25. Erros

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Olha... em minha defesa, eu avisei!

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Setembro, 2018

Erros; quem nunca errou que atire a primeira pedra. É, eu tô repetindo a mesma coisa do capítulo do cíumes. Você errou naquela receita de bolo que deu totalmente errado e grudou na forma; errou também naquela questão da prova de Geografia que perguntava a capital da Australia e você marcou Sydney; errou quando mentiu pra sua mãe que ia dormir na casa de uma amiga mas na verdade dormiu na casa de outra; errou quando achou que a vida seria fácil depois dos 18 anos. É, errar é muito fácil, talvez mais fácil do que acertar. Como já dizia uma sábia pensadora contemporânea, nós somos todos seres humanos e por isso erramos tanto.

O problema dos erros é que a gravidade deles pode ser bem diferente. Como comparar o erro na medida de açucar na receita do bolo à uma traição, por exemplo? Como comparar o erro de uma questão na prova de Geografia à sua ideia de que a vida seria fácil quando saisse da casa dos seus pais? Simplesmente não dá pra colocar todos os erros como de igual valor ou punição. Você não é punido da mesma forma por mentir pra sua mãe quando comparado a mentir pra um juiz.

Enfim, Bianca errou muito, mas pelo menos agora sentia que conseguia equilibrar a culpa, seus erros e medos, com uma ponta de felicidade. Barbara ajudava na missão de sentir-se menos culpada e mais feliz. A carioca não pode dizer que a menina minimizava seus erros, na verdade sempre dizia que Bianca era responsável por aquilo, independente de ser 'ser humano' ou não, mas não martirizava a empresária por conta disso. Seria injusto quando a mesma já errou tantas vezes. Talvez nosso maior erro seja apontar os erros nas outras pessoas quando nós mesmos somos formados por constantes erros.

"Tu vai nesse evento no Paris 6 sim, Bianca, já confirmei a tua presença faz dias." Flayslane brigou mais uma vez no telefone com a empresária.

"Flay, sério, não tô afim... briguei-

"Não interessa, boca rosa, espero que já esteja quase pronta, as oito o motorista passa aí." Determinou desligando o celular logo em seguida.

Nem Flay e muito menos Bianca estavam em seus melhores dias ultimamente, na verdade as duas mais se pegavam no pau do que viviam em harmonia nos ultimos tempos. Não é que elas tenham brigado ou acabado com a amizade, mas Flay parecia acordar virada todo santo dia nas ultimas duas semanas, e a empresária entrava na birra da assessora.

A carioca sequer sabia do que se tratava o evento que aconteceria no restaurante ali perto, mas se Flay tinha confirmado sua presença então devia ser algo, no mínimo, interessante. Respirou fundo e concluiu a maquiagem. Já estava praticamente pronta quando Flay ligou, mas quis tentar mesmo assim uma saída pra não ir. Tirar a roupa e a maquiagem seria prazeroso se fosse permitido faze-lo.

As nove já estava sentada no Paris 6, numa mesa com alguns 'amigos' e Miguel logo ao seu lado. Pelo menos alguém que conhecia de verdade estava ali com ela. Tirou diversas fotos e concedeu algumas entrevistas rápidas, em uma delas teve que falar sobre a importância do projeto que o evento estava apoiando; sorte sua que Miguel tinha dado um leve resumo sobre o trabalho na Africa.

"Você precisa provar essa sobremesa, Bianca, é uma delicia." Chamou atenção da empresária, que olhava diescretamente pro celular embaixo da mesa, constatando algumas mensagens de Barbara. Revirou os olhos e fitou o amigo.

"Me dá um pouquinho." Pediu pegando a colher elevando até a boca.

A sobremesa era realmente muito boa, mas ficou praticamente esquecida quando Bianca percebeu uma figura conhecida na parte de trás do restaurante. Em pé, conversando com dois homens, estava Rafaella. Elegante como sempre, com a postura ereta como se fosse dona do mundo, e os olhos totalmente interessados no que aqueles dois caras falavam.

End Game  |||  RABIAOnde histórias criam vida. Descubra agora