Capítulo 23
Estebán chegou em casa em dez minutos, e a julgar pela forma como ele estava sem fôlego e por quão incaracteristicamente suas roupas estavam amarrotadas, tive a sensação de que ele havia mudado de forma para percorrer todo o caminho. — Você está bem? — Ele perguntou, olhando-me com uma preocupação inconfundível em seu olhar. Ele segurou meu braço e o toque que uma vez me enfurecia imediatamente liberou toda a tensão que eu estava segurando.
— Estou bem — eu disse, inconscientemente, aproximando-me dele. — Onde está o Zeca?
— Pablo o encontrou tentando sair por um ponto fraco na fronteira. Ele está sob custódia.
— Em algum lugar seguro?
— Se a nossa prisão é capaz de manter Alfas que se transformam em máquinas de matar sanguinárias, acho que pode controlá-lo.
— Prisão? — Eu fiz uma careta.
— É apenas temporário, mas soava sério no telefone, então eu assumi que a segurança dele era prioritária em relação ao seu conforto.
— Não, você está certo. Obrigado — eu disse suspirando. Eu realmente tenho que parar de fazer isso. Isso sempre me faz tossir.
— Sente-se — ele murmurou, empurrando-me em uma cadeira. — Onde está o seu inalador?
— Estou bem — eu disse, limpando a garganta. — Mesmo. Apenas estressado.
— Esse é o problema. Você não pode continuar se estressando assim, é ruim para sua saúde.
Decidi não o lembrar de que minha saúde provavelmente era uma causa perdida neste momento e decidi, ao mesmo tempo, não me deixar pensar no relatório que teria de ouvir em alguns dias. Ainda era um choque que ele se importasse e eu não me deixaria pensar sobre o porquê.
— Diga-me o que aconteceu— disse ele, sua voz grave e suave.
Eu mastiguei meu lábio inferior em contemplação. — Eu acho que você vai ficar chateado.
— Eu tenho certeza. Me diga de qualquer maneira.
— Primeiro, quero que você me prometa que, seja o que for que eu diga, você não vai descontar no Zeca.
— Eu tenho apostado toda a minha reputação e meu papel como líder deste grupo em protegê-lo. Ele é minha responsabilidade também, seja por sangue ou por lei — disse ele, franzindo o cenho para mim. — Eu não posso protegê-lo se eu não sei o que está acontecendo, e eu não posso ajudá-lo se você não fala comigo.
— Ok, justo o suficiente. Eu provavelmente deveria começar com o fato de que Zeca está convencida de que você matou Alana, e está planejando se vingar. Eu falei com ele, mas eu não acho que acreditei quando ele admitiu que pode estar errado. Que a matilha Stevenko pode ter feito uma lavagem cerebral nele.
Ele olhou fixamente para mim. — Isso é tudo?
— Por que você diz isso como se você não estivesse nem um pouco surpreso?
— Porque eu não estou. — Ele encolheu os ombros. — É fácil o suficiente para juntar. Ele é um adolescente e eu sou, para todos os efeitos, seu padrasto. Deus sabe que tentei matar os meus o suficiente.
— Você tem algumas expectativas fodidas de dinâmica familiar, e nós vamos falar sobre isso um dia — eu disse. — Mas por enquanto, você não está nem um pouco preocupado que ele quer te matar?
— Ele pode tentar se quiser. Zeca é um jovem Alfa, convencido de que sabe tudo e se embriaga com seu novo poder.
— Sim. Percebi que ele desenvolveu a capacidade de escalar edifícios altos do dia pra noite. Você não achou que deveria me avisar sobre isso?
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Morda-me - Lobos de São Paulo #1 (Completo)
WerewolfDois homens e um acordo... Paixão ou amor não são cláusulas incluídas nele. Afinal uma das partes contratantes tem um casamento político onde as regras são claras dentro de seu mundo. Mas, não tão claras no mundo humano. Estebán é o estereótipo...