como a estrela levantina enlaçou a aurora adormecida
♡
onira letargia... tens nome da rosa e do dia,
princesa onírica, aninada em luzidia feeria...
mas a escarlate fenda a escorrer de teu dedo,
cruenta, cede-te à cegueira infinda...
♡
todavia, canora princesinha, descortinas, ainda,
por detrás das pálpebras 'branquecidas,
o vetusto sonho com a fábula amorísia –
ele perdura em teu devanear, tua nectárea utopia...
♡
como alumia o breu perene, a tua quimera mélica...
as floras em coma vêm ornar-te, em sonífera primavera,
a coré da malacia morfética... ninam-te, bela adormecida,
mesmo teus enastrados cílios... oh, ensonados plebeus –
♡
elegem-te fabular menina, doce noiva de morfeu...
servem-te melenas inertes de tua loura crina,
até a própria inércia, cega, se camufla de tua serventia
oh, nectarina, jasmínea, camomila-menina...
♡
e desce do céu a estrela d'alva, urânia adourando o ar...
vênus cerúlea encara-te, aurora, saudosa
por teu eufono bocejar... caricia tua face vagarosa
com os dedos áureos e, morosa, beija tua ferida rosa...
♡
n'uma canção-de-ninar, a eufônica deusa
à vida te acalenta... desperta-te do cerne velado,
do álgido enluarado... vela-te, lábios dourados
sobre os teus rosados, e emancipa-te do inerte fardo...
♡
ah, belo avivar!... a boniteza efêmera desliza, ricocheteia
aos teus poros e às tuas veias... agora, a lépida lembrança
d'eternidade de lavanda apenas te bem-assombra... benzes-te
no pertencer à solária lâmpada, no assolar à amásia sombra...
♡
a mamãe gansa à sonolenta filha entoa...
VOCÊ ESTÁ LENDO
florilégio
Poetrypoesia e prosa poética ♡ metáforas em flores e fantasia para traduzir a intimidade de meus sonhos, amores e vivências, pinceladas com um ou outro conto de fadas...