Lua de Sangue

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Eu estava sem rumo e sem esperanças. Eu viajei o mais longe possível da minha cidade para não ser preso até o anoitecer. Eu não tinha notado que o carro estava velho e com alguns problemas no motor e na gasolina, então ele parou de funcionar no meio da estrada em uma madrugada gelada, o que era muito arriscado com o dinheiro que eu estava guardando.


Abri o motor e passei mal de tanta fumaça que saia. O motivo era que o tanque de água que refrigera o motor havia secado. Fiquei em meio a estrada tendo que passar a noite lá mesmo.


Prestes a entrar no carro, um farol muito forte apareceu com uma velocidade assustadora, até eu reparar que era um caminhão de carga. Dava para saber que não eram amigáveis naquele horário, isso me fez entrar rapidamente me abaixando na poltrona do carona.


O caminhão para imediatamente ao lado do carro. Parecia deteriorado e enferrujado.


Haviam dois homens, um armado com uma espingarda e um motorista. Eles desceram do caminhão para olhar o meu carro. Eu estava ofegante e tentei parar a respiração antes que me encontrassem.


O motorista, estava olhando as minhas bagagens que estava no porta malas. Ele tinha um chapéu de fazendeiro e com um porto físico forte, suas roupas tinham manchas de terra e uma bota bem deteriorada.


O segundo homem com a espingarda tinha um porte físico mais gordo com uma roupa semelhante ao primeiro, diferenciado apenas por uma jaqueta aberta velha. Ele tentou abrir a porta do carro, porém estava travada e com os vidros fechados.


— Achou alguma coisa ai? — Perguntou o homem com a espingarda.


— Nada. É uma pena uma belezura dessa ficar parada aqui. Parece bem velha. — Respondeu o motorista.


O homem com a espingarda quebrou o vidro da frente e vasculhou a chave de contato do carro. No momento em que ele sentou, eu me levantei entre o banco da direção e a do carona lentamente para enforca-lo com uma corda velha. Eu estava com medo dele conseguir escapar e me matar ali mesmo, mas tive que correr o risco. Eu não tinha muita escolha.


Com as duas mãos, prendi seu pescoço pressionando-o na poltrona. Foi inútil. Eu me esqueci o motorista atrás do carro.


O motorista me jogou para fora do carro e me acertou vários socos no rosto. Tentei levantar mas estava tonto demais com o sangue em meu rosto.


— Desgraçado! Filho da puta! Eu deveria estourar a tua cara, seu merda! — Disse o homem com a espingarda.


— O que pensa que está fazendo seu miserável? Por acaso tá escondendo algo de valor? Com esse carro não duvido isso de você. — Perguntou o motorista me jogando contra o carro.


— Olha só o que eu achei na gaveta Larry. 500 dólares gritando para nós. — Disse o homem da espingarda.


— Guarde Joey! Dá para levar umas belas putas com a gente com isso. — ordenou Larry — Parece que eu adivinhei não é?


— Me larga seu pedaço de bosta! Pega logo esse dinheiro e vai embora! — Falei enquanto tentava me soltar dos braços de Larry.


— Devia lavar mais essa boca! Mas não seja por isso. Eu vou dar um jeito em você.


Larry era um estuprador da espécie do meu pai. Ele tentou tirar a minha roupa, mas acertei um soco em seu rosto a tempo e corri para o meio das árvores ao redor da estrada para cortar a pista.


Os dois homens entraram no caminhão e aceleraram para a floresta. Corri o mais rápido que pude e podia ouvir o barulho do caminhão se aproximando cada vez mais. Os homens gritavam como animais para me matar com uma sede de sangue muito grande.


Ouvi um disparo que atingiu uma árvore ao meu lado. Tropecei em um galho com o susto e continuei com a calça rasgada.


Tentava enxergar algum tipo de buraco ou para me esconder dos faróis do caminhão, mas nada havia naquela escuridão.


Segui em frente e encontrei uma espécie de lixão. Havia vários carros velhos e alguns eletrodomésticos grandes como geladeiras, freezers etc.


Me abaixei ao lado de um carro enferrujado. Pela brecha da janela, ví que os homens desceram do caminhão e entraram no lixão correndo. Estavam fazendo provocações e me chamando como algum tipo de cachorro ou servo em uma caça.


— Aparece sua vagabunda! Deixa eu arrancar a sua cabeça fora! — Disse Joey carregando a espingarda com duas balas.


Ouvi pequenos passos perto de mim que pareciam ser do Larry. Então, peguei uma barra de metal que estava preso na porta do carro enferrujado e prendi a respiração recuando mais um pouco.


Larry estava com uma faca velha e andava lentamente.


Ele passou pelo carro sem me perceber e quebrei os joelhos dele. Ouvi os ossos quebrando com toda força que fiz.


Larry deu um grito bem alto antes de eu golpea-lo na cabeça enquanto estava no chão.


Joey correu na minha direção e disparou a segunda vez. Consegui desviar e me escondi novamente.


Enquanto carregava a espingarda mais uma vez, eu tentei golpe-lo na cabeça. Ele se desviou e acertou uma coronhada no meu nariz.


Segurei a minha dor e tentei arrancar a espingarda da sua mão empurrando-o contra uma carcaça de ônibus. Dei uma joelhada no meio das pernas e mirei a arma na sua cabeça prestes a apertar o gatilho.


Eu atirei e os miolos do verme voaram por toda a minha roupa. Fiquei espantado com a cena me tremendo levemente. Uma verdadeira cena de terror em meio a uma floresta escura com uma lua cheia assustadora. Talvez poderia considerar como uma lua de sangue com toda aquela carnificina. Pelo menos, os 500 dólares estavam intactos.


Tive que continuar a minha viagem com o caminhão deles. Apesar de todo o ocorrido, a imagem daquele morte em minha casa não saia da cabeça. Acredito que isso me atormentará por muito mais tempo. Não sei o que está planejado para o meu futuro, mas com todas as historias que conheço, o meu não será uma das melhores.


Dominado Pelo ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora