Capítulo 18

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Marisa Vilarela

-- Vamos ao refeitório Marisa... - mais uma vez Roberta me asucrina -- você nunca come nada, não tem se alimentado direito, vai acabar ficando anémica.

-- Você sabe que eu não tenho dinheiro para essas coisas, por favor Roberta.

-- Eu pago para você, somos amigas ou não? - a pesar da sua insistência, eu era uma menina muito orgulhosa, não gostava de pedir ajuda ou de incomodar.

-- Está bem, mas não se acostume a fazer isso. - Roberta sorriu e me arrastou pelo braço até o refeitório.

Roberta era um amor de pessoa, morava apenas com o pai e dois irmãos mais velhos, a mãe veio a falecer 5 anos após seu nascimento.
Ela não era rica, mas vivia em condições muito melhores que as minhas.

Estávamos sentadas comendo, quando duas garotas se sentaram na mesa ao lado e começaram a cochichar.

A princípio não demos nenhuma importância até:

-- Aquela é a garota que tem saído com o Dante - uma jovem magrinha com olhos grandes e lábios carnudos falava, sua voz era fina e irritante.

Naquele momento parecia que desejavam que eu as escutasse.

-- Pois é, mas eu fiquei sabendo que ele foi atrás dela. - a outra também magrinha e desprovida de beleza facial respondeu.

-- Eu dúvido muito, ela tem cara de oferecida - a jovem de lábios enormes retrucou.

Olhei para Roberta que estava focada,  parecia ouvir o mesmo que eu.

-- Ouviu isso? - Indagou.

-- Ouvi sim - respondi sem dar muita importância.

-- O que você tem haver com o Dante?

-- É claro que não tenho nada haver... Acontece que outro dia eu encontrei ele no corredor... - contei para Roberta o ocorrido, a cada frase a expressão de Roberta mudava.

-- Eu não acredito que ele esteja realmente interessado em você. - falou sincera.

-- Eu também não.

Ficamos conversando e comendo até Roberta olhar fixamente para trás de mim.

-- Olha quem chegou... Não se vire. - ela não tirava os olhos da entrada do refeitório.

-- Está me deixando curiosa.

-- O Dante e Rafaela, parecendo o rei e a rainha do baile... Não se vire ainda, ele está olhando para você.

-- Que idiotice Roberta, porque ele olharia para mim estando do lado da Rafaela?

-- Você vai achar isso ainda mais ridículo.

-- O quê?

-- Depois que ele viu você soltou a mão de Rafaela e meteu no bolso - riu

-- É mesmo? Ainda não posso olhar?

-- Claro que não Marisa, eu aviso.

-- O que está acontecendo? Porque ainda não se sentaram?

-- Se você viesse ao refeitório mais vezes iria entender. Esses dois adoram chamar a atenção e fazer um show por onde passam.

-- Isso é muito ridículo Roberta.

-- É mesmo querida.

Depois de alguns minutos eu pude me virar e olhar para eles, Dante parecia desconfortável enquanto Rafaela se sentia a poderosa.
Vez ou outra Dante olhava para mim, algumas vezes nossos olhares se encontravam, não sei porque eu continuava olhando...

Que absurdo.

-- Vamos embora.

-- Porque Marisa? Se cansou de olhar para o bonitão?

-- O que é isso Roberta? Não brinca.

-- É verdade, você também não parou de olhar para ele.

Me aproximei dela e falei ao ouvido.

-- Dante não me interessa... Agora vamos, se não quer que eu deixe você aqui sozinha.

Antes que pudéssemos sair dali, ouvimos uma voz, aquela voz fina e insuportável.

-- Você viu como eles se olhavam? - perguntava a amiga.

Ignorei aquelas palavras e saí do refeitório.

-- Ouviu Marisa? Não fui a única que reparou. - Roberta gargalhava alto, com certeza o objetivo dela era me irritar, e estava conseguindo.

-- Eu juro que vou deixar você sózinha. - respondi irritada.

Seguimos para a sala de aula, eu nem deveria ter saído de lá.

Meu celular vibrou no meu bolso me assustando.

"Oi Marisa, tudo bem?"

Era Bruno, com a morte da Bianca eu praticamente me esqueci dele.

"Oi, estou bem e você?"

-- O que foi Marisa, quem é? - bendita curiosidade de Roberta.

-- É o Bruno.

-- O bonitão? - ri das suas palavras.

E então o celular vibrou outra vez.

"Estou bem! Estaria disponível para uma conversa? Hoje mais tarde?"

-- Sim, ele mesmo.

"Hoje eu vou me apresentar no meu novo trabalho, na saída eu lhe aviso"

Troquei as mensagens com Bruno e então, tive as últimas aulas do dia.

Saí com a Roberta para o restaurante do primo dela, para minha sorte era perto de casa, e não me atrasaria graças a fraca lotação dos transportes públicos aquela hora.

O lugar não era muito grande, mas era aconchegante e muito bonito, de frente para o mar, eu já começava a adorar.

Nesse novo emprego teria que trabalhar aos sábados e domingos, mas implorei que deixassem os domingos livres para que eu pudesse estudar.

O dono do restaurante era simpático, embora tivesse a expressão facial muito fechada, acho que ele não pretendia deixar as pessoas se sentirem completamente a vontade com ele, era compreensível.

Me apresentei ao trabalho e me mostraram algumas coisas que precisaria saber antes de começar com o meu trabalho. Concordei com tudo e depois disso não havia mais nada a tratar.

Resolvi enviar uma mensagem para Bruno.

"Já estou livre, me pega em casa"

Me despedi de Roberta e fui caminhando até minha casa, eram só 15 minutos a pé até lá.

Fui até o quarto de Miguel para ver como ele estava.

-- Oi! - disse abrindo a porta de seu quarto após sua autorização. -- Como está?

-- Entre querida. Estou bem obrigado - ainda havia um tom de tristeza em sua voz. Mas Miguel estava reagindo muito bem.

...

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MARISA - A CamareiraOnde histórias criam vida. Descubra agora