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a lenda de naiá-sirena e a lua cheia
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i.
inefável, a clara lua em ti reflete, tão opalina...
faz-te uma ninféia para escusar-te dos lamentos em neblina
e tuas pétalas lacustres choram, naiá ninfa
orvalham, pois tua enluarada é cega, empalidecendo-te linfa...
não enxerga tua ânsia desejosa de desaguar,
de despir-te do ofélio delírio, do lúdico lírio!
teu sonho de, ao lado d'ela, adormecer sobre o cal perolado...
tão lassa estás de ser uma luzeira n'um rio!
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ii.
... desejas que teu braço oliva afague a noite branca...
que teus pés toquem o éter e deixem o solo lama...
que as açucenas-brancas virem estrelas e vistam-se de lembrança...
anelas afogar-te no céu prata –
que a flora maldita metamorfoseie-se em asas!
que enfronhe-se de passado este naufrágio na flor áquea!
mas tuas teimosas lágrimas, ah – mais impelem-te, mais afundam-te n'água...
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iii.
não queres... jamais quiseste!... que jaci velasse a ti sob o alvo olhar
queres... tanto queres!... que teu distante amor teça-te celeste flor
faça de ti vapor, evapore-te em ar!
... sempre devanearás, levitante, em tecer teu leito no vácuo minguante
beijar-lhe o lábio e tornar anafada tua amante...
e serão as tuas quimeras luar uma melodia a vagamente murmurar
"que encha a lua de naiá e jaci...
que amime o mar a luz cheia de jaci e sua naiá..."
as virgens a além amar... nébula-jaci e nénufar-naiá...
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florilégio
Poetrypoesia e prosa poética ♡ metáforas em flores e fantasia para traduzir a intimidade de meus sonhos, amores e vivências, pinceladas com um ou outro conto de fadas...