QUANDO UMA CRIANÇA que admirava heróis com toda sua força vê a realidade do mundo, as coisas não levam um bom rumo. No caso de Izuku, ele poderia ter ignorado ou poderia ter guardado aquilo em sua memória, remoendo um ódio e desilusão maior do que deveria para uma criança. Mas isso não o tornaria alguém diferente?- Chaos Theory; Chapter Two
MIDORIYA IZUKU ainda não acreditava no que havia visto. Já haviam se passado dois dias, dois dias que vira o que lhe quebrou e perseguiu-o em seus próprios sonhos. Estava confuso, estava com raiva e estava odiando ver qualquer coisa relacionada aos heróis que tanto admirava. Dois dias atrás, ele mesmo pegou caixas de papelão e embrulhou tudo que tinha (inclusive sua coleção de itens limitados do All Might), não aguentando suportar o olhar. Apenas imaginar que o Símbolo da Paz poderia ser alguém tão horrível seu estômago embrulhava.
Nos dois dias que faltou à escola, ele encontrou um seriado de TV que porventura prendeu sua atenção. Era uma série policial, sobre um mundo onde ninguém (ninguém mesmo) tinha individualidades. Então ele viu o personagem principal na grande cena do capítulo, o confronto contra o vilão. A história por trás o surpreendeu de maneira que Izuku chegou a pensar estar ali com eles, pensar ser um deles. Mas, se identificar com o vilão pela infância difícil (que ainda vivia) e ser um vilão eram coisas muito diferentes. Se tornar um herói para corrigir a humanidade. Naquela série as pessoas não tinham nenhum tipo de poder, mas ainda salvavam vidas. Os policiais eram iguais aos heróis e a guarda era como a polícia. Não importava ser um quirkless, ele poderia ser ainda mais influente dessa forma. E traria vergonha, sabia que as pessoas iriam parar de martirizar pessoas sem individualidade se o Símbolo da Paz fosse um deles. Sentiu o único e primeiro sorriso desde aquele dia crescer em seu rosto, enquanto olhava para a caixa de papelão no canto de seu quarto. Tocou a luz de seu abajur, acendendo ele. Eram cinco horas da manhã e sua mãe Provavelmente sairia logo para o hospital. Se apressou a descer as escadas em direção do sofá, deixando a luz de seu quarto acesa.
— Izuku, o que faz acordado essa hora? — Perguntou Inko, descendo as escadas.
— Roupas. — Disse, inexpressivo. É divertido como o efeito borboleta muda alguém que parecia ser inabalável. — Quero roupas formais.
As sobrancelhas de Inko franziram em uma face preocupada. Comprimiu seus lábios pensando no que Izuku queria com roupas formais, o motivo por ele ter embalado tudo que acumulou naqueles anos.
— Roupas formais? — Perguntou, como se não tivesse entendido. Queria confirmar. Aquele era mesmo seu menino?
— Hm. — Izuku respondeu, murmurando. — Gostei quando vi em um personagem.
Inko finalmente sorriu, parecendo ter entendido. Seus olhos pareceram reluzir ao ouvir a frase do filho.
— Como aquele terno que All Might usou naquela entrevista nos EUA?
— Não. — Sua resposta fez com que a mãe vacilasse dois passos para trás, confusa. Izuku pegou o papel que estava na mesa da sala, um desenho. — Como essa.
— Izuku... — Inko de aproximou do filho e tocou seu rosto, atenta às diferenças repentinas. — O que aconteceu naquele dia?
Izuku finalmente mostrou alguma reação. Seus olhos se arregalaram com um susto, mas depois cerraram raivosamente.
— Nada. Apenas vi a verdade. Estou bem, mãe. — Inko suspirou em desistência, o que irritou ainda mais Izuku. Ela iria mesmo desistir dessa forma, como desistiu de sua própria vida por um filho quirkless?
— Assim que sair do hospital virei com roupas novas. — Disse, beijando a testa do filho. — Volto mãos tarde, okay?
— Hm.
Inko deixou a casa naquele silêncio. A manhã, depois de toda aquela conversa, já havia esquentado o suficiente para Inko soar debaixo da parka, do cachecol e das luvas que usava.
Izuku já se levantava, para se arrumar e dirigir-se à escola.×
Tudo ia de acordo com que Izuku previu. Sua inteligência era sobrenatural e poderia ser considerada uma individualidade. Izuku era de fato precoce e maturo o suficiente para que quem o conhecesse pensasse que estava diante de um adulto. Claro, ele não era tão incrível assim, visto que ainda era infantil como todas as crianças. Não tinha interesse em brincar, isso não era novidade para si (ele sempre forçou para que ninguém se preocupasse) mas seus conceitos de vingança e a forma de pensar ainda eram mal desenvolvidas.
— Hey nerd, veio mentir sobre ter conseguido mais uma individualidade? — Perguntou Katsuki, sorrindo convencido. A turma riu da piada do loiro, fazendo Izuku resmungar baixo um tsc. Bakugou então parou de rir, ouvindo o Resmungo de seu amigo. — O que foi isso, Deku?!
— Tsc — Ele repetiu, deixando a sala atônita. A professora entrou naquele momento, mas não fez questão de falar nada. Apenas continuou observando a confusão de seus alunos.
— Você quer morrer, mentiroso?! Nós vamos contar para a professora que você está respondendo! — Gritou uma das crianças. O extra de Bakugou e ele mesmo passaram a sorrir, desafiando Deku a ultrapassar o limite.
— Não tem nada de errado. — Diz Deku, sem perder a compostura. — Mas se eu reclamasse com o diretor sobre bullying, vocês seriam expulsos.
Os cochichos começaram ao mesmo tempo que Bakugou criava pequenas explosões na frente de seu colega. Ele claramente ainda não sabia controlar direito, mas sempre fora o suficientemente bom para colocar o esverdeado na linha.
— Nem tente, Bakugou. — O tom ríspido e calmo de Izuku fez Katsuki sentir um comichão na barriga. — Isso é agressão, seus pais podem ir presos sabia?
Naquele momento a professora pigarreou, chamando a atenção de seus alunos. Midoriya não fez questão de responder qualquer uma das outras crianças ou reclamar dos sussurros incrédulos sobre sua mudança. Bakugou ficou calado o resto da aula, ainda perplexo com o modo que foi tratado. Deku disse que sempre o ajudaria, não? Mentiroso, inútil, quirkless!Se Izuku não tivesse respondido, ele seria ameaçado por toda sua vida escolar. Não seria respeitado.
×
— Houve um desmoronamento. Chamaram por All Might mas ninguém respondeu o rádio. — Contava a jornalista. Izuku quis revirar os olhos com aquela matéria, sabendo exatamente o motivo do herói não ter aparecido. Ocupado demais ameaçando quem já havia salvado, talvez. — Parece que as mil mortes, inclusive civis na área do desmoronamento, foram causadas por um ataque terrorista. Ainda não sabemos qual organização é responsável. Acredita-se, pelo menos, que foi causado por uma organização de quirkless, visto que não haviam resquícios de individualidade pelo prédio.
As pessoas na rua paravam para observar as telas, assim como ele havia feito. Viu Katsuki se aproximar sozinho dele. Voltando para casa, provavelmente. Até me ver aqui, idiota.
— Huh? Você quem organizou esse incidente, Deku? Tch, quirkless como você deveriam ser mortos. — Gritou a criança, esperando que o amigo começasse a chorar, como sempre fazia. As pessoas se afastaram de Izuku como se ele fosse câncer.
— Não importa. — Izuku ergueu a mão e a abanou, como se expulsasse Katsuki.
— Você! — Katsuki ameaçou explosões novamente. — Eu vou te matar.
Izuku sorriu tristemente.
— Eu nunca pedi para estar vivo, pedi?
A fala faz com que as explosões cessasem. Katsuki então sai dali, ainda mais atônito e preocupado que antes. Não queria admitir, mas aquele inútil era importante para si.Mas a presa se voltou contra o caçador e não tinha vontade de voltar à ordem natural.
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𝐂𝐡𝐚𝐨𝐬 𝐓𝐡𝐞𝐨𝐫𝐲 | 𝐁𝐨𝐤𝐮 𝐧𝐨 𝐇𝐞𝐫𝐨
Fanfic"𝐴̀𝑠 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑎𝑝𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑜 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑏𝑜𝑟𝑏𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑚𝑢𝑑𝑎𝑟 𝑡𝑢𝑑𝑜." O mundo de Midoriya Izuku sempre foi fechado a qualquer decisão. Não tinha individualidade, isso era um fato. Graças ao seu pe...