um reconto da lenda de psiquê e seu eros
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enfeitiçado, encarou-te o oculto querubim
cedendo a ti o níveo dilúvio, a nacarada grinalda e o nectáreo véu...
não hasteias, contudo, com tuas asas de marfim!
não, psiquê... tu mesma amainas-te no amor de mel...
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se teu coração às más línguas não acatasse,
o quão livre serias! ah, porque tanta liberdade havia
em amar este ser hialino por entre as traçadas da caligem,
em ofertar ao doce canto teu cerne virgem...
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mas escuta-as, teimosa, e aluis as nimbosas ceras da vela
em lumes gotejando sobre a face sincera, bela –
deveras além da venustidade de toda a clareira,
de toda a efervescente relva, o rosto era...
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e choras leves mariposas em lágrimas pálidas
nestas feições que dão nome às palavras amoriscadas...
são elas agora cálidas, acordadas! o rosto descrente do anjo raia
e vislumbra as flores afogueadas descendo de ti, sua lanceada!
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deixando-te só com tuas cascatas lináceas e pérolas orvalhadas,
faz-se eflúvio o bélico serafim...
velas o pranto de teu amado perecido – mais dourado que a candeia, mais dorido
que cada um antes ferido pelas flechas delfins...
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pedes, clemente, que reviva teu anjo! que retorne o aureolado
para teus braços brancos... "podes vestir-te das trevas, ó, meu alado,
podes virar sombra boreal, delirar-te de besta perenal,
desde que eu tenha no enlaço teus lábios ao meu lado!"
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amerceam-se de ti os numes, a cada algia da faina ilusória...
mas, como arde, leitoada, a flâmula do desalento em teu peito!
clamas – que estas belisárias cargas tragam-te tua vitória,
que mire-te com mercê teu esposo eleito, que não rendas-te ao infindo leito!
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ah, lancinantes são as feridas esmaecendo tuas preces...
recaem em ti as lidas árduas, jamais alumbrando o encanto de tua pele
... e vai-se erguendo tânatos do solo, vagaroso, cacheando-te em visco...
... devaneiam teus olhos, em meio à finda, teu moroso príncipe de hibisco...
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pensas ser desvairo, este sabor doce da morte e seus lábios
cessas o flutuar tênue de teus cílios, crendo enfrentar, enfim, o desenlaçado horror
vês, no entanto, o talhe do airoso estio! é ele, o teu amor
levantando-te em numinosos laivos, beijando-te, febril!
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belbellícia psiquê, é pelo selar contente que o arcanjo
faz-te renascer... ah, como te estima, o júbilo por ele mesmo flechado!
como torna-te alífera ternura, das delicadas asas translúcidas,
tu, corpórea alma, etereal tal as deidades lúcidas!
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voas, esvoaças, rente ao teu noivo, para o empíreo eviterno...
tem sabor de delícias a vida a sempre flavescer, carente do hesterno...
e sabes, todavia, que nem a mais celeste olímpica afere-se à célere sacarina
de resvalar teu corpo no teu eros – de amá-lo na mais rósea sina...
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florilégio
Poezjapoesia e prosa poética ♡ metáforas em flores e fantasia para traduzir a intimidade de meus sonhos, amores e vivências, pinceladas com um ou outro conto de fadas...