Capítulo Catorze

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Hanna

Hanna odiara a maneira como se encontrara com seu novo aliado. Tudo bem que inicialmente ela tentara matá-lo, mas dizer o que ele dissera, e da forma que ele dissera deixara Hanna numa fúria incontrolável, e sua imediata reação foi golpeá-lo na face, e fazer com que ardesse. Talvez até deixar um hematoma, mas não matá-lo, depois que se tornara um aliado. Ela tinha noção de que Josh era forte e seria bem útil. Não que Luther não o fosse, pelo contrário. Ela só tinha uma sensação reconfortante de segurança sabendo da aliança não só de Luth mas de Josh também, embora ainda estivesse extremamente irritada com o que ele dissera. Luther já tinha lhe explicado os porquês, e ela já entendera, mesmo não deixando transparecer. Seu orgulho falava bem mais alto.

Ela acordou ao lado de Luth, com o Sol ardendo em seus rostos. Eles haviam dormido no meio da planície sem nem se preocupar em montar um acampamento ou qualquer coisa parecida; só adormeceram, sem mais nem menos. Ela então olhou para trás, esperando ver Josh deitado no pé da árvore, do jeito que ficara na noite interior, mas ele não estava ali. Hanna instantânea se preocupou. Não com o bem estar de Josh, mas com o próprio. Ela ainda não confiava em Josh e com certeza não sabia do que ele era capaz. Então seu reflexo foi olhar ao redor, desesperada, preparada para apanhar seu arco mortal. Até que sua voz suave irrompou os tímpanos de Hanna.

- Bom dia - ela olhou para o local de onde a voz estava sendo projetada, e ela achou Josh em um galho de árvore, colhendo o que pareciam ser mangas.

- Ei, calma, não se assuste - riu Josh. Uma risada boa de se ouvir, contagiante, mas Hanna se forçou a não rir também. Ela fechou a cara, e se levantou. Punhos cerrados em volta do arco. Ela cuspiu um discurso de insultos, mas foi calada pelo salto de Josh à sua frente.

- Tudo bem, sou isso aí tudo mesmo - disse ele, ignorando os esforços de Hanna para deixá-lo chateado.

Ao tentar insultá-lo, quem se sentiu insultada no final foi ela. Ele nem prestara atenção no que ela dizia, e isso deixou-a perplexa. Nunca alguém tinha levado tão na boa quanto Josh quando ela resolvia insultar esse alguém. Hanna então cruzou os braços e se sentou na grama ao lado do corpo adormecido de Luther.

- Por que tanto mau-humor num dia lindo como esse? - perguntou Josh ironicamente às suas costas. Bastou apenas um olhar para trás para arrancar uma risada da boca de Josh.

- Como consegue achar graça em alguma coisa num lugar como esse? - bufou Hanna, encarando seu novo aliado. Ela realmente não entendia os motivos para tanto bom-humor. Josh era tão mais complicado do que Luth à visão de Hanna...

- Eu sei lá! Afinal temos que afogar a tristeza e melancolia em algum lugar, não? - devolveu Josh.

Agora até que faz um certo sentido, pensou Hanna, embora não soubesse se a tristeza e melancolia das quais ele falava eram os Jogos, ou se existia mais por trás daqueles olhos verdes bonitos e intensos. Josh então entregou-lhe uma manga a Hanna, mas ela não a comeu, apenas a pôs ao lado esquerdo de seu corpo, e a observou. Josh se aproximou, mas não para falar com ela, e sim para acordar Luther. Sua perna fraquejou quando ele finalmente chegou, e ele caiu, acordando Luther sem querer.

- É, não queria te acordar assim meu chapa, mas minha perna aqui tem vontade própria - disse Josh ao se levantar para pegar uma manga para Luth, enquanto o segundo ria da situação. Idiotas, riu Hanna mentalmente. E ela percebeu como eles estavam se aproximando bastante, e sua relação inclinava para uma amizade; não só pra estúpida aliança nesses Jogos.

Após os meninos comerem suas respectivas mangas e Hanna uma simples maça (ela se recusara a encostar na manga que Josh lhe dera, aparentemente ela não sabia o que sentir sobre ele ainda), os três recolheram o pouco que espalharam, e começaram a andar, sem rumo dentro do domo mortífero.

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Malz aí pela falta de ação :/
Paciência, dá um sossego pros três que estar dentro da arena já é tortura ;)

/Mark

63° Jogos Vorazes: SurvivalOnde histórias criam vida. Descubra agora