Pule!

344 39 11
                                    

Capítulo com conteúdo frágil⚠️
Estou com um medo novo, uma nova preocupação na cabeça... e se eu passar anos aqui no futuro e voltar para o mesmo dia que eu parti de 1960? Eu vou estar muito mais velha que John ele provavelmente não vai me querer mais por estar mais velha.
Acordo do meu transe quando minha mãe bate na porta.
-Anna levanta, vou te levar pra uma psicóloga.
-mas.
-nada de "mas", levanta e se quiser tem café na mesa.
-não to com fome.
Contra aninha vontade eu me levanto e vou do jeito que eu estou mesmo.
Entro no carro, coloco o sinto e minha mãe da a partida.
Já se passaram três dias desde o último sonho com os números. E parece que ele sumiu, eu não sonho mais com isso, na verdade eu não sonhei com nada nessas últimas 3 noites, oque é bom eu acho.
O problema agora é ter que ir para a psicóloga, ela provavelmente vai me encaminhar para um psiquiatra se eu falar oque realmente aconteceu.
Acabo cochilando no caminho.
-Ann, acorda chegamos.-minha mãe sussurra.
-acordei.- desperto lentamente.
Saio do carro e me deparo com um prédio de espelhos que brilha com a luz do sol.
Entramos na grande construção e subimos 10 andares até o consultório. Consultório que por sinal era realmente muito chique.
Ficamos na sala de espera por alguns minutos até uma mulher negra muito bonita aparecer na porta se despedindo de um paciente.
-Anna Clark.- chamou meu nome.
-Ann, preciso que você fale oque esta acontecendo a ela por favor, estamos fazendo isso para te ajudar.
-ok eu vou.-menti.
Caminho até a porta de sua sala.
-oi você deve ser a Anna.- ela me cumprimentou.
-isso mesmo.
-eu sou a doutora Mary, pode entrar.
Entro na pequena sala, pequena mas super aconchegante. Em um dos cantos uma tem uma mesa com um computador enorme da Apple, no meio um sofá grande, uma poltrona branca e alta de frente pra esse sofá e tudo isso está cercado por muitas prateleiras com livros.
Me sento no sofá e ela se senta na poltrona.
-e então, como vai você?- ela perguntou com um sorriso caloroso.
-muito bem obrigada.- respondi com um sorriso leve. Era difícil não sorrir para uma moça tão simpática.
-sua mãe me disse que você vem passando por alguns problemas, gostaria de me contar?
-ah, não sei se você sabe mas eu sumi por duas semanas e fui declarada morta.- falei em um tom sarcástico.
-e como se sente sobre isso?- ela perguntou.
-não me incomodo, na verdade nem ligo.
-uhm, então me conte oque aconteceu nessas semanas que você sumiu.
Fiquei em silêncio.
-Anna, você pode contar quando estiver pronta, mas quanto mais você demorar mais consultas você vai ter.- ela soou em um tom amigável.
Fiquei relutante, contar ou não?
Bem, eu quero acabar logo com isso então acho que devo.
-eu viajei.
-ótimo! Para onde?
-no tempo, 1960.
-uhm, conte mais.
-quer saber... da pra ver na sua cara que você já me acha louca, vamos acabar logo com essa consulta.- falei irritada.
-não não, continue, não te acho louca, todos nós temos nossa verdade.
Me acalmei.
-depois do término com o meu namorado, eu meio que...
E então eu contei como tudo aconteceu e como eu voltei no tempo.
-você conheceu o John Lennon? Os Beatles?- ela sorriu surpresa, mas dava pra ver que ela não acreditava.
-não só conheci como vivi com eles, eles eram os meus melhores amigos, me acolheram como uma deles.- sorri ao lembrar.
-me conte como era a relação de vocês.
-ah era incrível, óbvio que era diferente com cada um deles. Paul era definitivamente o meu melhor amigo, George também. Já Stu e Pete eram amigos bons mas eu não era tão próxima.
-não se esqueceu de um? Do John Lennon?
-ah sim. Foi difícil no começo, ele é um homem complexo e fechado, mas consegui conquistar a confiança e a amizade dele... E eu me apaixonei.
-pelo visto você teve algo amais que amizade com ele.- ela sorriu.
-sim tive, ele era o amor da minha vida.
-quer me contar sobre ele?
E eu contei, me abri pra uma completa estranha. Contei tudo, sobre nossos melhores dias, sobre Hamburgo, contei absolutamente tudo.
Ela era compreensiva, mas tinha o mesmo olhar que o Nick fez para mim quando eu contei a ele. Ela não acredita.
-acredito que você se sente triste por não estar mais perto dele... é esse o motivo que está triste não é?
-sim.- respondi de cabeça baixa.
-quanto tempo passou lá com eles?
-acho que uns 3 ou 4 meses.
-mas você não sumiu por duas semanas?- ela parecia confusa.
-sim mas eu acredito que esse negócio de tempo é relativo... não sei explicar.
Ficamos em silêncio.
-Anna, já pensou que isso pode ter sido um delírio?- ela perguntou.
Aquilo me deixou furiosa.
-Como pode me dizer isso!? Como pode? Eu contei TUDO a você, eu me abri e você vem me chamar de louca?- falei irritada.
-eu não te chamei de louca eu só tenho que colocar todas as possibilidades a mesa.- tentou me acalmar.
-por favor, não me chame de louca, eu sei que isso parece mentira eu sei, mas eu também sei que isso foi extremamente real.- sentia as lágrimas vindo.
-me desculpe Anna.
-não tem problema eu não te culpo, você não deve acreditar em mim, ninguém nunca acredita.- dei de ombros.
-tem mais alguma coisa para me contar?- ela me entregou uma caixinha com papel higiênico.
-na verdade tenho sim.
Contei a ela sobre o sonho que eu tive algumas vezes, descrevi tudo detalhadamente.
-eu só queria saber oque ele significa.- falei.
-porque não tenta falar com ele?- sugeriu.
-eu não consigo falar e quando falo ele não me escuta.
-acho que tenho uma solução para isso. Tente refazer seus passos no sonho.
-como?
-se deite.- pediu.- feche os olhos e me descreva oque vê.
-não vejo nada.
-pense no sonho, procure por ele.
E eu comecei a ir fundo em minha mente a procura. E finalmente entro nele.
-eu vejo o John, segurando a minha mão.
-oque ele diz?
-disse para eu pular. Mas eu não consigo.
-porque não.
-eu não sei.-falei confusa.
-pergunte como você deve chegar até ele.
-ele não me responde.-comecei a entrar em desespero.
-pergunte de novo.
-não da!- gritei.
-Anna acho que já pode parar agora.- ela encostou em mim pedindo para eu me sentar.- se acalme.
-me desculpa.-senti uma lágrima escorrer.
-não se desculpe. Você fica muito tensa com esse sonho da para ver.
Ela fez uma pausa e me entregou mais um pedaço de papel.
-oque eu devo fazer então?- choraminguei.
-você tem que pular, quando sonhar com isso de novo se levante e pule, pule para ver oque ele quer que você veja.
-pular?
-sim pular, e não deixe a placa bater em você, se não irá te acordar.- ela falou.
Ficamos em silêncio apenas olhando uma para a outra.
-você me acha louca?- perguntei.
-claro que não Anna. Fique tranquila.- ela sorriu.- Nosso tempo acabou, mas você volta aqui sábado que vem ok?
-claro.- sorri e me levantei.
-até sábado.- ela se despediu.
-até.-sai da sala.
Fui em direção a minha mãe que esperava ansiosa para saber como foi.
-e aí?- perguntou animada.
-gostei dela.- ela acreditou em mim isso me deixou feliz.
-que bom, vou falar com ela rapidinho e já volto tá?- ela foi em direção a porta da sala aonde a doutora esperava por ela.

Fico feliz que finalmente alguém acredito em mim, pelo menos uma pessoa.
Me aproximei delas para saber se falavam algo bom sobre mim.
-vamos ter que a encaminhar para uma psiquiatra.- escutei a doutora falar, o eco da sala de espera era grande.
-mas você acha mesmo necessário?- minha mãe pergunta.
-ela está delirando.
Eu senti o pequeno pedaço de chão que ainda restava em baixo de mim desmoronar. Essa vadia mentiu para mim! Disse que acreditava!
Eu não acredito!
Estou me sentindo furiosa, como ela pode!?
Me controlei, eu não posso simplesmente estourar assim, não vou fazer isso. Então eu guardei toda essa raiva dentro de mim.
-vamos filha?- minha mãe voltou para perto de mim.
Assenti com a cabeça e fomos em direção ao carro.
-O céu esta escuro! Vem chuva por aí. - minha mãe apontou pela janela do carro.
——————
Chegando em casa fui direto pra o meu quarto, tirei meus sapatos e me deitei na cama.
Como ela pode? Porque todas as pessoas pensam que eu sou louca e que estou delirando? Eu sei que isso parece maluquice mas poxa como eu conseguiria delirar uma coisa tão longa e detalhada como essa?
O resto de esperança que tinha em mim se foi, esperança de alguém finalmente acreditar em mim e tentar achar uma solução para o meu problema... Mas parece que ninguém quer me ajudar.
O frio em meu corpo volta, a dor de cabeça aumenta e a vontade de não fazer mais nada já é maior do que eu.
Eu quero morrer.
Quero morrer! Não aguento mais isso, esse sofrimento de ter que lidar com a perda, de ter que fingir que está tudo bem sabendo que está tudo desmoronando dentro de mim. Eu sinto um vazio enorme em mim algo que eu quero me livrar.
Fecho os meus olhos e durmo, esperando que esse sentimento suma quando acordar.
Flores de todas as cores ao meu redor, um jardim enorme e lá está ele deitado ao meu lado fazendo carinho em meu cabelo.
Cantando sobre tudo oque você possa imaginar.
Ele está comigo, ele está comigo...comigo?

Acordo assustada.
Não ele não está comigo, não estamos juntos! Não estamos!
A janela do meu quarto se abriu por conta do vento, e vejo que já vai começar a chover. Então vou fechá-la.
Ao chegar perto a janela me lembro do meu sonho.
Pule!
Pule!
A solução é pular doutora? Eu não deveria pular? Isso tiraria o vazio dentro de mim, não tiraria?

Se lembrem que sempre que se sentirem como a Anna procurarem ajuda, sempre tem alguém para te ajudar e se precisarem me mandem mensagem pelo Wattpad mesmo... A solução não é pular, lembre-se disso.

Here today - John LennonOnde histórias criam vida. Descubra agora