Capítulo 10

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Marisa Vilarela

O despertador toca logo pela manhã, embora tivesse dormido tarde, estava elétrica. Fiz minha higiene matinal e saí com Rafaela para a faculdade.

Mais uma vez perdi ela de vista assim que atravessamos o portão da faculdade, então resolvi seguir o meu caminho mais uma vez.

Ainda não fiz nenhum amigo ou amiga, mas começava a conhecer os meus colegas de turma. Tivemos um trabalho para fazer em duplas, então eu precisava de um colega para trabalhar comigo.

Não precisei de muito, logo um rapaz veio até mim e se ofereceu para fazer dupla comigo.

-- Então como faremos? - sua indagação era lógica.

Acabava de explicar para ele que não poderia fazer o trabalho durante a tarde porque estaria trabalhando, eu não fazia ideia de como conciliar essas coisas ou resolver essa questão.

-- Tenho uma ideia Marisa - seu rosto se iluminou com a ideia que acabava de aparecer em sua mente.

-- Diga Luís.

-- Podemos fazer as pesquisas durante o dia, e de noite discutimos pelas redes sociais. Assim não precisamos estar juntos para estudar.

A ideia era ótima, não sabia como chegar para o meu chefe e pedir uma folga depois de somente um dia de trabalho. Mas havia um porém, eu não tinha celular.

-- Olha, a ideia é mesmo maravilhosa, mas eu não tenho celular... - pensei um pouco -- me dê o seu número de telefone e eu vou pensar em como resolver essa questão, está bem?

Ele concordou e tivemos a última aula. Ao som do último toque, saí para a lanchonete onde trabalhava. No dia anterior havia aprendido muito sobre o trabalho ali, então estava mesmo preparada para mais um dia.

A lanchonete estava muito agitada, comprimentei meus clientes, servi mesas, arrumei cadeiras, limpei mesas e cadeiras, servi mais mesas,...

E no final do dia meus pés latejavam, ainda não estava acostumada com a rotina, e não sabia se depois de acostumar seria melhor.

Olhei a hora e era muito tarde, hoje o lugar soou muito concorrido, peguei meus pertences na cozinha e saí com intenção de ir para casa.

Eu estava exausta.

Dei um longo suspiro assim que vi o chapa lotado se aproximando da paragem, sabia que tinha de me apertar ali até chegar em casa.

Consegui, estava muito apertada, tanto que pensei que fosse quebrar o meu material escolar dentro da pasta de costas.

Quando finalmente o carro ficou menos lotado, já estava ofegante e foi um grande alívio poder me sentar, meus pés ardiam dentro dos meus sapatos, não via a hora de chegar em casa e descansar.

Cheguei em casa, entrei no quintal quase me arrastando no chão, vi Rafaela sentada no jardim com o celular na mão, parecia distraída, se quer me notou, dei de ombros e segui para o meu quarto.

Coloquei minhas coisas próximas a cama e corri para tomar banho, foi um banho longo e demorado, eu estava precisando relaxar, eram os primeiros dias e eu não estava aguentando.

Depois de me vestir, saí para a cozinha para comer alguma coisa, na hora do almoço só tinha comido alguns biscoitos pela falta de tempo no trabalho.

Enquanto ia para o meu quarto descansar, ouvi a voz de Miguel vinda do quarto dele, bati na porta.

-- Entre - ao abrir a porta a primeira coisa que vi foi o lindo sorriso de Miguel. -- Chegue mais perto querida.

Miguel parecia muito animado.

Me aproximei...

-- Sente-se - ele estava deitado na cama mexendo no celular, bateu com delicadeza na sua cama indicando com a mão onde eu deveria me sentar.

Me sentei e olhei fixamente para ele sem dizer nada.

-- O que foi querida? Está tudo bem? - seu semblante alegre mudou de repente, sua face exibia preocupação.

-- Claro que estou bem - eu estava muito cansada e até sorrir era exaustivo, dei uma gargalhada pensando na minha situação atual.

-- Você está estranha - ele fez careta e de seguida apertou minhas bochechas carinhosamente.

-- Estou tão cansada Miguel, você não vai acreditar.

-- Não acredito, esse trabalho não é assim tão cansativo. - ironizou.

-- Você acha? - tirei os chinelos que calçava e estendi o meu pé sobre a cama -- olha isso - Miguel estava com os olhos arregalados e olhava fixamente para de baixo do meu pé -- Sabe o que é isso? Calos, repita comigo C-A-L-O-S.

Miguel soltou uma gargalhada tão alta que até me assustou, ele ria tanto que até pude ver algumas lágrimas saírem de seus olhos.

-- Você é tão alienada - continuava rindo de mim -- deixa eu sentir para ter certeza de que são calos - eu sabia que ele estava me provocando, os calos nos meus pés estavam bem salientes.

-- É preciso mesmo? - revirei os olhos e logo senti os dedos dele tocarem meus pés, não consegui me conter também e caí na gargalhada. -- pare com isso Miguel - pedia em meio aos risos. -- Migueell - eu gritava mas ele não parava -- Pare... Pare Miguel por favor - eu não conseguia mais respirar de tanto rir, caí de costas sobre a cama e continuava me contorcendo enquanto ele me fazia cócegas nos pés, Miguel estava se divertindo com tudo aquilo.

Quando finalmente me deixou em paz, eu continuei deitada tentando recuperar o fôlego.

Quando me vi completamente recuperada, peguei numa almofada e batia nele com força, não demorou muito até Miguel entrar na brincadeira e me bater também. Foram os momentos mais divertidos da minha vida.

-- Miguel eu preciso da sua ajuda.

-- Diga, o que é?

-- Eu tenho um trabalho da faculdade para fazer em duplas, mas por causa do trabalho na lanchonete não poderei me encontrar com o meu colega durante a tarde, então... - me interrompeu.

-- Não precisa dizer tanta coisa, vá direito ao ponto - riu.

-- Tá, eu preciso de um celular. - senti minhas bochechas esquentando de vergonha -- Não precisa me comprar um, pode me emprestar o seu durante a noite, e logo pela manhã eu devolvo.

Ele parecia pensar.

-- Amanhã eu lhe darei um celular, não te preocupes. Agora vá descansar, está tarde. - se aproximou de mim e me deu um beijo na testa. -- Aliás, muito obrigado por ter vindo me ver, senti a sua falta.

-- Eu é que agradeço pela atenção e carinho, obrigada pelas brincadeiras - o envolvi em um abraço carinhoso.

-- Sempre que precisar estarei aqui maninha - piscou para mim.

-- obrigada - assenava para ele enquanto saia do seu quarto.

Enquanto ia para o meu quarto me cruzei com a tia Cacilda.

-- Boa noite tia - ela parou a minha frente e me olhou dentro dos olhos, eu sentia aquele olhar gelado tocar minha alma.

...

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MARISA - A CamareiraOnde histórias criam vida. Descubra agora