Capítulo 2 - The Walking Dead

71 7 23
                                    

Tomas

Ansel sentou-se em uma das cadeiras. Ainda me encarava, incrédulo. Após conseguir acalmá-lo peguei um copo com água e entreguei a ele.

- Beba, você está sem cor.

Silêncio. Eu podia entender o quanto isso seria confuso em sua cabeça, mas precisava que confiasse em mim, minha vida dependia disso.

- Então, você não morreu han? – Ele finalmente conseguiu dizer, mesmo que gaguejando.

- Não da última vez que chequei – Tentei quebrar o gelo – Escute, eu prometo que vou te contar tudo, mas primeiro preciso da sua palavra de que isso ficará entre nós, que posso confiar em você.

Ele deu de ombros, levou o copo até a boca e deu um gole longo, depois, colocou o copo no chão ao seu lado. Estava um pouco trêmulo e ainda suando bastante, esperava que fosse forte o suficiente para não desmaiar e me obrigar a levá-lo a um hospital.

- Você vai ficar bem?

- Vou argh – Ele limpou o suor com o avental em seu colo – Quero dizer, é muito para processar, eu... Acabei de ver sua família em um memorial na escola, todo mundo, nossos colegas, todos pensam que você cometeu suicídio e estão sofrendo com isso, eu estava, um pouco, não que eu estivesse sofrendo mais que os outros, até por que nós só nos falamos no dia em que você salvou a minha vida, mas ainda assim, eu estou nervoso, por isso não consigo calar a boca.

Ele era fofo quando estava nervoso. Peguei uma cadeira e me sentei em frente a ele, toquei suas mãos sutilmente, ele as afastou por um momento, depois deixou que eu continuasse as tocando.

- Sente isso? – Coloquei sua mão no meu peito, para que pudesse sentir meu coração batendo – Meu coração ainda está batendo – Soltei suas mãos, gentilmente – Mas as pessoas lá fora não podem saber disso, ninguém pode, pelo menos não nos próximos dois meses, depois disso eu vou poder desaparecer para sempre.

- Desaparecer? O quê? Você tá fugindo de alguém ou algo do tipo, você irritou a máfia?

O jeito como ele dizia coisas aleatórias quando estava agitado era admirável, genuíno.

- Não, eu não irritei a máfia ou a polícia – Tentei tranquiliza-lo – Mas existem pessoas que podem colocar minha vida em perigo e eu vou ter o prazer de te explicar tudo, contanto que você me prometa que não vai contar a ninguém que estou escondido aqui.

- Eu... Eu prometo.

Algo sobre Ansel me fazia querer confiar nele, uma ternura, ele guardaria meu segredo, eu sabia disso.

- Certo, então me deixe te explicar sobre como me querem morto.

Um dia antes das férias de verão

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming so you better run

Run fast for your mother run fast for your father
Run for your children for your sisters and brothers
Leave all your love and your longing behind you
Can't carry it with you if you want to survive

Aumentei o volume do som enquanto dirigia prestes a entrar na ponte que cruzava a cidade, já no início consegui ver enquanto dois garotos intimidavam um terceiro, caído no chão. Pisei no acelerador, mas não a tempo de que eles conseguissem entrar no carro e fugir.

Freei bruscamente, conhecia o garoto caído no chão. Ansel. Pegávamos algumas aulas juntos. Desci do carro e corri até ele.

- Você está bem? Precisa ir a um hospital! – Tentei não soar muito desesperado.

Corações FlamejantesOnde histórias criam vida. Descubra agora