Capítulo 45

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Marta Chita

Estava no mercado vendendo como sempre, ouvi o celular tocar e era meu sobrinho Miguel chamando. Meu coração quase explodiu me lembrando a primeira vez que Miguel ligou, minha filha havia sido esfaqueada.

-- Alô, tudo bem? Aconteceu alguma coisa com minha filha?

-- Bom dia muito tia, enfim, não é nada grave mas estamos no hospital.

-- O que ela tem?

-- Hipotermia, ela ficou tempo de mais exposta a chuva e o frio e acabou ficando doente.

-- Eu poderia falar com ela agora?

-- Nesse momento não, ela está sendo examinada... Só liguei para avisar, não precisa se preocupar.

-- Está bem meu filho.

Assim que a ligação terminou dei um longo suspiro e tentei não ficar muito preocupada. Tempos depois o celular tocou outra vez, era uma mensagem.

Não acreditei no que estava escrito nela e apaguei imediatamente. Só podia ser coisa da Cacilda.
Resolvi ligar-lhe:

Marisa Vilarela

Estava sentada em uma poltrona na varanda do meu quarto, o sol havia nascido e secava as poças de água deixadas pela chuva que caiu nos dias passados. Ouvi a porta abrir e fechar de seguida e logo ouvi passos vindo em minha direção.

Olhei para trás imediatamente e me surpreendi com a presença da minha prima em meu quarto. Ela estava completamente arrumada como quando vai a faculdade isso me fazia entender que ela acabava de chegar a casa.

-- Então resolveste falar com o meu irmão - fala um tanto irónica -- não foste capaz de manter isso entre nós não é? Ou talvez você não se ache capaz de competir comigo.

-- Boa tarde querida, sua mãe não lhe ensinou a ter bons modos?

-- Escute aqui... - a interrompi.

-- Escute aqui você! Foi você que não conseguiu manter as coisas entre nós, porque mandou fazer aquelas montagens idiotas? Porquê você não veio me enfrentar?

-- Acho que você não sabe do que sou capaz Marisa, mas acredite em mim, você ainda vai se arrepender de ter se metido comigo.

-- Eu sei do que você é capaz, tenho aqui uma secatriz para provar. - levantei a blusa mostrando para ela. -- eu senti uma faca perfurar meu corpo, uma faca manuseada por você Rafaela... Você só sabe fazer jogo sujo.

-- Parece que mesmo com isso você não aprendeu nada.

-- Eu não pretendo ficar aqui brigando com você por causa de um rapaz idiota. Ele me humilhou, você me humilhou o que quer mais? Vai lá lutar com outra para ficar com ele.

Ela me olhou de cima a baixo sem dizer uma única palavra e de seguida saiu do quarto deixando com a sensação de que a guerra ainda não tinha acabado.

Alguns minutos após a saída de Rafaela do meu quarto, Miguel entrou para me devolver o celular.

-- Achou alguma coisa? - questionei assim que colocou o aparelho em minhas mãos.

-- Sim, achei! Mas não precisei disso para falar com minha irmã, eu conheço ela muito bem e sei que ela é capaz de fazer tudo o que vocês a acusaram e muito mais.

-- Obrigada por acreditar em mim.

-- De nada! Mas eu não posso deixar de dizer que você cometeu um grande erro se envolvendo com o namorado da sua prima, isso não se faz.

-- Eu sei Miguel, e me arrependo tanto.

-- Se arrepende porque realmente entendeu o quanto isso é errado, ou seu arrependimento é porque ele enganou você também?

-- Um pouco dos dois. - respondi com a cabeça baixa, eu realmente estava arrependida por ter me envolvido com aquele homem.

-- Seja como for, Rafaela, aquele garoto... - pensou um pouco -- Stéfany e a Clotilde terão uma punição, talvez não muito agradável para eles, já que você não quis fazer uma denuncia... E a propósito, agradeço por não ter denunciado a minha irmã, pela segunda vez.

-- Qual será a punição?

-- Serão suspensos das aulas por 1 mês e 15 dias. Isso terá muitas implicações negativas, mas eles devem aprender a lhe dar com as consequências dos seus atos.

-- Não sei o que dizer. Mas não posso fingir que não estou feliz em saber que minha imagem está limpa novamente.

-- É mesmo bom que fique feliz... Mas para a próxima pense bem antes de fazer alguma coisa, tente se colocar no lugar da outra e pergunte a si mesma se gostaria se fosse com você.

-- Aprendi a lição, da pior maneira possível.

Miguel saiu do quarto me deixando sozinha com meus pensamentos.
Eu não poderia dizer que a vida estava sendo injusta comigo, ela apenas estava me punindo pelas minhas más escolhas.

Ao permitir que Dante fosse meu namorado eu quase converti minha prima numa assassina, eu quase fui morta.
Fui completamente envergonhada por ele diante de todos os estudantes, rolaram varias montagens de fotografias minhas pela universidade inteira, peguei uma hipotermia porque fiquei exposta ao frio e a chuva olhando as fotos de Dante com outra garota. Tanta coisa, por causa de uma má escolha.

Ricardo Vilarela

Minha esposa tem andando muito estranha ultimamente, muito tensa e com dores de cabeça frequentes. Isso me deixa preocupado, principalmente depois de receber os resultados dos exames que fez na capital.

Flashback 

-- Ricardo porque temos de sair daqui agora? Marisa ainda está dormindo.

-- É exatamente por isso que nós iremos sair, para que quando ela finalmente acordar nós estejamos aqui com ela.

-- E onde vamos?

-- Você se lembra do desmaio que teve antes de viajarmos para aqui? - ela fez que sim com a cabeça -- é, os médicos aconselharam a vir para cá e fazer mais exames para saber do seu estado de saúde.

-- Mas eu estou bem, só fiquei asustada com a ligação de Miguel.

-- Isso só os médicos podem dizer.

Eu estava muito preocupado com a saúde da minha esposa e precisava confirmar a afirmação do médico que a examinou anteriormente. Depois dos exames:

-- Os resultados saem daqui a uma semana, poderemos enviar por e-mail. - o doutor estava a par da nossa situação então resolveu achar uma forma de nos facilitar a vida -- se por acaso até lá estiverem ainda aqui na capital, poderiam vir aqui.

-- Obrigado, mas é pouco provável!

•~•~•~•

Uma semana depois eu fiquei sabendo que minha esposa tinha um tumor cerebral inoperável, ela está condenada a morte, e nem eu, nem a ciência, nem os médicos poderíamos fazer alguma coisa.

MARISA - A CamareiraOnde histórias criam vida. Descubra agora