei o batom vermelho por meus lábios, forçando um sorriso para meu reflexo. Precisava relaxar. O que tinha demais em sair com amigos num sábado à noite chuvoso? Nós beberíamos cervejas e depois comeriamos alguma porcaria que resultaria numa azia coletiva no outro dia. Maddy e Hunter provavelmente se beijariam num canto escuro do bar lotado, e eu estaria ali para dar apoio às suas ressacas logo depois. Tirariamos fotos embaçadas para postar no Facebook com legendas tortas e sem sentido. Até mesmo Maxine sairia acompanhada ao final da noite. Desfiz o sorriso do rosto e com um suspiro, comecei a recolher todas as peças que, antes estavam em meu guarda-roupas, mas que agora amontoavam o caminho num mar colorido. Ainda que me esforçasse para pensar em qualquer outra coisa que não fosse o desenrolar das próximas horas, era inevitável conter minha ansiedade. De repente, me sentia como a Robbi das festas de Halloween do colegial, que orbitava ao redor de Hunter e sua presença, porque era a única fórmula de sucesso dentro da cidade. Mesmo após tanto tempo, eu ainda me sentia como uma sombra, pairando coadjuvante a tudo.

Como se me puxasse para fora do profundo momento de auto depreciação no qual me atolava, o aparelho celular perdido no meio da minha cama, vibrou luminoso entre os lençóis. Levei alguns segundos para me desfazer das roupas agarradas em meus sapatos, até alcançar o objeto inquieto. — Você vai precisar de um casaco. — a voz abafada de Miranda do outro lado da linha chegou até meus ouvidos de forma sonora. Ao fundo, uma música alta não ajudava muito na nossa comunicação. — Pegamos uma baita chuva no caminho. Por quê não nos avisou que esse bar ficava tão afastado do centro de Wellfleet? — a linha então ficou muda, como se a chamada tivesse caído. — Maxine foi guardar nossa mesa perto do palco improvisado que tem aqui. — ouvi um grito do outro lado, animado demais para o momento. — A Miranda trouxe o namorado, Rob! Seremos as velas mais bonitas desse lugar! — uma gargalhada escapou por minha garganta assim que percebi que as duas irmãs estavam brigando na linha. Miranda parecia irada por Max ter me contado a novidade daquele jeito. As duas eram um Yin e Yang perfeitos.

A Todos os Amores da Sua Vida - RETORNO EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora