Sem Rumo

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No início, tudo era escuridão. Então eu abri meus olhos e enxerguei um grande corredor, infinito e que se perdia de vista. Lá havia uma mesa na qual se postavam três figuras desprezíveis... "São demônios", pensei, e seus nomes imediatamente surgiram em minha mente.

Eram os três maiores príncipes do inferno. Eu estava diante de Lúcifer, Belzebul e Leviatã.

Por alguns instantes, eu fiquei fascinado por suas aparências. Não senti medo, contudo... Não, era admiração. Belzebul tinha cabeça de bode, rodeada de moscas zumbindo, unhas gigantescas que despontava das mãos e cascos ao invés de pés. Seus olhos eram vazios e escuros, como um vórtex negro, sem fundo e sem rumo. Sua respiração era como a de um touro em fúria.

Leviatã, logo ao lado, era-me igualmente fascinante: Parecia-se com um dragão-serpente, como uma enguia. Era o único deles que tinha a estética de uma criatura mitológica, pesadelo das crianças.

Ah... E lá estava ele. Lá estava Lúcifer, chifres reluzindo, dentes finos como os de um vampiro, asas membranosas. O tronco era forte e cheio de cicatrizes, como se ele tivesse acabado de se recuperar de uma guerra. Ele não era grotesco como os outros... Não. Ele era lindo. A Bíblia não havia mentido quando dissera que era o anjo mais belo de Cristo.

O motivo era claro: Eu tinha sido condenado. Eu devia enfrentar o tormento eterno, pagar por todas as coisas ruins que havia feito.

Segurando-me, haviam outros dois demônios; Estes, sem títulos, eram igualmente desprezíveis. Tinham asas de morcegos, eram enormes e seus corpos fediam como carne pútrida. Os dentes pontiagudos eram como o gume de uma lâmina, ironicamente lembrando tigres dente-de-sabre. Nas mãos, traziam tridentes gigantescos, muito maiores que seus corpos... E eu sou um pobre anão perto deles.

Prenderam-me a correntes grossas, tilintando enquanto me posicionavam de braços abertos. Eles me ordenaram... Eles me ordenaram a contar todos os pecados terríveis que eu havia cometido, em toda a minha vida no mundo terreno.

Comecei a rir descontroladamente, como um completo doente mental. Foquei meus olhos nas íris turbulentas de Lúcifer e bradei:

— Meu pai... Durante todos os anos da minha vida fiz as tuas vontades, e hoje estou aqui para entregar-lhe a minha alma! Permita-me dizer tudo de mais sujo que fiz na Terra.

— Você é uma desgraça horrenda, um sujeito sórdido. Será um prazer te ver queimando nas profundezas do meu mundo. Diga! Diga, para que todas essas almas perdidas saibam que Deus não é nada, e que suas pessoas fazem a minha vontade! — Disse Lúcifer, enquanto escrevia meu nome em um livro feito de pele humana, usando uma caneta de sangue.

Então eu obedeci. 


Meu nome é Maykon Erick

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Meu nome é Maykon Erick. Sou um psicopata, e fui condenado ao inferno por ter meu corpo dominado pelo ódio. Da minha boca não sai amor nem compaixão. Eu uso de blasfêmias, mentiras e maldições, que já causaram dor a muita gente. Tenho prazer nisso. Sinto prazer na ira, porque somente assim sou capaz de fazer o que eu quero sem precisar pensar duas vezes. E dane-se o resto. Foda-se o mundo! Ferre-se as religiões! Que morram todos os humanos! Nenhum de nós é melhor do que o outro. Todos são iguais a mim, eu só sou livre para demonstrar. Temos os mesmo sentimentos guardados em nosso subconsciente. No fundo, somos todos animais.

Dominado Pelo ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora