01. Uma chuva forte e o garoto de cabelos escuros.

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A razão pela qual a noite pode ser tão bonita desse jeitoPossivelmente somos nós, não aquelas estrelas ou luzes brilhantes

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A razão pela qual a noite pode ser tão bonita desse jeito
Possivelmente somos nós, não aquelas estrelas ou luzes brilhantes

Mikrokosmos; BTS

Com a cabeça baixa e os pensamentos avulsos, Choi Haeri corria pela rua, dando pequenos pulos na tentativa de fugir das poças de água formadas pela chuva. Seu cabelo curto estava úmido, e suas roupas molhadas. Ela soltou um murmuro baixinho, sentindo a roupa colar no corpo. A sensação era incômoda.

Ao longe, seus olhos capturam o farol do ônibus, que mais parecia um borrão brilhoso. Apertou os olhos, numa tentativa dinâmica de conseguir visualizar melhor enquanto corria com a respiração descompassada e a caixa torácica retumbando no peito.

Por causa da chuva, o lugar estava particularmente vazio. E isso explicava a quantidade de poucas pessoas ainda perambulando por ali. Os vendedores de barraquinhas desmontavam suas tendas com pressa, enquanto guardavam os produtos em caixas. A chuva podia intensificar suas gotas a qualquer momento, o que prejudicaria nas vendas.

Haeri levou seus olhos até as rodas do ônibus, que tinha uma pequena parte submersa numa poça de água. Reparou nas pessoas que corriam com suas mãos sobre a cabeça em uma tentativa falha de fazer com que a chuva não os atinja. Já outros estavam com guarda-chuvas, que se expandiam em uma coleção de cores. No fim, havia também alguns parados nas portas de lojas esperando a chuva diminuir.

Suspirando, Haeri subiu a pequena escadinha com apenas dois degraus, pagando o motorista e passando pela roleta que fazia um pequeno barulho, como se estivesse enferrujada.

Sentada em um dos bancos no canto, a garota olhou para a janela, vendo pequenas gotículas de água deslizando sobre o vidro. No entanto, sentiu o corpo dar um pequeno sobressaltado quando viu um vulto preto correndo. E, surpreendentemente, o vulto entrou pelas portas do ônibus, um pouco mais molhado que ela. O garoto eufórico pagou o motorista, antes que o barulho da reta chegasse até os seus ouvidos quando ele passou.

O cabelo preto e molhado é bagunçado pelos dedos de sua mão, mexendo nos fios numa tentativa de tirar a água deles. A roupa preta entra um contraste grotesco com a cor de sua pele. Ele tira a mochila – também preta – de suas costas, colocando o objeto em seu colo, à medida em que ele sentou em um dos bancos mais à frente da garota.

De onde Haeri estava, ela pôde ver um lado do corpo do garoto. Ele tinha o pescoço e o maxilar amostra, e o cabelo estava rente aos seus olhos escuros bonitos.

As portas se fecharam em um movimento suave, e a chuva pareceu aumentar quando o motorista deu partida no ônibus e as rodas rodaram sobre as ruas molhadas. Não havia muitos passageiros no veículo, o que fez com que o ônibus ficasse silencioso e a única coisa que podia ser escutada era o barulho da chuva.

Com os olhos ainda atentos no garoto, Haeri viu quando ele pegou o seu celular e digitou alguma coisa, o que a Choi julgou ser a senha. Logo após, os fones estavam no ouvido do garoto e ele estava com os olhos vidrados na janela. Ele parecia pensativo e alheio a tudo, enquanto tinha os olhos perdidos na janela.

Talvez ele fosse um universitário assim como ela. Haeri pensou, já que ele parecia ter a mesma idade que a menina.

Haeri voltou a observar a janela e, consequentemente, a chuva. Os carros passavam com seus faróis ligados e os vidros fechados. O clima daquela noite era frio, o que fez com que a garota suspeitasse que no dia seguinte as coisas não mudariam muito.

Um tempo depois, o garoto levantou e puxou a cordinha, dando sinal. Ele colocou sua mochila nas costas e a ajeitou, passando pela Choi. Porém, algo caiu do pequeno bolso aberto na frente de sua mochila.

Ele desceu do ônibus e as portas se fecharam, não havia outro passageiro que iria sair. O ônibus começou a se movimentar devagar, e Haeri observou o garoto segurar as duas alças da sua mochila e correr rua a dentro, já que a chuva mesmo que tivesse diminuído, ainda suspendia do céu.

O ônibus voltou a se movimentar e Haeri não viu mais o garoto. Então curiosa, porém acanhada, Haeri pegou a tal "coisa" que caiu da mochila. Seus olhos se fixaram no objeto parcialmente pequeno, e os lábios da Choi se entreabriram, à medida que ainda segurava o objeto.

Um chaveiro.

Mas não parecia qualquer chaveiro. Parecia mais significativo, especial, constatando que havia duas letras em forma de maquina, talvez inicias, maiusculas e pratas. Haeri apertou os olhos, observando.

"JK"

A Choi, enquanto ainda observava, cogitou a hipótese de que talvez as letras fossem as inicias de seu nome. No entanto, o pensamento se esvaiu de forma passageira, ao passo que um novo fluxo de suposições se fez presente.

Como iria devolver o chaveiro para o garoto?

Ela nem sabia se o veria outra vez.

THE BUS BOY | JKOnde histórias criam vida. Descubra agora