Uma lua de mel diferente

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(Informação externa à fanfic logo de cara para não gerar desinformação: a ONG que a Rafa é parceira, Missão África, só trabalha em Moçambique, eu decidi utilizar Angola por questões de conhecer um pouquinho mais sobre o país).

- É possível que eu ainda tenha álcool no sangue da nossa festa? – Gizelly perguntou ao se jogar na cama do hotel.

- Não, amor – Rafaella respondeu, rindo – impossível, você só tá cansada da viagem.

- Não sei se tô pronta pra conhecer mais uma comunidade, sabe? Ficando aqui na capital é ainda mais notável a desigualdade, tanta riqueza nesses bairros aqui próximo da praia, e saber que há umas horas daqui tem gente morando no lixo, sei lá, até lembra São Paulo.

- Já ia comentar – Rafa retornou – parece mesmo que a gente tá em São Paulo, só que com praia. É o que eu sempre falo, cê viu quanta riqueza? O custo de vida é altíssimo aqui e tem gente que vive no luxo, ou seja, o problema é a desigualdade, a distribuição de renda que é terrível, como no Brasil.

- Cê tá nisso há dez anos com a ONG, eu tô há menos de três e toda vez eu sofro, toda vez que a gente vem. Acostuma, amor? Acostuma algum dia? – Gizelly perguntou chorosa.

- Acostuma não – Rafaella deitou na cama e puxou Gizelly para deitar em seu peito – mas a gente faz o que pode, o melhor que a gente pode fazer. Acho que ver a dor do outro também cala a nossa um pouco.

Gizelly se esticou, virou para Rafaella, apoiou o braço sobre o peito dela e sobre seu braço, apoiou o queixo. A olhou por uns segundos e percebeu o coração dela batendo debaixo de sua mão.

- Eu admiro tanto você – Gizelly, por fim, falou – não é só ser apaixonada não, que isso eu definitivamente sou e cê sabe. Mas admiro mesmo quem você é, esse teu coração que tá batendo aqui, teu jeito de olhar pro outro.

- Para, assim cê me deixa sem jeito – Rafa cobriu o próprio rosto com uma das mãos e sorriu – obrigada por ter topado essa ideia comigo. Tato nem acreditou quando eu falei que a gente tava querendo vir pra cá conhecer a comunidade que vamos trabalhar, bem na nossa lua de mel. Ele já tinha separado não sei quantas opções de lugares que sabia que a gente ia gostar.

- A gente já viajou tanto junto, né? – Gi falou, lembrando de todas as viagens a passeio que elas haviam feito nesses mais de dois anos juntas – e a gente vai fazer muitas outras. Eu tô muito feliz que a gente tá aqui em Angola. Tô feliz que a gente decidiu isso junto, que viemos por nossa conta e que vamos poder levar várias informações pra ONG sobre a realidade deles.

- E de quebra a gente conseguiu ficar nesse hotel pertinho da praia aqui em Luanda e vamos poder se curtir também, afinal, é nossa lua de mel! – Rafa sorriu.

- A van só vem nos buscar às 10:30 – Gi comentou – Tato me falou que organizou para que um dos líderes da comunidade viesse junto pra nos buscar, pra ir conversando com a gente no caminho. Que cê acha de a gente acordar cedinho pra dar uma caminhada na praia antes do café?

- Com você eu topo até acordar cedo – Rafa respondeu e puxou Gizelly para beijá-la.

O toque do serviço de quarto à porta atrapalhou o beijo, mas elas nem se incomodaram. Receberam um prato típico da região preparado com peixe, chamado Calulu, que elas simplesmente amaram.

- Tem abobrinha nesse trem, num tem? – Rafa perguntou, adorando o sabor.

- E batata doce, o sabor fica escondido por causa do caldo, mas tem – Gi retornou.

Depois do jantar, Rafa e Gi tomaram um longo banho juntas, colocaram roupas agradáveis para uma noite fria, se cuidaram penteando uma os cabelos da outra e dispensaram maquiagem, mesmo tendo decidido descer até o pequeno restaurante do hotel para ver o que sugeriam para elas para um drink especial antes de deitar.

Até que enfim (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora