Disparo

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Donna estava sentada no chão sobre as pernas, seu olhar estava fixo na parede, seu rosto estava pálido e molhado pelas lágrimas. Gallo estava sentado em uma cadeira a encarando, tinham acabado de desligar a ligação.

- Não precisa ficar com essa cara, eu disse a ele que estávamos nos divertindo - ele debochava - e hoje eu não vou nem te prender naquelas correntes, olha como eu sou legal

Donna ignorava a presença dele e continuava com seu olhar fixo a parede.
Seu coração batia mais forte e sua preocupação  aumentava. Apesar dela estar correndo perigo não conseguia deixar de se preocupar como ele reagiria, conhecia seu marido o suficiente pra saber que ele não mediria esforços pra trazê-la de volta e acabar com qualquer um que estivesse em seu caminho.
O lado bom e o ruim dessa dedicação passava pela cabeça dela.
Bom.
pois ele nunca desistiria até encontrá-la e o conhecendo bem sabia que ele faria.
O ruim.
A custa do que? O que ele teria que fazer pra te lá de volta e as consequências que geraria?

Júnior entrou na sala pedindo pra falar com Frank sem tirar o olho dela.
"Frank, um dos guardas ligou..."

Ele parou de falar por não saber se ela podia escutar. Gallo apenas o olhou esperando pelas notícias sem se importar com a presença dela.

- Fala logo, eu não tenho o dia todo

- Malik pediu pra que ele entrasse em contato porque parece que prenderam o Hudson, eles tem provas de que você está vivo e o delegado envolvido. Hoje foram pegar um depoimento de Malik na cadeia e o disseram que também tem provas contra ele.

Donna soltou uma risada suave, Harvey estava no caminho. Gallo a olhou e saiu da sala.
" vamos dar um jeito nisso" ela o escutou dizendo no corredor "eu vou sair e não sei que horas volto, mantenha tudo em ordem." Ele ordenou ao Júnior.

Frank saiu  e foi direto para um dos lugares vazios que ele fazia as reuniões e encontros necessários. Pediu que o guarda informante de Malik o esperasse no lugar de sempre.
Quando chegou pediu toda a explicação do que aconteceu. Não podia fazer nada por Hudson, então pediu que ele avisasse a Malik pra se manter fora de contato com o delegado.
Apesar de saber que todos sabiam sobre a parceria dos dois, ninguém tinha provas o suficiente contra Andrew.
Se encontrou mais com algumas pessoas que pudessem o ajudar e quase 4 horas depois voltou para o galpão.

Já faziam quatro dias que ela estava presa. Não conseguia dormi. Não conseguia comer a comida horrível que eles a davam. Os capangas e Frank costumavam a ficar a sala ao lado de sua. Percebia alguns olhares estranhos direcionados a ela. Durante os dias e madrugadas escutava algumas conversar estranhas incluindo seu nome.

"E aí Frank quando você vai deixar a gente brincar com a ruivinha" e todos riam menos Gallo

"Apesar de tudo eu não admito esse tipo de desrespeito, então NUNCA" ele falava sério e seu tom era forte.

Ela percebia que só escutava eles falando dela de modo sugestivo quando o chefe não estava. Porque toda vez que falavam na presença dele levavam uma bronca.

Nessa madrugada em que Gallo tinha saído para resolver as coisas em relação ao Hudson e Malik colocou Júnior  no comando, as risadas eram mais altas, tinha músicas e pela maneira de falar alguns estavam bebados.

"Será que a ruivinha tá com sede" ela escutou alguém gritar e gargalhar

"Ahhhh a ruivinha, que ruivinha hein " a voz de Júnior se fez presente

"Aproveita que o chefe não tá"

"sabe o que? Eu vou mesmo!"

Donna se pôs de pé, sabia exatamente sobre o que eles estavam falando.

Júnior adentrou a sala bebado, sua fala estava enrolada e seu andando desengonçado.

- finalmente hein, você só pra mim - ele  tentava não tropeçar no próprio pé.

Ela olhou para os lados tentando encontrar algo que a ajudasse e logo visualizou a arma dele na cintura.
Ele abriu o zíper da calça quando andava até ela.

- Eu prometo que você vai gostar, eu vou ser gentil. - ele cambaleava

Ele avançou em cima,empurrou ela na parede e segurou as mãos dela em cima da cabeça. Donna tentava se soltar mas mesmo bebado ele era extremamente forte. Ele segurou as mãos dela com uma só e com a outra tentou passou pelo corpo dela, passando pelos seios até chegar a barra do vestido e tentar levar.
O bafo de álcool era sentido por ela.
Ela começou a gritar pedindo por socorro quando viu que sua calcinha estava aparecendo e escutou a música na outra sala aumentar. Eles aumentaram o volume para ignorar os gritos dela.
Sem ajuda e desesperada ela conseguiu acertar uma joelhada no meio das pernas dele  que se curvou e gemeu em dor. Donna correu para outro lado da sala, mais perto do portão, abaixou o vestido e pegou a cadeira pra se proteger.

- AH SUA FILHA DA PUTA NÃO VOU FAZER QUESTÃO NEM DE SER GENTIL - ele gritava, seu rosto estava vermelho e cuspia enquanto falava.

Respirando com dificuldade pela dor ele avançou nela e ela bateu nele com cadeira. O pé do objeto fez com que a arma caísse  no chão, ele parecia não ter percebido e ela correu para pegar. Quando novamente ele avançou em sua direção ela atirou em sua coxa, ele se balançou de dor mas não parou, mesmo mancado e sangrando tentou ir atrás dela e outro tiro foi disparado mas dessa vez no meio das pernas dele.
Quando ele bateu com tudo no chão o celular dele voou longe. Ela correu pra pegar. Apenas deu tempo de pegar e esconder dentro do vestido debaixo do braço e os outros 5 apareceram.

- o que aconteceu?? - eles entraram correndo na sala

- Ele tentou... - ela colocou a arma no chão e encostou na parede. Chorava de desespero.

- Ele está sangrando, precisamos levar ele ao hospital

- Se a gente levar ele ao hospital vão perguntar aonde foi que ele levou esses tiros - um deles dizia impaciente

- Ela foi mais esperta do que eu imagina - um deles tinha um sorriso de canto e a olhava de cima a baixo

- O Frank vai MATAR a gente - um resmungou

- não, o Frank vai matar ela - e apontou pra Donna

- NÃO, EU VOU MATAR VOCÊS - Gallo adentrou a sala irritado - EU FALEI PRA VOCÊS FICAREM LONGE, SEUS BURROS. - ele apontou o dedo ao Júnior - você vai sangrar até morrer porque eu não vou arriscar meu plano por estupidez sua

- Por favor não - Júnior chorava

- Eu posso pedir pra um dos polícias levar ele ao hospital e dizer que ele foi assaltado

- Você é burro? Você acha que alguém vai cair nessa história? - ele passava a mão na testa - eu vou ligar pra um médico conhecido meu e pedir que o atenda aqui mesmo.

Junior desmaiou de dor. Pegaram ele no colo e todos saíram da cela a deixando sozinha.
Ela esperou algum minutos pra ver se alguém voltaria mas ninguém apareceu, com medo de ser escutada ela agacho no canto da parede e pegou o celular. Discou o número de Harvey e esperou até que ele atendesse.

The HellOnde histórias criam vida. Descubra agora