Historicamente inimigos

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Cocei os olhos pensando se estava vendo corretamente, se aquilo tudo não passava de um sonho, pois parecia irreal demais, mesmo que a dor ainda estivesse latente em meu corpo.

Edward Cullen, aquela criatura vampiresca asquerosa, parou de admirar a paisagem e virou-se para mim abrindo um sorriso sutil dando somente dois passos à frente, então pôs os dedos sobre o nariz:

- Como se sente?

- Edward, onde estou?! - Questionei esperando que a resposta fosse qualquer uma, menos a que ele me deu.

- No meu quarto.

Bufei em raiva e sacudi a cabeça em negação.

- Você é idiota?!

O vampiro abaixou a mão que estava sobre o rosto, e então ergueu as sobrancelhas com uma feição de confusão:

- Hum...de nada?

- Por que me trouxe para cá? - Ajeitei-me sentando na cama - Edward, você sabe que eu não posso ultrapassar pra essa parte da floresta, ainda mais estar numa casa cheia de vampiros.

- Eu não poderia pisar no outro lado, então creio que o mais sensato foi te deixar aqui onde pude cuidar de você. - Ele suspirou, então encostou-se na estante encarando-me - Não precisa se preocupar com isso, eu fiz de tudo pra entrar sem ninguém me ver e disfarçar esse seu cheiro horrível.

- E-Eu não entendo...por que me ajudou? Nunca nos gostamos. Somos historicamente inimigos.

- Porque foi o certo a se fazer, não? - Inclinou o rosto para o lado - Eu estava passando por perto quando ouvi os seus gritos, então fui ver o que era. Além disso, aqueles seus inimigos são os meus também, já que esses vampiros jovens só servem para trazer a discórdia, principalmente em uma cidade pequena. - Desviou o olhar para a janela.

Soltei uma risada em nervosismo, seguido por um gemido de dor, já que as costelas quebradas comprimiam os pulmões.

- Obrigado, mas, não posso ficar aqui por muito tempo. Os outros lobos sentirão a minha ausência.

- Não deve demorar muito pra você se recuperar... - Ele proferiu se aproximando, então se sentou ao meu lado. - Aprendi algumas técnicas de redução de fratura com o Carlisle, colocando os ossos minimamente no lugar. Foi fácil, já que você ficou desacordado por um bom tempo. Além disso, sua ossificação é acelerada, então deve melhorar logo. - Disse inspecionando meu corpo com os olhos.

- Eu espero que sim, pelo menos até o final da noite.

Com certeza. Enquanto isso, descanse. - Pediu - Vou só refazer os curativos do seu peito pra evitar qualquer infecção.

Assenti, então reclinei meu corpo colocando a cabeça sobre o travesseiro enquanto o vi mexendo em uma caixinha branca, tirou dali algumas gazes, esparadrapo, além de um vidro amarronzado que deveria ser algum antisséptico.

Era estranho estar no quarto de um vampiro, e mais estranho ainda era ter uma cama.

- Eu poderia jurar que vampiros não dormiam... - Disse vendo ele voltar com os itens colocando-os no chão próximo a mim.

- Mas nós não dormimos. - Retrucou.

- Então por que a cama? É pra ficar mais bonita a decoração? - Debochei.

Ele riu, então pegou o vidro destampando-o

- Interessante saber que a única coisa que você faz na cama é dormir, Jacob.

Arregalei os olhos em surpresa. Por ser tão cordial, eu não imaginava que ele poderia dar uma resposta ousada daquelas. ''Edward Cullen é um pevertido...'' pensei.

- Mas quem está pensando em perversões é você. - Lançou um olhar desafiador.

- Dá pra sair da minha mente? - Rosnei.

- Desculpe.

O vampiro se aproximou um pouco mais inclinando-se sobre mim deixando-me apreensivo sobre como nossas respirações se encontravam, então seus dedos gélidos tocaram em minha pele eriçando os pelos do meu corpo.

Tremi me encolhendo conforme o toque.

- Estou te machucando? - Ele perguntou removendo o curativo.

- Não é isso, mas, sim nervosismo. A frieza de suas mãos em minha pele traz uma sensação um pouco... desconfortável.

- Eu imagino, porém, não há o que se fazer. Preciso limpar isso, Jacob. Vai ser rápido, tá bom?

Assenti com a cabeça fechando os olhos. Eu não conseguia enxergar o que ele fazia, mas a cada movimento que suas digitais traçavam sobre meu peito traziam uma sensação diferente, como se fosse um choque térmico.

Ao fim ele recolheu as mãos e eu tomei coragem para erguer as pálpebras encarando-o novamente.

- Prontinho. - Sorriu.

- Agradeço. - Disse me sentando na cama novamente e tentando me apoiar na estante para levantar, tendo dificuldade. Assim que me ergui, o homem abaixou a cabeça. - O que foi?

- Jacob, você...está pelado. - Levou uma mão sobre a testa. - Não que eu não tivesse visto antes, mas com você consciente é outra coisa.

Senti tamanha vergonha que era como se o sangue tivesse subido para meu rosto deixando-me levemente avermelhado. Peguei o lençol com uma mão para enrolar sobre a cintura.

- Já pode olhar agora... - Comentei baixo. - Posso ir embora com esse lençol?

Edward me observou com as sobrancelhas franzidas e os lábios trêmulos como quem se esforçasse muito para segurar uma risada.

- Eu te dou uma roupa. Não se preocupe com isso... - Ele disse indo até o armário e tirou dali uma blusa preta e uma bermuda jogando-as sobre a cama.

- Não preciso da camisa.

- Seria bom pra cobrir o ferimento. Evita que alguns bichos possam pousar...

Concordei e dei um sorriso sutil. O homem se virou para que eu pudesse colocar as roupas.

- Espero poder estarmos quites um dia, Edward.

- Não precisa disso. - Respondeu de costas para mim. - Você acha que consegue sair pela janela?

- Creio que sim. Vai doer um pouco por conta do impacto, mas é melhor que nada.

Fomos juntos até a janela, da qual ele abriu. Seus olhos alternaram entre mim e o solo, provavelmente pensando no que daria caso eu pulasse do segundo andar.

- Tem certeza que não precisa de ajuda? - Questionou com uma feição preocupada.

- Sim. - Respondi me apoiando sobre a base e sentindo o vento bater no rosto. Pulei tentando absorver o impacto com os joelhos, mas acabei caindo no chão logo em seguida. Assim que me levantei e olhei para cima, vi o vampiro me encarando, então acenei em despedida.

Logo comecei a caminhar floresta adentro para voltar para casa. Nunca imaginei que Edward teria uma atitude daquela, muito menos que nos reencontraríamos depois disso.

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NOTAS DA AUTORA: Prontos para verem o desenrolar desse romance? rs, se curtiram, deixem aquele voto bacana, isso me motiva demais!

Antes da meia-noite [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora