Lar, doce lar

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Gizelly encaixou a chave na fechadura e a girou com cuidado, fazendo o mínimo de ruído possível. Era domingo de manhã, Rafaella ainda devia estar dormindo. Ela estava muito feliz de ter conseguido adiantar seu voo, aqueles quase dez dias longe de Rafa tinham sido um verdadeiro suplício. Mesmo tendo sempre agendas muito cheias, elas sempre voltavam uma para outra, todos os dias. Mesmo sempre viajando, as viagens normalmente eram mais curtas, quando iam visitar a família sempre iam juntas ao Espírito Santo ou a Goiás, e o período mais longo que ficaram fora de casa foram as duas viagens para a Moçambique, mas elas também tinham ido juntas.

Rafaella continuava firme com seus trabalhos como influenciadora digital, ela era a cara de diversas marcas incríveis, socialmente e ecologicamente conscientes. Os trabalhos sociais também continuavam caminhando e evoluindo e ganhando mais apoiadores a cada dia, os bazares haviam crescido e agora aconteciam em vários estados do Brasil; a comunidade Espalhe a Luz havia sido entregue na última viagem que elas tinham feito e agora elas estavam se preparando para visitar a Angola, onde havia uma pequena comunidade que seria o próximo local que a ONG iria atuar.

Gizelly agora ajudava Tato, o irmão de Rafa, na parte burocrática e legal dos trabalhos sociais e eles eram uma super dupla. Ela também estava trabalhando em muitas outras coisas. Sua amiga Manu vivia comentando que não sabia como ela dava conta. A verdade é que Rafa tinha uma vida acelerada, mas a vida de Gizelly, não tinha medidor de velocidade que acompanhasse. Seu canal no YouTube havia crescido muito, ela agora tinha dois quadros semanais que dirigia e apresentava sozinha ou com convidados especiais, um sobre sua vida pessoal (do qual Rafa participava vez ou outra), e um quadro descomplicando a advocacia, onde ela explicava passo a passo o trabalho de apoio que ela faz com a população carcerária feminina e outros temas relacionados à área (como a boa militante que ela sempre foi). Seu trabalho social com as mulheres encarceradas cada vez alcançava mais pessoas e recebia mais apoio, e ela ainda arrumava tempo para fazer uma #publi no Instagram vez por outra.

A advogada sentiu o cheirinho da sala que lembrava o perfume de Rafaella e sorriu, que coisa gostosa a sensação de chegar em casa. Elas eram tão, mas tão felizes ali naquele apartamento e há tanto tempo que parecia que nunca tinha existido uma vida antes de serem elas duas, juntas, uma pela outra.

Ao olhar ao redor, Gizelly entendeu porque o cheiro de Rafa parecia tão forte ali, ela estava cochilando deitada no sofá. A televisão estava ligada em um desenho animado que Gi não se preocupou em identificar. Deixou a mala aí próximo da porta mesmo e tirou os sapatos para não acordar Rafa ao caminhar. Se aproximou, sentou na borda do sofá com cuidado e acariciou suavemente o braço e a bochecha de Rafaella, despertando-o com cuidado.

- Tô sonhando? – Rafaella perguntou com voz de sono.

- Cheguei mais cedo – Gizelly explicou sorrindo – consegui adiantar meu voo, não tava aguentando mais de saudade.

Rafaella levantou o corpo para abraçar Gizelly pelo pescoço até o ponto de quase sufocá-la e passou o nariz pelo cabelo, pelo rosto e pelo pescoço dela buscando gravar aquele cheiro que ela tinha sentido tanta falta.

- Que saudade que eu tava de você, pareceu uma eternidade – Rafa comentou sorrindo – quase nem dormi de ansiedade, acordei cedo, vim pra cá ver TV e acabei agarrando no sono. Que horas são?

- Dez horas, meu amor – Gizelly respondeu.

- Vou fazer almoço pra gente – Rafa retornou – deixei umas coisinhas separadas pra fazer lasanha do jeito que você gosta, com macarrão de verdade, carne moída e um monte de queijo.

- Cê sabe me agradar – Gizelly sussurrou, mordendo o lábio inferior.

- E essa cara de safada? – Rafa perguntou, olhando desconfiada para a namorada.

Até que enfim (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora