Eu já estava bem distante do bar onde os outros lobos bebiam, e naquele momento me encontrava de frente com ela, aquela criatura grotesca, pálida e faminta cuja roupa manchada com o fúlgido do sangue chamou-me a atenção.
Conforme a mulher de longos cabelos ruivos dava um passo à frente, pude vê-la melhor, onde seus olhos escarlates terminavam de denunciar sua origem. Ela parou a poucos metros de distância.
- Não sou uma refeição pra você, vampira. - Rosnei.
- Percebi um pouco depois de sentir esse cheiro horrível. - Ela respondeu torcendo o nariz. - Espero não ter que me preocupar com você me atrapalhando. - A criatura dobrou os joelhos tomando uma posição ofensiva.
- Tente a sorte.
Respondi cerrando os punhos. Mesmo que meus reflexos estivessem um pouco comprometidos devido aos efeitos do álcool, eu ainda estava disposto a lutar, meu coração se acelerava, sentia o sangue passar com fervor por minhas veias aumentando ainda mais a temperatura corpórea.
- Então podemos brincar um pouco. - Desafiou seguido de um assobio e estalar de dedos - Vem, cachorrinho!
Assim que ela correu vindo de encontro a mim, acelerei o passo para que nos chocássemos. Eu estava tão quente, que era como se meu corpo estivesse prestes a entrar em combustão, tomando-me por inteiro.
A transformação ocorreu antes que ela pudesse me alcançar, surgindo com a minha forma lobo. Tentei abocanhar seu tronco para terminar com tudo mais rapidamente, mas a criatura era ligeira e desviou antes eu a pegasse.
Estávamos em posições opostas, então se virou para correr e eu a persegui afim de impedi-la, pois mesmo que ela estivesse na zona neutra, ainda assim era uma vampira que se alimentava de humanos, então poderia causar o caos em pouco tempo na cidade.
Foi quando chegamos próximos do Píer, e não enxerguei mais ninguém. Olhei para os lados naquela zona escura e tentei me ater ao som, mas somente a quietude tomava conta do ar.
Então, antes que eu pudesse retornar, fui surpreendido ao sentir um peso sobre as costas. A mulher havia pulado sobre mim e envolveu seus braços ao redor do meu tronco. Aquele provavelmente seria meu fim, devido sua força. Porém, antes de ser pressionado, atirei-me ao chão rolando por cima dela afim de tirá-la.
Quando estivemos novamente em posições opostas, um de frente para o outro, a vi sorrir para algo que estava atrás de mim. Sem ter tido a chance de me virar com antecedência, meu corpo foi erguido, onde as patas não alcançavam mais o chão.
Debati-me para me livrar, mas sem sucesso, pois o outro vampiro pressionou-me entre seus braços causando uma dor intensa, onde era audível o barulho de cada osso se repartindo num estalar.
Assim que ele afrouxou os braços, pude dar um último golpe abaixando a cabeça para trancafiar seu antebraço entre as presas numa mordida, aleijando-o.
Voltei a minha forma humana tremulando de dor no chão. O impacto fora tão grande, que era como se minha visão se embaçasse para amenizar a agonia, e o único sentido que permanecia intacto era a audição.
O homem gritava olhando para seu braço decepado, enquanto a mulher se aproximava de mim. Ela se abaixou e abriu um sorriso tão largo que pude ver suas presas e os olhos flamejantes com a satisfação em me ter sofrendo.
- Foi divertida a brincadeira, pena que não durou muito tempo. - Pouco se importou com o outro, pois aquele parecia ser apenas um capacho dela.
Não tive condições de responde-la, na verdade, acreditei ser o meu fim. Morreria ali, sozinho, angustiando em dor.
Então, surpreendi-me, quando vi a aproximação de outro. Ele agia de forma tão rápida que era como se cortasse o ar em cada movimento.
Eu já não conseguia mais enxergar a figura da pessoa que parecia me ajudar, ainda mais por ele ter entrado em conflito com os outros dois vampiros, os movimentos eram tão ligeiros que se assemelhavam a vultos.
Ele matou a mulher arrancando-lhe a cabeça e ateou fogo, entretanto, o homem escapou, mas não iria tão longe visto que estava prejudicado e provavelmente daria de encontro com alguém a alcateia no caminho.
Antes de perder a consciência, vi suas írises cor de âmbar irem de encontro as minhas. Seus lábios se moviam como quem dissesse algo, mas eu não ouvia mais, o som era abafado. A última coisa que percebi foi o toque de suas mãos frias sobre meu corpo.
Desmaiei.
Assim que abri os olhos novamente, notei meu tronco enfaixado e alguns curativos sobre o peito. A dor era menos pior, mas ainda assim eu sentia.
Pensei estar alucinando quando olhei ao redor e notei um lugar diferente. Eu permanecia deitado em um quarto de paredes brancas, com diversos livros, espalhados tanto pela estante quanto no chão, e ao olhar para a enorme janela onde a paisagem eram árvores de pinheiro, reconheci a figura parada em frente a ela.
Era Edward Cullen, e eu estava em sua cama
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NOTAS DA AUTORA: Gostaram, mores? se sim, deixem o votinho bacana, isso motiva demais! já já irei responder os comentários anteriores, só estou um pouco enrolada.
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Antes da meia-noite [CONCLUÍDA]
FanfictionSinopse: A rivalidade entre lobisomens e vampiros é antiga e conhecida entre as criaturas sobrenaturais de Forks. Jacob, que sempre teve repulsa aos frios, nunca imaginou que após uma noite de ataque teria sua vida salva por quem considerava ser seu...