Capítulo 25
Tinha sido uma semana de honestidade brutal, mas quando chegou a hora de contar a verdade ao Zeca, ainda me sentia despreparado. Ele foi transferido para instalações mais confortáveis e não menos seguras no prédio principal onde a matilha residia, mas eu tinha certeza de que ele ainda estava chateado comigo por mantê-lo trancado, mesmo que fosse para sua própria proteção. Eu esperava uma emboscada quando entrei pela porta, mas fiquei surpreso ao encontrá-lo lendo no sofá. Quando Zeca olhou para cima, ele realmente não parecia querer me matar, o que foi um começo.
— Hey — eu disse, fechando a porta atrás de mim. Eu convenci Estebán a me deixar fazer isso sozinho, mas ele ainda insistia em guardas do lado de fora da porta. Como se ele fosse mudar de forma e tentar fugir.
— Hey. — Ela fechou o livro e mordeu o lábio inferior enquanto me observava como se não soubesse o que dizer tanto quanto eu.
— Eu sinto muito — nós dois começamos ao mesmo tempo.
— Você sente? — Eu perguntei, surpreso.
Ele desviou o olhar, franzindo a testa para o chão. — Fiquei chateado quando você me contou sobre Estebán. Eu tirei algumas escolhas de você e sei que você está apenas tentando lidar com tudo isso da mesma forma que eu.
— Essa é uma perspectiva muito madura — eu disse, andando até ele.
Ele revirou os olhos. — Eu ainda o odeio.
— Isso é bom. Eu odiava ele também, no começo. Você não precisa gostar dele, mas precisa respeitá-lo — respondi. —Se não como meu companheiro, então como o líder desta matilha.
— Eu sei. — ele murmurou. Eu esperava que Zeca brigasse comigo, e ainda havia uma chance de ele estar só me dizendo o que eu queria ouvir. — Eu vou ficar preso aqui para sempre, não vou?
— Não para sempre. Só até a caçada acabar e não ter chance da matilha Stevenko te pegar.
Zeca me observou, procurando meu rosto intensamente. — Você realmente confia nele, não é?
— Eu confio — respondi, sem hesitação.
— Com a sua vida? — Ela desafiou.
— Com algo muito mais importante do que isso.
Sua indignação se transformou em tristeza. — Você não é um lobo. Você não precisa passar por essa tradição ridícula apenas para me proteger.
— Ter não tem. Mas eu vou.
— Eu acho que você já se decidiu.
— Sim. Não foi só você que herdou a teimosia da mamãe.
Ele sorriu e eu poderia dizer que não queria. A preocupação voltou ao seu olhar quando me olhou. — Você está realmente diferente. Seu perfume também está. Agora que posso mudar, noto mais as coisas.
Eu engoli em seco. Eu ouvi muitas histórias sobre cães sendo capazes de cheirar quando alguém estava doente, então era provavelmente uma questão de tempo antes que ele descobrisse de qualquer maneira. — Há algo que eu preciso te dizer.
Zeca parecia nervoso, o que era compreensível, considerando a última bomba que eu deixei cair sobre ele, mas não disse nada.
— Estou doente, Zeca. Eu realmente não sei mais o que dizer, e você não sabe, mas nunca fui bom nesse tipo de conversa — eu suspirei, passando meus dedos pelo meu cabelo. Eu não consegui olhar para ele, e quando finalmente consegui coragem para isso, seus olhos estavam cheios de confusão.
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Morda-me - Lobos de São Paulo #1 (Completo)
WerewolfDois homens e um acordo... Paixão ou amor não são cláusulas incluídas nele. Afinal uma das partes contratantes tem um casamento político onde as regras são claras dentro de seu mundo. Mas, não tão claras no mundo humano. Estebán é o estereótipo...