5.07.1964 – 03.01.2016
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"dorme, minha pequena
não vale a pena despertar
dorme, minha pequena
não vale a pena despertar...
eu vou sair por aí afora
atrás d'aurora mais serena..."
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... teci-me à vida em levitante embrião teu
és hiemal e, à minha íris filial, sempre prateada,
sempre pelo lume da lua e pelo lume do mar pintada
com teu timbre de veludo eriçando ao harpear-se pelo frio...
com o timbre de teu toque eriçando-me em carinho macio...
com o fluir acolhedor d'água, de tez perolada, benzendo-me teu rio...
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ao restante, teceste-te em carmim corante, em madura orquídea
abençoada pelo lumaréu em tinta ígnea – perecendo, sanguínea,
as cãs de incivis e de baunilhas... ao restante, tu os lavava em sangue
bastava teu riso para cessar os ceifares aviltantes
bastava teu veloso entoar para anular a olência da tortura
bastava teu materno seio para batizar a agonia em ternura...
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delibero-me deveras alífera, um sopro pastelado de brisa...
lavro-me n'uma leveza deveras ínfima, semente de silfa...
inquiro, sou digna da linfática primavera flamejando de tua poesia...?
ou muito apedrejo-me em minha malsonante voz nectarina, ou
muito dano-me em minhas lágrimas delgadas e mãos quebradiças,
para sequer ser porcelana-bailarina bailando à ária de tua vida?
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e sei, sei que estás vestida na terra de maviosos atavios...
sei que não mais apalpas o tátil e que o céu virou teu ninho...
mas a tua cálida fibra e córnea cor-de-trigo sinto, sinto...
ouço, ouço teu murmúrio ao meu lóbulo, n'um "bom-dia" auróreo,
e abraça-me, enlaça-me o teu corpo arbóreo... sou eu a que é cerúlea,
sou eu a finada pelas açucenas nuas... sou eu, que não sei enfeitar-me crua...
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inunda-me o receio, pois embalavas mesmo gaia em teu leitoso seio...!
pois anuncio-me inerte e sonâmbula, librando em haste bamba,
pois em minha língua a felicidade asila-se em dor branda...
e afrodite nina-me ao colo, urânia... mas mal inalo; evolo-me n'um
amorfar casulado... em ser, inconstância, uma alvéola sem ânsia...
deveria, então, ser eu a eviterna criança... eu a névoa presa em lembrança...
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"é como uma flor"
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florilégio
Poesíapoesia e prosa poética ♡ metáforas em flores e fantasia para traduzir a intimidade de meus sonhos, amores e vivências, pinceladas com um ou outro conto de fadas...