O mensageiro da Morte

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Sua força era 10 vezes maior que a de antes. Pela camisa, me arremessou para o banco do carro brutalmente. Fiquei em choque e sem saber o que fazer.

Novamente, ele senta no banco do motorista e desliga o carro como se nada tivesse acontecido. Liga o rádio do carro em um volume baixo e ajusta o seu retrovisor. Parecia que ele estava se preparando para uma longa viagem.

Ele dá a volta com o carro e começa a dialogar:

— Bom...parece que começamos com o pé esquerdo. — disse a coisa — Sei que tivemos um grande mal entendido. Mas, nós iremos devagar e aos poucos você entenderá o que está acontecendo e o que está para acontecer. Enquanto eu irei dirigir nos próximos 30 minutos, sinta-se à vontade para respirar e perguntar o que quiser.

— Por que você está fazendo isso comigo? O que querem de mim?

— Maykon, no mundo espiritual, nós escolhemos certas pessoas para se juntar a nós. Na maioria das vezes, pegamos certas criaturas indefesas como você para realizar as nossas obras em suas cabeças. O velho ditado "Mente vazia, oficina do Diabo" nunca foi atoa não é mesmo?

A criatura pega mais um cigarro que estava na gaveta e acende com seu isqueiro prateado. As fumaças saiam pela cicatriz enorme que havia em sua garganta e pelo furo que fiz em sua traqueia.

E ela continuou:

— Pessoas com passados sombrios tendem a ter uma cabeça perturbada e disnortiada por tantas confusões. Imagina só...ter um pai alcoólatra que lhe espanca e humilha...e uma mãe que é estuprada todos os dias e mesmo assim ainda ama o marido.

— Claro que você tem ideia disso, pois foi o responsável por isso. — Afirmei.

A criatura balança cabeça fazendo barulho com a sua boca.

— Claro que não, irmão. Nós não fazemos absolutamente com suas vidas. O TÃO PODEROSO DEUS deu a vocês a livre liberdade de fazer o que quiserem. Nós apenas nos aproveitamos disso. Você poderia ter resolvido essa situação de outra maneira. Poderia ter fugido de casa durante a noite por exemplo. Seu pai não perderia o tempo te procurando, ele mal sabia que você existia.

Olhei para a lua que estava brilhante no céu. Estava avermelhada e as nuvens estavam pesadas. As árvores passavam rapidamente e o barulho do carro aumentava mais e mais.

— O fato é que...você os matou porque já tinha vontade de fazer isso. Você já tinha um rancor de tudo e de todos pelo seu passado. É por isso que estou aqui. Eu quero apenas jogar com você antes de irmos.

— Ir para aonde? — Perguntei rapidamente.

— Aaahhhh, essa é fácil. Vamos lá, irmão! Já vimos isso em tudo que é lugar.

— Você é doente!

— Depois de tudo isso você ainda é um inocente? Eu sou um mensageiro...o maldito mensageiro da morte. Agora você tem 20 minutos para decidir quem eu vou levar comigo. Vai ser você ou a puta vadia da sua namoradinha? Talvez seja difícil pois foi a única pessoa que deu atenção e que ainda transou. — gargalhou a criatura — Mas...você não tem todo o tempo do mundo.

Ouço barulho dos meus pais no banco de trás, o que não lembrava dos bons momentos em que viviamos. Quando eu viro o rosto, vejo meu pai ensanguentado em cima da minha mãe sendo estuprada com o tiro na cabeça. Estavam pálidos e necrozados gargalhando de forma bizarra.

— Olha que festança. — Disse a coisa rindo.

— Jesus Cristo. — Disse eu chorando com o rosto na janela.

Sinto uma mão tocando no meu ombro. Quando viro novamente, vejo o meu pai biológico com uma espingarda na mão direita.

— Quer sair dessa filho? Faça como eu.

Ele pegou a espingarda e atirou na sua cabeça. Seus miolos e restos da massa cefálica se espalharam por todo o carro. Eu fiquei surdo por um momento com as mãos no ouvido.

A coisa ria bastante e o carro acelerava cada vez mais.

— Quer ver como a alma da sua mãe está? Preste atenção.

A coisa botou a sua mão nos meus olhos e enxerguei a pior coisa que um ser humanos podia ver. O corpo da minha mãe estava em uma cruz invertida com 5 demônios tirando vários fetos em seu ventre. Seus braços eram cumprídos com unhas super afiadas que eram inseridas brutalmente nela.

— Vamos, Maykon! Você não tem muito tempo. — Disse a minha mãe rindo enquanto meu pai a estuprava atrás do carro.

— É melhor ouvir ela. — disse a coisa — Se não terei que levar os dois.

Com o tormento das vozes dentro daquele carro, não consegui pensar direito no que eu diria. Eu olhava para a estrada não conseguia pensar nada além da hora em que as luzes da cidade começariam aparecer.

Eu não queria que a Mary pagasse pelo erro que cometi. Ela seria a única pessoa que mudaria a minha caminhada caso eu consiga escapar desta noite.

Minhas lágrimas estavam escorrendo e forçava a minha face cada vez mais sobre a decisão. Estava com a adrenalina extremamente alta. Eu já não sentia as pernas.

— Maykon — perguntou a coisa — O tempo está acabando. Você precisa escolher.

As luzes da cidade se revelaram ao fim do horizonte escuro.

— Até perto da morte você continua sendo um imbecil. — Disse o meu padrasto morto.

Comecei a pensar sobre a minha vida. O que eu poderia mudar e conquistar depois desse pesadelo infernal. Se eu estava realmente certo em salvar uma pessoa que nem me conhece direito. Não poderia jogar a minha vida fora depois de tudo isso. Seria...com certeza...uma bela história para contar.

— POR FAVOR ME TIRA DESSE CARRO! LEVA MARY TÁ BOM? LEVA ELA! — Gritei.

A coisa jogou o cigarro pela janela do carro, beijou o meu rosto e olhou nos meus olhos dizendo:

— Bons sonhos, Maykon.

Ele abriu a porta do carro rindo e me atirou com o carro em movimento.

Meu corpo girava bastante. Não conseguia parar até bater em algum tipo de porte.

Eu apaguei e dormi por um bom tempo. Estava sozinho, com frio e sem ajuda.






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