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Elsa ainda não largou Jack e vice versa. Têm falado um pouco sobre tudo. Sobre o passado de ambos, sobre os poderes, pequenas competições amigáveis de vez em quando, umas piadas engraçadas, umas brincadeiras como se fossem crianças de novo, têm partilhado opiniões, gostos e preferências.

Elsa finalmente pôde perguntar diretamente o porquê do bolo não ter sido comido naquela noite, e ele pôde responder lhe com muito prazer, era o que ela suspeitava.

Ela sorri cada vez que ele ri, ele sorri cada vez que ela ri. Eles estão cada vez mais chegados. Elsa até acabou por inventar uma desculpa esfarrapada para não passar uma noite no palácio só para não ter de estar longe de Jack. E ele ficou triste ao perceber isso mas, no fundo, agradeceu.

Eles estão agora à beira da água num silêncio reconfortante. Ambos a brincar com a água. Jack corta o silêncio.

- Então... Tens falado com a tua irmã?

Elsa percebe o nervosismo do loiro e olha o.

- Não muito, porquê a pergunta?

- Ela convidou te para passares a noite no castelo e tu não foste, porquê?

- Porque não me apetecia ir. Aliás, como é que tu...?

- Como é que eu sei? Simplesmente não sou cego nem surdo, Princesa. E não me mintas, porquê?

É sentido um fio de descontentamento na voz dele. Ela fica confusa. Porque ele estaria a perguntar isto? Desconfia ele de alguma coisa?

- Porque... Porquê a insistência?

- Porque eu sei a resposta. Só quero ouvi la da tua boca.

Os olhos da Princesa arregalam se de surpresa, ela fica nervosa.

- É simples, basta dizeres o meu nome.

Ele encara a diretamente. Ela cora.

- C-como assim?

A voz dela torna se falha, ela gagueja e atrapalha se nas palavras e fica ainda mais nervosa. Ele suspira fundo, levanta se e afasta se dela. A rapariga observa os passos dele até se convencer a impedi lo.

- Jack, espera!

Ela levanta se e aproxima se dele pegando lhe na mão, ele pára no caminho mas sem coragem para a olhar. Elsa segura a mão de Jack com ambas as mãos e olha para o chão.

- Tens razão. Eu.. tenho medo que ela não acredite em ti. E que ela não te consiga ver. E que... E eu não te quero deixar. Gosto daquilo que temos, não quero perder isso. Quem me diz que não desapareces de hoje para amanhã?

- Eu. Bastava perguntares.

- Desculpa.. tens razão.

Ela prime os lábios ao ouvir o tom frio de Jack. Ele decide prosseguir.

- Já passaste por muito com a tua irmã. Ela não merece isto, não achas?

- E porque me estás a dizer isso?

- Porque já soube o que é ter uma irmã e quase perdê la tal como tu. A diferença é que foi a minha irmã que me perdeu a mim. E tu continuas aqui e continuas a não aprender com os teus erros.

Ele afasta a mão dele das dela e afasta se. A Princesa recolhe as mãos visivelmente incomodada com as palavras do rapaz.

- Onde vais? - questiona tremulamente a voz da Princesa.

- Vou dar uma volta por aí, não vou desaparecer, não te preocupes.

E depois disso a visão de Elsa não alcança mais a silhueta do rapaz.

- Ugh, que fui eu fazer?!

Elsa leva as mãos à cabeça e olha à volta, está sozinha. O nervosismo anterior de Elsa tornou se decepção e medo. De si mesma, dos seus erros. Jack tem razão. Depois de tudo, Elsa devia ter aprendido a confiar mais na sua irmã e confiar mais em si e nos outros, e a fazer as coisas de forma correta. Ou pelo menos, ela pensa assim.

Para além da líder da tribo Northuldra, mais ninguém sabe sobre Jack. Ou pelo menos, eles os dois assim acham. Alguns já se aperceberam de tudo e poucos até já o conseguem ver. A tribo passa a palavra entre si e eles começam a acreditar e a vê lo aos poucos, só que Elsa e Jack nem se aperceberam disso de tão entretidos os dois que têm andado os últimos tempos.

Jack afastou se da floresta, decidiu passear pelo reino deixando Elsa para trás pela primeira vez desde que se conheceram. Ele decide passar pelos vários comércios do reino e .. pela primeira vez, ele não vai fazer das suas. Não vai roubar nada para comer, por exemplo, pois não tem fome. Não vai usar a magia dele, não está com disposição para isso. Nem vai brincar com as crianças que parecem aborrecidas, não se sente com bom humor para tal coisa.

Ele afastou se da rapariga e a sua felicidade ficou com ela. Jack não está magoado, só acha que ela está a errar novamente e não há necessidade disso. E muito menos por ele. Ela é uma Princesa linda e respeitada por ali. Ele .. não é nada, não passa de um fantasma aos olhos de todos. Ou é, pelo menos, assim que ele vê as coisas.

Já Elsa anda de um lado para o outro quase a gastar a relva do lugar de tanto nervosismo.

Mas voltando a Jack, ele passa por uma rua, uma das principais, e a passar por ele está a Rainha Anna e o seu marido Krisoff sem guardas a acompanhá los. Jack sente a necessidade de chamar a atenção da rapariga mas logo percebe e relembra se que eles não o conseguem ver ou ouvir.

Eles parecem seguir para a floresta e ele fica curioso. Será que é por a Elsa ter negado o convite? A Anna parecia séria, meio triste talvez. O loiro em cima do cavalo sente uma presença e olha em volta perdendo o passo de sua esposa. Jack surpreende se.

- Hey.. sou eu. Aqui.

Este tenta chamar a atenção do Príncipe mas sem sucesso. Então Jack usa a magia para escrever o seu nome com o bastão no chão criando linhas de gelo.

Entretanto, Anna apercebe se que deixou Kristoff para trás e volta confusa.
Mas ele lê o que está no chão e fica intrigado.

- Jack Frost. Isso é uma história antiga. - ele fala num sussurro e Jack sorri.

Anna interrompe tudo ali um pouco aborrecida.

- Amor, vamos? Que estás a fazer aí parado? Eu preciso de falar com a Elsa.

- Ah, ahm.. desculpa, princesa. Eu vou já. - ele apronta se para voltar a andar, e Anna volta a andar na frente.

Kristoff aproveita a desvantagem.

- Hey, espero não estar a falar sozinho. Mas se és tu que estás aí, vem connosco. A Anna está preocupada com a Elsa e pelo que percebi, o motivo és tu.

Jack sorri fraco, o sorriso é por ter conseguido comunicar com Kristoff, a fraqueza do sorriso é por ter a confirmação de que o motivo daquilo tudo é ele.

- Jack Frost, estás a ouvir me? - o Príncipe sussurra e Jack aparece por trás do cavalo.

- Estou aqui. - Jack fala baixo.

- Wow... - Kristoff fica surpreso ao vê lo mas não perde muito tempo - Anda, daqui a pouco ela está a reclamar comigo de novo.

Jack assente com a cabeça e sobe no cavalo. E assim ambos seguem caminho para a floresta. Porém, nem sinal de Anna. Mas como? Aquele era o caminho para a floresta encantada? Onde é que ela se meteu? No peito de Kristoff o medo só aumentava a cada passo que o cavalo dava a seu mando.

- Anna?! - o marido chama por ela bastante preocupado.

- Será que ela seguiu mesmo por aqui? - Jack observa em volta.

- Claro que sim. Ela é cega pela irmã. Ela ia direitinha para lá. Este é o caminho certo.

- Então vai até à água, quando me afastei da Elsa era lá que estávamos.

O Príncipe assente com a cabeça e eles seguem para o local indicado.

- Elsa!

Jack chama o seu nome sentindo a sua energia, mas de um modo diferente. Ele salta do cavalo para o chão, Kristoff faz o mesmo. Ambos procuram pelas irmãs até as encontrarem.

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