Capítulo 51

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Marisa Vilarela

Começava uma nova semana, minha última semana na cidade capital, Maputo.
É incrível como em um ano tanta coisa pôde mudar assim! Eu era só uma caipira vinda de uma cidadezinha pacata para a grande cidade.

Muitas vezes me senti perdida e completamente desamparada, os primeiros meses, conhecendo minha nova família, a maneira como eles tentavam me excluir, mas Miguel foi diferente, ele esteve junto de mim nos momentos mais difíceis.

Passei o final de semana inteiro em casa, trancada no meu quarto pensando no que faria no ano seguinte. Tentando imaginar como seriam as coisas, pois os dias na casa da minha tia estavam contados. Mas a pesar de estar tentando ficar sozinha, não pude ignorar o que acontecia na casa.

Alguns empregados iam sendo demitidos gradualmente, a ideia era reduzir os gastos, meus tios realmente estavam sem dinheiro.

A Suzy, a secretária da casa, nos deu a notícia mais horrível que poderíamos receber, ela estava doente, muito doente e por suas condições de vida, pelo salário insuficiente que recebia ela não poderia pagar o seu tratamento, o que lhe condenou a morte, segundo os médicos, ela só teria mais algumas semanas a partir daqui. O que deixou a mim e a família Martins desolados, Suzy era uma ótima funcionária e muito querida da família. Ela já estava a meses com o problema, mas nunca informou a ninguém.

Meus pais receberam com alegria a notícia de que eu voltaria em breve para casa, mas 5 dias e eu estaria de volta ao meu lar. Estava entusiasmada e eles também!

Miguel ficou tão triste porque iríamos nos separar e não havia nenhuma promessa de que voltaríamos a nos encontrar novamente, mas eu sabia que independentemente do que acontecesse, ele sempre seria a minha família, um irmão que nunca tive, um irmão mais velho. Ele era uma das pessoas que eu lembraria com mais carinho.

A notícia mais chocante veio da minha querida prima que pensávamos que tentava tomar jeito na vida, uma notícia que levou tia Cacilda a loucura, Rafaela estava grávida a sensivelmente 2 meses, talvez isso fosse uma benção se o pai da criança não fosse o imbecil do Dante. Eu quis duvidar da paternidade dessa criança pois Dante estava cada vez mais envolvido com a magrinha dele, mas não era suficiente, ele sempre foi um canalha.

...

Terminei a minha primeira refeição do dia na cozinha, como fazia sempre desde que cheguei aquela casa e então resolvi sair para encontrar Roberta, pretendíamos conversar antes da minha viagem.

-- Então o pai é o Dante? - Roberta estava surpresa com a novidade que acabava de lhe contar. -- Rafaela não aprendeu nada esse tempo todo. - riu.

-- Não me faça rir. - a pesar da conversa animada que estávamos tento, eu estava muito séria e perdida em meus pensamentos, eu sentia uma coisa estranha no meu peito e não conseguia decifrar. -- vamos fazer qualquer coisa juntas? Que nos distraia.

-- Nós poderíamos ir ao cinema ver um filme.

-- Filme Roberta, eu não estou animada e isso talvez me deixe ainda mais aborrecida.

-- Eu posso convencer o Matte a vir connosco. - falou animadíssima.

-- Claro que não, não quero ficar de vela.

-- Então... - pensou um pouco -- convenço o Matte a convencer um amigo a vir conosco.

-- De jeito nenhum!

-- Vamos Marisa, por favor - implorou fazendo bico.

-- Você sabe que fica feia quando faz isso nem?

-- Idiota!

Depois de tanta insistência da Roberta saímos para o cinema, o que até me animou porque estava passando um filme de terror, o que me deixou completamente acessa.

Depois de tantas horas nos divertindo, vendo o filme e depois um passeio pela marginal, resolvi regressar a casa, ainda me faltavam três dias para a minha viagem de volta a casa, a minha casa. Eu fui no transportes público enquanto Marisa e Matte foram por outra direção, o amigo de Matte não me agradou nada então preferi ir sozinha para casa.

Enquanto o autocarro onde estava ia parando de paragem em paragem para que os passageiros subissem ou descessem o celular tocou, era Miguel ligando. Até o momento em que atendi a ligação meu coração não parou de bater tão forte.

-- Oi Miguel. - tentei soar calma e tranquila, mas eu não estava assim.

-- Marisa, onde você está?

-- Estou indo para casa, talvez em 15 minutos eu chegue aí. - eu sabia que poderia levar mais tempo, era quase de noite e havia mais movimento das pessoas na rua e todo mundo precisando apanhar o autocarro para seus destinos. -- o foi?

-- Tente chegar em casa o mais rápido possível! Chegou o grande dia. - é claro que meu coração disparou.

-- Vou tentar chegar aí logo!

...

Desci e fui correndo para casa, mas sem querer esbarrei num velho, ele tinha uns olhar muito familiar, mas eu não dei importância para ele.

-- Me desculpe! - falei tão rápido quando pude, ele sorriu, mas seu sorriso me deixou arrepiada.

Deixei ele ali e atravessei o portão entrando em casa. No interior da casa estavam todos agitados e nervosos. Miguel me esperava próximo a porta da sala.

-- O que houve?

-- Vá ao seu quarto Marisa e arrume todas as suas coisas. - ordenou

-- Mas porque assim? Tão de repente? Qual é o problema?

-- Eu também acho isso estranho, vá logo.

-- Saímos agora? Essa noite? Para onde? - eu tinha tantas perguntas, eu não estava entendendo o que estava acontecendo.

-- Por favor, faz o que estou mandando - Miguel falou tão autoritário que meus olhos arregalaram automaticamente.

-- Está bem! Estou indo. - olhei mais uma vez a minha volta e observei com mais clareza que o assunto era realmente sério, haviam várias caixas espalhadas pela sala de estar, minha tia arrumava seus objetos variados dentro dela, com a ajuda de Rafaela e tio George, que ultimamente passei a lhe ver com mais frequência.

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Demorou mas finalmente chegou a hora da minha vingança.

-- Me desculpe! - ela estava apressada, isso me fazia sorrir.

Ela é a filha que não pude ter com minha amada e prometida Marta.

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Oi queridos, me perdoem os erros ortográficos, ainda não pude fazer a revisão da história e as vezes o corretor acaba trocando as palavras, apelo pela vossa compreensão.

E, gostaria de agradecer a todos os meus leitores que tem deixado votos e comentários, é graças a vocês que tenho forças para continuar escrevendo. Beijos 💋

MARISA - A CamareiraOnde histórias criam vida. Descubra agora