12. Fúria

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Agosto, 2011

Escrevendo essa parte da história de Bianca e Rafaella eu decidi que a palavra seria fúria, aí cuidadosamente procurei alguns significados e informações sobre esse sentimento que as vezes a gente nem sabe que sente. É muito comum apontar os outros como furiosos, tipo "aquela mulher tá furiosa com o marido" ou "você tá uma furia com seus pais, né?". De vez em quando também apontamos isso em nós mesmos, mas você sabe diferenciar exatamente a furia da raiva? e da ira? e do ódio? Todos eles parecem meio iguais, não é mesmo?

Bom, de site em site eu descobri que isso tudo tem muito mais a ver com a mitologia do que com qualquer outra coisa. O nome veio de algumas divindades infernais que devem executar o que o juizes ou mandantes comandam sobre os denominados culpados. O nome furia vem da força [e furia] que elas exercem sobre esses culpados. Portanto, quando você diz que está furiosa, está se referindo a esses seres da mitologia que puniam os culpados. Espero que isso faça sentido, de qualquer forma o que importa mesmo pra essa parte da história é o sentimento de fúria em si.

Bianca, por exemplo, nem sabia o que era se sentir furiosa, na verdade nunca tinha dado esse nome a qualquer um de seus sentimentos mais violentos, mas ver Rodolffo e Rafaella conversando juntos durante a festa dos 150 dias pra formatura a deixava extremamente furiosa. Sabia que os dois estavam conversando porque Rafaella fez questão de relatar tudo às amigas quando retornou de Goiânia depois das férias. Sabia que ele dava muito em cima da mineira através das mensagens e que parecia extremamente animado toda vez que a via na escola.

"Aí gente eu nem acredito que já ta quase acabando..." Ivy suspirou fitando as amigas de forma terna. "Não queria que a gente formasse." Concluiu recebendo apoio de Marcela e Mari, que estavam na mesa também.

Bianca não disse nada. Continuava fitando Manoela, Rafa e Rodolffo conversando ao longe. Não entendia o que a mineira via naquele projeto de cantor sertanejo sem graça, com certeza era por causa da afinidade que os dois compartilhavam por ser do centro-oeste. E Manu entrou nessa onda? A carioca estava incrédula com o que via.

Ela e Rafa tinham passado um bom tempo sem se falar durantes as férias de Julho, mas isso porque a mineira tinha viajado e Bianca não queria atrapalhar. Além disso, ela também estava muito envolvida com a inscrição num concurso de empreendedorismo. A parte boa foi que quando voltaram a rotina, Rafa não parecia chateada e as duas voltaram a conversar normalmente. O unico grande problema era o incomodo que Bianca sentia só de escutar a mineira falar de Rodolffo, tinha vontade de arrancar os ouvidos pra não precisar ser torturada daquela forma.

"Bia, você já decidiu aquela idéia de não fazer faculdade?" Mari questionou chamando a atenção da carioca.

"Minha mãe aceitou, disse que eu sou muito nova, então se der certo o concurso eu não vou fazer mesmo." Explicou.

"O que é esse concurso mesmo? Desculpa, não prestei atenção quando você falou." Marcela disse sorrindo culpada.

"Tudo bem, Ma, é pra criar uma marca de maquiagem, só que precisa apresentar toda uma ideia de plano de marketing, vendas e tudo mais, fiz tudo nas férias e agora tô esperando resultado." Respondeu sucinta.

Tinha descoberto a oportunidade num site de noticias, e sentiu que aquilo era a coisa exatamente certa a se fazer. Ficaria feliz de fazer faculdade de publicidade também, mas queria algo mais certeiro no sentido de que não precisaria dedicar anos à uma coisa incerta. Se dedicou muito a criar todos os planos e estratégias, pesquisou em sites, aprendeu coisas que provavelmente só conheceria muito tarde na faculdade. Se as coisas dessem certo ela se mudaria pra São Paulo e começaria a trabalhar em sua própria marca. Claro que isso não a garantia certeza de que a marca daria lucro ou seguiria no mercado por anos, mas já era um começo.

End Game  |||  RABIAOnde histórias criam vida. Descubra agora