Capitulo 03. Brisa

109 27 222
                                    

-Professor, é a Bianca...! – O grito de uma menina ecoou.

-O que foi?!

-Você está bem, Bianca?

-Bianca!

Uma luz forte. Um apagão. Três homens. Três médicos. Bianca.

Foi um sonho. Acordou ofegante e suada com as bochechas um tanto rosada. Olhou para o lado e viu o relógio. Já estava na hora de sair. Fez tudo rapidamente de maneira automática. Banho, café, arrumou o uniforme e a mochila. Já estava pronta para ir embora.

Ela sabia que não ia pra escola. Só queria andar um pouco. Andou pelas ruas até chegar em seu refúgio. Adorava ver que nem mesmo todo aquele cinza podia cobrir o verde-vida das folhas.

Ao chegar na praça viu algo inesperado que fugia totalmente de sua rotina. O menino de cabelos pretos e jaqueta jeans estava na praça brincando com o gatinho que era sua única amizade. Ao ver sua dona, o gato se levantou miando e foi até a garota, que se abaixou com um sorriso claro em sua feição.

-Oi. – Diz o menino se levantando.

Esperava um cumprimento de volta, mas recebeu apenas um balançar de cabeça. Começou a andar em direção a garota e o gato, sem perder a animação que parecia bem presente em seu espirito.

-Nossa, você gostava de mim até agora pouco... Afinal, você prefere garotas?

-É, não... – Diz a menina em um tom baixo. – Provavelmente é por causa disso. – Bianca tirou uma pequena lata de comida para gatos de sua mochila e a mostrou ao garoto. O gato acariciou sua dona, miando de forma carinhosa.

-Você é muito esperto...

Os dois se sentaram em seus bancos. Mesmo sendo bancos diferentes, se sentiam um pouco mais próximos. Ela brincava com o gato enquanto ele apenas contemplava o silêncio. Cof-cof, tossia a menina, chamando a atenção do rapaz.

-É gripe? Você está bem? – Perguntou mostrando um pouco de preocupação.

-Eu venho me sentindo mal ultimamente...

-Então, não é difícil vir todo dia para cuidar desse sujeito? – Pergunta apontando para o gato que se acalmava com as caricias da menina.

-Bem, minha casa fica bem perto e eu quero ver o gato. – Parou um pouco para bocejar. – Além disso, eu não tenho muita energia, então não posso ir muito longe...

-Entendo... – O garoto olhou para cima meio perdido. – Tem algum lugar que você queira ir?

-Algum lugar que eu queira ir...? – Repetiu a si mesmo.

...

O vento soprava de maneira fria naquela manhã. O vento fazia com que as pétalas cor-de-rosa dançassem pela cidade de maneira livre, sem limites. A escola em si era uma construção enorme, como um campus de pesquisa. Era uma espécie de moda no século XXI que as escolas de ensino médio pudessem ofertar qualquer tipo de atividade que ajudasse o aluno a encontrar seu caminho.

O vento soprava levando as flores, folhas e histórias. Mas quando passava por Bianca. Bem, levava as esperanças dela também.

...

-Não consigo pensar em nada agora... – Diz a menina meio tristonha.

-Então... – O garoto se inclinou para frente, como costumava a fazer quando pensava. – Devo te levar à algum lugar? – A menina corou, se virando para ele. – Claro, não vou te forçar a ir.

-Mas...

-Que tal isso? – O menino se levantou com um sorriso simples em seu rosto. Parecia bastante decidido. – Amanhã, estarei te esperando aqui às dez, então venha me encontrar, se quiser ir. Até mais. – Se despede andando em direção à saída da praça.

-O que eu devo fazer? – Pergunta a menina para si mesma, parecendo um pouco confusa. – Isso está... certo?

O gato miou alegremente, como se estivesse respondendo a sua dona, abrindo o sorriso no rosto da menina.

Primeiro AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora