Capítulo Nove

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Luther

Luther pensava no que Hanna havia lhe dito. Realmente era difícil confiar em alguém dentro da Arena; mas ele sentira-se tão bem perto de Hanna no momento que a viu que achou um absurdo ela não ter sentido o mesmo em relação a ele. Contudo, ele não tinha o direito de culpá-la; de um jeito ou de outro, ele entendia. Repentinamente, Luth sentiu-se desconfortável. Seu sentimento de segurança dissipou-se. Ele finalmente quebrou o gelo quando o silêncio tornou-se demais para suportar.

- Quantas flechas você atirou depois de pegar a aljava? - indagou Luth, se levantando.

- Antes de você aparecer, uma para matar o tributo do 6 no meio do Banho de Sangue, ele parecia querer me comer viva... E em você umas 3, estava nervosa e fraca pelo machucado nas costelas, não conseguia mirar.

- Ótimo. Quem foi que te feriu?

- A garota do 3; eu estava de costas, e quando olhei para trás só senti a coisa entrando no meu corpo, e comecei a correr. Até ver você.

- Muito bom. Agora ela está no topo da minha lista de morte. Vou buscar suas flechas antes que os aerodeslizadores busquem os mortos. Você fique aí, e se hidrate - Luth apanhou seu facão e sua garrafa e entrou floresta adentro.

- Não se perca! - gritou Hanna antes que ele sumisse na sombra das árvores.

Luth refez o caminho que eles haviam feito para sair dali, se perdendo no meio, mas ciente de que ainda ia na direção certa. Chegou até onde ele havia retirado a estrela, pois lá estava ela. Apanhou a primeira flecha, presa com força numa árvore alta de tronco grosso. As outras duas haviam caído próximas ao tronco de uma árvore baixa. Ele as recolheu, e olhou para a estrela, ainda em sua mão. Quando a retirou, não percebeu como a estrela estava enferrujada. Merda, pensou; jogou-a para cima duas vezes, e depois guardou-a, pensando no estrago que aquele pequeno objeto poderia causar. Graças a Deus não lhe aconteceu nada a Hanna ainda. Depois, ele correu até a Cornucópia, e se escondeu num arbusto próximo a onde ele havia pego o facão. Checou a área. Não viu ninguém.

Ele então entrou na campina onde a Cornucópia se situava, e procurou dentre os mortos do Banho de Sangue aquele que havia sido morto por uma flecha certeira. Achou-o isolado, num canto da Cornucópia que parecia inabitado. Ele estava numa posição estranha, parecia contorcido, num formato desumano. Luth ignorou, retirou a flecha de seu olho e resolveu garantir comida e armas. Pegou outra mochila, desta vez azul bem escuro, lá dentro achou uma maçã, uma faca, uma tesoura e uma laranja e jogou tudo dentro da sua primeira mochila. Luth se assegurou de checar outras mochilas e roubar a comida disponível. Mochila cheia, Luth começou a correr -cambaleando graças à dor - dentre a floresta, seguindo os rastros naturais deixados por ele e por Hanna. Correu através da árvore grande onde se recostara, pela árvore de tronco preto e folhas verdes que tanto apreciara, e pelo local onde eles se encontraram. Chegou no lago, e de longe avistou apenas sombras. Um vulto, sentado, bebendo água, e um cadáver, jogado ao seu lado. E o som retumbante do canhão, avisando a chegada da morte.

63° Jogos Vorazes: SurvivalOnde histórias criam vida. Descubra agora