the swan lake, act i (scene 2)
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n'uma concha a manar a madrepérola que reflete a rosácea auréola
espreguiça-se de fininho a cisne tenra, tintada tal o sol nas madrugas pálidas da terra...
uma ave mais que bela, a nascida de tal cor cálida, de tal nácar flumíneo!
suas asas lactantes anseiam decolar da lagunosa superfície, fiadas a tatearem o empíreo!
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neste voo floreado e vago, a áquea falha em elevar-se à abóbada rosada
a filha da valva vai perecendo suas penugens alvas... borboletando em pele de donzela as graças aladas...
e pousa em airosidade na beira do rio, enterrando os pés nos enlameados lírios, de dedos ainda conservando o alvadio
ora, nascera fauna na penumbra do búzio, mas consagra-se uma ninfa ao alar-se n'um canto mudo!
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como chamariam esta casta princesa, crepitando em mãos humanas císnea beleza?
os filósofos clamam o carmim de seus lábios como o profetor de árias de aérea e terrível natureza,
imitando a suavidade com qual o fim chega... ah, mas não entoa esta leda qualquer mórbida profecia – ela celebra a vida!
e sequer canta, pois sua fauce longa é não apenas da concha, mas da lácia lira... é sua face afrodísia a surgir toadas na mente que delira!
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escutam melodia vindo d'aquela afemia, e submetem-se ao repouso da morte perante a ode calada e não falecida
todavia, a moça das asas vítreas é leiga ao fascínio térreo e às fábulas recém-amanhecidas...
ocupa-se em mirar a finura do lago – o revérbero do céu longínquo e das femininas feições, ainda de passarinho,
as quais acaricia ao imergir o rosto no aquático ninho... no embeber de beijos, fia-se n'uma só eco e narciso...
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após tais enlaces aquarinos, floresce o dia e renascem no corpo mundano as plumas alabastrinas...
descansa seu cerne ave no cenho da lagoa, enamorada pelo ar ainda de menina e sua tão narcísia boca
crosta-se o hélio – perante sua beldade, pequenino – sobre o crânio alvejado como coroa...
e suas asas imitam as dos angélios, os seres sílficos a ornarem jacintos na guirlanda de rívea ostra!
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o arco alumiado a hastear do horizonte levantino é um véu... testemunha e marina seus olhos cristalinos o céu...
nesta ode abençoada pela ninfa laceada, a aliança da noiva cisne mais aparenta uma crisálida nívea!
elísia, elísia, rosalina passarínea! abençoa-se e esposa-se dela mesma, plena na pele d'alva delfina...
teceu-se amorísia, e não mais pela arcada cerúlea e idília, mas por suas flamas lacustres e embranquecidas!
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e ao anuir-se – ao seu coração escolher a si, e não aos astros divinos –, repousou mais uma vez a noite e sua caligem...
mas a lua melícia bem-fada a asada virgem, sem camuflá-la em moça pálida e lavada –
pois o imo de natura perolada deslinda, enfim, que ser amoriscada é enlevar-se por sua bailarínea neblina,
e não pelos numes etereais, longes do bulício que de ser pássaro opalino cantando à vida destila, nadando só no numício infinito...
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le cygne, camille saint-saëns
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florilégio
Poetrypoesia e prosa poética ♡ metáforas em flores e fantasia para traduzir a intimidade de meus sonhos, amores e vivências, pinceladas com um ou outro conto de fadas...