às três graças
♡
"de par en par en la ventana
se abrió como por encanto
entró el amor con su manto
como una tibia mañana
al son de su bella diana
hizo brotar el jazmín
volando cual serafín
al cielo le puso aretes
(...)
los convirtió el querubín"♡
♡
o sol boceja e lava de palidez os espumosos cachos da beira-mar ao raiar no horizonte... como é clara a marina água que borbulha brancas grinaldas, este espelho líquido da virgem alvorada! ela funde-se, enamorada, ao cristalino excelso d'uma pérola e ao bege desbotado d'areia, coroando, aquosos louros, a neném de nome alumiado... murmuram os astros longínquos que a neném borbotou como germinaram as flores nesta primavera mais doce, mas sabia o sol — pois conhecia-lhe de perto — que foi seu despontar beijando o brilho d'água que fez nascer a menina, imitando, tão humana, o leniente encarnar da vênus deífica... e o néctar marítimo, sacro como quem abrolha uma deusa, acaricia com afeto os olhos — amendoeiras em flor — e cana vira sob o riso rosado da infante! é o riso da criança que açucara a água antes salgada, ou são as três graças ninando-a na míngua do entardecer que entoam tais risadas?... uma tarde estranha é, carente de seus lilases tons e cheia d'um lume acalente, um azul colorido n'alvura às manhãs pertencente, pincelada da cor auroreal d'uma peônia, ou d'uma rosácea cerúlea levantando-se n'abóbada... tenra é a criancinha nascida n'aurora; ela eternece nos crepúsculos a ternura d'uma manhã!... tália faz os olhos pueris sorrirem girassóis, murmurando-lhe uma canção-de-ninar recorrente em vênus e banhando-lhe o coração com a linfa divina... eufrosina, alegria, abençoa-a, junto à musa arcadista, com o sonhar infinito d'uma alma campesina... aglaia, a dona de humor por entre as covinhas, dá-lhe o talento da luz, pois é ela a própria claridade que nomeia a menininha... "e os dons lhe são tão simples e tão os mais belos!," cantarola a cegonha, com uma brancura intimidante à espuma, segurando aquela neném por sacarina abençoada em suas asas! ah, o aquoso batismo de doçura dá à lactente criaturinha, em vida, o presente de mirar em tudo os contos celestes apenas dos serafins e das silfas, das nuvens e das angélicas harpas, do miolo de vênus e das pétalas das luas, do infinito que o sol teima em beijar...
♡
VOCÊ ESTÁ LENDO
florilégio
Poesíapoesia e prosa poética ♡ metáforas em flores e fantasia para traduzir a intimidade de meus sonhos, amores e vivências, pinceladas com um ou outro conto de fadas...