Sem tempo a perder

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Taís on

- Sara? Estás aí? – Gael e eu permanecíamos em silêncio à espera de resposta, mas como não ouvíamos nada Gael correu até ao local enquanto eu fiquei a tomar conta de Sheila – Pai? Ela está bem? – perguntei na escuta, mas ele demorou um pouco a responder

- Ela não está aqui... - Ele falava ainda com um pouco de interferência da escuta

Por um momento todo o meu corpo gelou mais do que antes, uma onda de preocupação passava em mim, eu não conseguia acreditar que isto estava mesmo a acontecer...Gael entrou novamente no quarto com um olhar de raiva enquanto deixava escapar uma lágrima. Assustei-me com o seu pontapé forte num dos bancos que estavam na carrinha perto do computador.

- A esta hora já a devem ter levado para o esconderijo deles e feito um monte de questões... - Ele olhava tudo com um olhar vazio carregado de raiva

Ambos não estávamos preocupados se ela diria alguma coisa ou não...nós já a conhecíamos o bastante para saber que não, e infelizmente isso também poderia ser um problema...pois eles irão torturá-la até ela não aguentar mais...

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Já no dia seguinte levantei-me da cama com os olhos inchados de lágrimas, não tinha conseguido dormir nada...olhei a noite lá fora pois na noite passada ainda tentámos apanhá-los, então ficámos a descansar de manhã, se é que isso era possível...mas não conseguimos apanhá-los. Mesmo assim não consegui dormir quase nada.

Isto não me pode estar a acontecer! A rapariga que estou apaixonada foi levada por bandidos e eu nem dormir consigo para conseguir me concentrar melhor! Uma onda de raiva voltou-me a preencher a alma. Desgraçados...

Sara on

- Eu não TOLERO TE PERGUNTAR A MESMA COISA MIL VEZES! Eu sei que tu sabes! Fala! AGORA! – Um dos bandidos gritava bem na minha cara enquanto eu via o seu rosto vermelho de raiva já em câmara lenta e sentia algumas partículas de saliva no meu rosto.

- Eu já disse que NÃO SEI – Eu gritava também na cara dele, eu já estava tão casada que o meu grito já tinha um tom arrastado

Levei mais um murro bem forte, mas fingi que tinha ficado novamente inconsciente para irem embora ou talvez até falarem alguma informação importante entre eles.

- Merda! Desmaiaste-a de novo! Não aguento mais ter que esperar até ela acordar! – Um deles falava irritado

- Cala-te! Estou sem paciência nenhuma para as tuas cenas – passado um tempo ouvi a porta fechar e abri ligeiramente um olho para ver se tinham mesmo saído. Após confirmar que estava sozinha tentei concentrar-me com a minha visão turva e peguei na minha segunda escuta que tinha guardada comigo. Infelizmente estava meio húmida, mas isto vai ter que dar, não aguento mais estar aqui. Aliás...não sei quanto tempo ainda vou aguentar aqui...das duas últimas vezes que me torturaram pensei que ia morrer de asfixia e dor. Só de me lembrar daquelas lâminas na minha pele e aquele pano molhado no meu rosto que me impedia de respirar...dá-me calafrios.

Ainda com dificuldade pelas duas mãos estarem amarradas, consegui pegar na escuta e liga-la o que automaticamente ligaria a sua localização. Com sorte alguém irá ver isso, espero que se tenham lembrado que comprei escutas com localização...porque senão...temo que vou morrer...

Ainda cheia de dores e com esforço consegui deixar cair a escuta dentro das minhas cuecas.

Taís on

Cerrei os punhos e soquei a porta do quarto com força quase furando a mesma até ouvir um apitar estranho do meu telemóvel, cheguei perto do mesmo e olhei a notificação, quando abri reparei que era a localização da escuta de Sara até que me lembrei que ela tinha comprado uma segunda para todos terem uma suplente, nem eu pensei que seria mesmo preciso, ela foi mesmo uma génia. Retirei o pijama rapidamente e vesti uma roupa completamente negra, coloquei o meu cinto onde iria colocar duas armas e entrancei os meus longos cabelos. Coloquei uns óculos de sol para não ser reconhecida e umas luvas justas negras. Peguei a minha mochila e coloquei lá o necessário.

Desci as escadas a correr e Sebastian olhou para mim no final das escadas.

- Onde a menina v... - interrompi-o

- Nem comeces! – falei entre dentes enquanto me dirigia à garagem de punhos cerrados, mas Sebastian insistia em me parar

- Desculpe, mas o seu pai previu que iria reagir assim então não a poderei deixar ir sem ele e Sheila

Comecei a acelerar o paço até ser parada por uma mão que segurava o meu braço, mas eu não aguentei mais e explodi de vez acertando em cheio no rosto de Sebastian e fazendo o mesmo cair no chão sem ficar desmaiado. Olhei o seu lábio quebrado a sangrar e não hesitei em correr para a garagem. Coloquei o capacete e subi para na moto ligando o motor da mesma. Após o portão estar aberto acelerei e saí de casa até ao local onde o meu telemóvel indicava.

Não tenho tempo a perder. É agora ou nunca!

A minha meia irmãOnde histórias criam vida. Descubra agora