Lugar errado na hora errada (Part 2)

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Nós ficamos deitados no sofá enquanto nos conheciamos mais um pouco. Ela era uma pessoa boa e bem diferente do que eu imaginava, ficamos até de madrugada conversando e bebendo sem ver o tempo passar. A morte tinha desaparecido, eu não demonstrei nenhum tipo de nervosismo para ela não desconfiar.

— Olha...eu teria me arrependido se eu recusasse esse encontro. — Falei para ela.

— Eu que tenho de agradecer. Eu não estava muito bem nos últimos dias. Meu dinheiro não esta rendendo muito e a minha mãe está internada.

— E o que ela tem?

— Câncer no esôfago.

Eu acarenciava o rosto dela que estava encontado no meu peito. Aqueles olhos fechados enquando se expressava demonstrava segurança de sua parte. Realmente, estava confortável ao meu lado.

— Desejo melhoras para ela. — Disse eu.

— Tudo bem. Sei que você não pode fazer nada para mudar isso. Isso não tem nada haver com você.

Essas histórias eram insignificantes para mim na infância. Eu sempre ignorava como um simples drama clichê de uma novela qualquer em um programa de tv. Agora, nunca pensei que sentiria na pele o que é perder uma mãe, ainda mais no meu caso. Lembrar o sangue dela nas minhas mãos e da risada sinistra do meu pai ao ver o corpo dela vão ser levadas para o túmulo comigo.

— Está tarde, é melhor eu ir. — Afirmei.

Ela perguntou se eu não ia dormir em sua casa. Eu falei que havia de fazer algumas coisas no meu quarto no Motel para amanhã de manhã. Ela me abraçou e me deu um beijo molhado antes de sair.

Vesti a minha roupa e me direcionei até a porta de saída. Era 03:00 Hrs da manhã e não havia ninguém nas ruas.

Quando eu dei alguns passos, lembrei que havia deixado o meu casaco no sofá dela. Retornei para poder pega-lo de volta ví que estava na mão dela com uma foto na mão esquerda.

— Quem são eles? — Perguntou ela referindo-se à foto.

Aquela foto era um pequeno retrato dos meus pais. Eu levava ele no bolso como a única lembrança que tinha deles.

— São...

— São seus pais não é? — perguntou ela me interrompendo — Eu ví eles na televisão. É aquela família que morreu no interior do Texas.

Ela começou a se exaltar e me aproximei nela lentamente com os braços erguidos.

— Não é o que você está pensando. — Falei.

— VOCÊ MATOU ELES?

— Deixa eu te explicar por favor!

— VOCÊ É A PORRA DE UM ASSASSINO!

Eu avancei nela segurando seus braços enquanto ela debatia.

— É POR ISSO QUE VOCÊ FOI SE HOSPEDAR NO MOTEL. VOCÊ ESTÁ SE ESCONDENDO DA POLÍCIA.

Ela deu um chute no meio das minhas penas que me imobilizou por completo. Me retorci de dor no chão enquanto ela corria para a calçada pedindo socorro. Se eu continuasse daquele jeito, não demoraria para a polícia me pegar naquela noite.

Me recuperei aos poucos e fui correndo atrás dela. Eu ainda não estava sem porcento. Praticamente me arrastava pelas ruas atrás dos gritos.

O bairro dela era calmo e não tinha muitas casas por perto. Dessa forma, seus gritos eram difíceis de escutar.

Consegui alcança-la e a derrubei. Fiquei em cima dela pressionando seus braços no chão para explicar o ocorrido.

— Não foi porque eu quis. — expliquei sussurando — Meu pai me espancava e estuprava a minha mãe todos os dias. Quando eu ia mata-lo, a minha mãe se jogou na frente e a bala pegou na cabeça dela.

— ISSO NÃO TE FAZ MENOS ASSASSINO SEU DESGRAÇADO. EU TE LEVEI PARA DENTRO DE CASA.

Tapei a boca dela com força enquanto ela me batia.

— Eu sei que não justifica o que eu fiz, mas você tem que entender o meu lado. Se eu não fizesse isso, eu estaria morto agora. — afirmei — Por favor não conta pra ninguém, eu preciso saber mais sobre mim mesmo. Nem isso eu sei porque meu relacionamento com eles sempre foi um inferno desde que eu nasci.

Ela começou a se acalmar havia parado de me golpear. Soltei a boca dela com calma para não entrar em pânico.

— Como posso acreditar em você depois de tudo isso? A polícia está por toda a parte te procurando.

— Na verdade nem eu sei. Eu estou em uma enrrascada e até agora não sei o que vou fazer.

Ouvi o barulho de um carro chegando, muito semelhante ao Cadillac do meu irmão. Sim...era ele acompanhado com aquele odor estranho.

— Levanta, rápido! — Falei para ela.

Nos levantamos rapidamente até o John parar o carro na nossa frente.

— Eae irmão. Então e esse o imprevisto que você disse que tinha? — Disse ele dando uma risada.

— Esse é seu irmão? — Perguntou ela.

— Sim. Temos que sair. — Afirmei.

— Vamos Maykon! Temos que organizar as coisas.

Mary ficou espantada e queria me dizer algo, mas o John estava apressado.

— Obrigado por cuidar dele, senhorita.

John acelerou com tanta força que o pneu fritou no asfalto. O ronco daquele Cadillac fez eu esfriar.

— Vamos agora na casa daquele cara. — Disse ele.

— Você está bêbado? Eles estão dormindo nessa hora.

— Eu não estou a fim de sair amanhã. Quero terminar isso hoje.












Dominado Pelo ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora