O passeio pelo museu

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        Blá Blá Blá, aquela instrutora que mais parecia uma múmia continuava falando sobre uma estátua grega super importante para a história da humanidade, que não estava nem aí. Preferia continuar em casa com meus fones de ouvido olhando para o teto.

        — Thomas?

        Distraído demais, não ouvi Nana me chamar.

        — Thomas?! - agora ela me balançava.

        — Que? Oi?

        — Que distração, presta atenção no que a velha tá falando.

        — Não to nem aí pra uma estátua.

        — Não estamos mais falando da estátua.

        Realmente, quando olhei para a múmia viva na minha frente, ela não falava mais da estátua, mas dessa vez apontava para um quadro com a imagem de um homem com grandes asas com uma mulher deitada em seus braços.

        — Alguém sabe quem está sendo representado aqui? - perguntava a mulher com aquela voz da vendedora da Top Therm. - Ninguém? Você na frente, Thomas, não é?

        Porque logo eu? Porque eu tinha que usar aquele crachá tosco pra ela me reconhecer de nome? Com tantos idiotas nessa sala, porque eu?

        — Sim? - fingi interesse.

        — Você sabe quem está sendo representado nessa imagem?

        — Morfeu.

        — E quem é Morfeu?

        — Morfeu é o deus grego dos sonhos. Ele vinha lhe visitar em seus sonhos com a forma da sua pessoa amada. Daí surgiu a expressão "dormir nos braços de Morfeu", pois quem sonha com Morfeu, com certeza tem uma bela noite de sono.

        — Correto.

        Pude ver as veias de ódio se formarem na sua testa, enquanto ela quase quebrava uma caneta entre os dedos. Sem dúvida ela não esperava por essa.

        — Pensei que não se importasse com essas coisas. - perguntava Nana.

        — Sim, mas Morfeu é diferente.

        Foi então que quando a turma se deslocou que pude ver um garoto escorado em uma pilastra me observando. Ele tinha mais ou menos 1,70m de altura, um pouco mais baixo do que eu, sua pele era muito branca e seus cabelos negros curtos e levemente arrepiados na frente combinavam perfeitamente com seus enormes óculos hipster. Ele me olhava com um misto de admiração e curiosidade, mas disfarçou e começou a andar assim que percebeu que eu o observava também.

        — Quem é aquele? - eu puxava Nana para perguntar.

        — Hmm... não sei. Mas conheço ele de algum lugar. Acho que ele é do primeiro ano, mas não sei o nome.

        — Ah.

        — Por quê? Interessado? Posso te conseguir ele. -dizia Nana já saindo rumo ao garoto.

        — Eiei! - eu a puxava pelo braço. - Prefiro não. Só porque você sabe que sou gay não quer dizer que eu deva sair dando em cima de qualquer um assim. A gente não conhece ele e nem sabe se ele é gay também.

        — Bem, do jeito que ele tava te olhando...

        — Então você também percebeu?

Morfeu (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora