xiii. a fábula da virgem cisne

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the swan lake, act i (scene 2)

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n'uma concha a manar a madrepérola que reflete a rosácea auréola

espreguiça-se de fininho a cisne tenra, tintada tal o sol nas madrugas pálidas da terra...

uma ave mais que bela, a nascida de tal cor cálida, de tal nácar flumíneo!

suas asas lactantes anseiam decolar da lagunosa superfície, fiadas a tatearem o empíreo!

neste voo floreado e vago, a áquea falha em elevar-se à abóbada rosada

a filha da valva vai perecendo suas penugens alvas... borboletando em pele de donzela as graças aladas...

e pousa em airosidade na beira do rio, enterrando os pés nos enlameados lírios, de dedos ainda conservando o alvadio

ora, nascera fauna na penumbra do búzio, mas consagra-se uma ninfa ao alar-se n'um canto mudo!

como chamariam esta casta princesa, crepitando em mãos humanas císnea beleza?

os filósofos clamam o carmim de seus lábios como o profetor de árias de aérea e terrível natureza,

imitando a suavidade com qual o fim chega... ah, mas não entoa esta leda qualquer mórbida profecia – ela celebra a vida!

e sequer canta, pois sua fauce longa é não apenas da concha, mas da lácia lira... é sua face afrodísia a surgir toadas na mente que delira!

escutam melodia vindo d'aquela afemia, e submetem-se ao repouso da morte perante a ode calada e não falecida

todavia, a moça das asas vítreas é leiga ao fascínio térreo e às fábulas recém-amanhecidas...

ocupa-se em mirar a finura do lago – o revérbero do céu longínquo e das femininas feições, ainda de passarinho,

as quais acaricia ao imergir o rosto no aquático ninho... no embeber de beijos, fia-se n'uma só eco e narciso...

após tais enlaces aquarinos, floresce o dia e renascem no corpo mundano as plumas alabastrinas...

descansa seu cerne ave no cenho da lagoa, enamorada pelo ar ainda de menina e sua tão narcísia boca

crosta-se o hélio – perante sua beldade, pequenino – sobre o crânio alvejado como coroa...

e suas asas imitam as dos angélios, os seres sílficos a ornarem jacintos na guirlanda de rívea ostra!

o arco alumiado a hastear do horizonte levantino é um véu... testemunha e marina seus olhos cristalinos o céu...

nesta ode abençoada pela ninfa laceada, a aliança da noiva cisne mais aparenta uma crisálida nívea!

elísia, elísia, rosalina passarínea! abençoa-se e esposa-se dela mesma, plena na pele d'alva delfina...

teceu-se amorísia, e não mais pela arcada cerúlea e idília, mas por suas flamas lacustres e embranquecidas!

e ao anuir-se – ao seu coração escolher a si, e não aos astros divinos –, repousou mais uma vez a noite e sua caligem...

mas a lua melícia bem-fada a asada virgem, sem camuflá-la em moça pálida e lavada –

pois o imo de natura perolada deslinda, enfim, que ser amoriscada é enlevar-se por sua bailarínea neblina,

e não pelos numes etereais, longes do bulício que de ser pássaro opalino cantando à vida destila, nadando só no numício infinito...

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le cygne, camille saint-saëns

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