Capítulo Quatro

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Josh

Josh ainda não tinha conseguido sair da clareira onde a Cornucópia estava localizada.

Ao soar o canhão Josh correu, com todas as suas forças, mas não era um garoto rápido ou ágil. Mal havia chegado à metade do caminho e já havia se arrependido de ter corrido. Ele vira que todos eram mais habilidosos que ele e já tinham conseguido armas. Quando percebera, já voltavam todos. Gritando. Apontando armas para ele. O primeiro a chegar perto dele foi um garoto de aproximadamente 14 anos. Com uma espada bem grande e grossa, com a base negra, listrada com prata. O garoto desferira golpes rápidos com sua arma, que foram esquivados com dificuldade por Josh, cortando sua camisa. Ele depois se jogara aos pés de seu inimigo, derrubando-o num momento de distração. Ele roubou a espada e garantiu sua primeira morte. O canhão reverberou pela arena, indicando a perda de mais uma vida inocente.

Josh sinceramente não queria ter matado o jovem mas precisava sair vivo. Outra pessoa se aproximou dele, uma garota dessa vez, que com uma rápida estocada de uma lança perfurou sua perna. Josh caiu de joelhos e olhou para a menina que estranhamente se afastou dele, parecendo satisfeita. Ele se jogou no chão e ali permaneceu. Fingira-se de morto por um tempo, até que todos tivessem saído. Quando finalmente abriu os olhos a claridade do Sol cegou-o temporariamente.

Ele estreitou os olhos, e aos poucos se acostumou à luminosidade. Sorte, foi o que pensou, sobre ter continuado vivo. Ele não sabia como, mas ninguém percebera que ele não estava morto. O canhão não soara, e seu ferimento não ficava em um local que arriscasse a sua vida. Mas mesmo assim, ninguém nem se preocupara em ir lá checar se ele já havia morrido. Josh olhou para o lado, sua mão enroscada com firmeza na espada roubada. Levantou de leve a cabeça e procurou por mochilas próximas. Achou a primeira a mais ou menos três metros de onde estava. Ele tentou se levantar, mas uma agulhada de dor o fez parar. Sua cabeça pendeu para trás, sua respiração ficou ofegante. O ferimento. Ainda estava ali e não pretendia sair. Ele não sabia como não se tocara, havia pensado no ferimento segundos antes. Aparentemente, mesmo assim esquecera. Ele levantou a cabeça e criou coragem para observar a ferida, sentando-se com cuidado. Na perna direita, altura da coxa. Lá estava, um buraco feito por uma lâmina em forma de losango estreito. Embora não aparentasse ser muito profundo, Josh sentia uma dor intensa no local. Ele tentou cobrir a ferida com a calça, mas o tecido se recusou a esticar. A calça havia rasgado demais com a perfuração e o tecido não parecia se alongar. Ele rapidamente desistiu da ideia, e cobriu o ferimento com a mão. Seu corpo ardeu em chamas graças à tremenda dor proporcionada por seu feitio. Ele rapidamente retirou a mão e analizou a situação. Pensou no que poderia lhe ajudar e olhou em volta. Nada parecido com um curativo. Mas é claro que não, falou a si mesmo. Se houvesse algum curativo ele estaria nas mochilas. E com essa convicção enrolou seu casaco na ferida e tentou levantar. Não obteve êxito. Ele se virou, ficando com a barriga no chão, e ergueu o corpo com os braços, conseguindo se ajoelhar, apoiado também nas mãos. Aos poucos, apoiou o pé esquerdo no chão, e só arriscou o direito quando sentiu firmeza. Ele se ergueu e se manteve ereto por alguns segundos até cambalear e voltar à estaca zero. Depois de várias tentativas ele finalmente se levantou.

Andando com certa dificuldade, Josh percorreu os três metros até a mochila mais próxima, e a revistou, para descobrir que não havia nada além de comida. Ele a pendurou nos ombros, e desistindo de um curativo, se encaminhou até a floresta.

63° Jogos Vorazes: SurvivalOnde histórias criam vida. Descubra agora