Christmas Curse - Um especial de natal

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Olá, já faz algum tempo desde que Corações Flamejantes terminou. Mas, Shadow Creatures, meu novo romance de fantasia, se passa no mesmo universo e que melhor época que o natal para escrever sobre esses personagens marcantes novamente? Então, feliz natal, e espero que gostem. Não deixem de conferir Shadow Creatures.

Os cobertores macios e quentes proporcionavam à garota um dos momentos de catarse que mais apreciava. Dormir era uma das coisas que não dispensava em nenhuma ocasião. Mas, dormir como naquele dia, em que a neve caia fora da janela e o cheiro de chocolate quente recendia pela casa, era o mesmo que estar no paraíso.

O barulho da porta do carro sendo fechada abruptamente a acordou. Mesmo que seu quarto ficasse no primeiro andar, a forma imponente que a mãe optava por anunciar sua chegada sempre a fizera perder o sono. Ainda atônita, pela noite prazerosa e pesada, ela colocou os pés descalços sob a madeira fria do chão.

Imediatamente, recolheu as pernas e procurou pelas sandálias ao lado da extensa cama. Com sutileza, após calçá-las, a garota colocou-se de pé e se aproximou da janela. A vista privilegiada de seu quarto a permitia enxergar toda área da propriedade que cercava a mansão.

Lá fora, a grama tinha há muito sido engolida por pesadas camadas de neve, onde agora, marcas de pneu levavam até a porta de entrada. As árvores ao redor do jardim tinham folhas caídas e pesadas, também brancas, em sua maioria. Já do outro lado, um pouco mais distante, onde sua vista começava a vacilar, ela podia ver o depósito do pai sendo aberto pelo capataz da família.

Já na entrada da mansão, a esplêndida limosine preta estava parada com duas, das quatro portas do lado direito, abertas. Três ou quatro funcionários se revezavam na tarefa de tirar diversos presentes embrulhados do veículo. A mãe também estava lá. Usando um requintado vestido branco, sua cor de assinatura, que acentuava notavelmente os cabelos loiros, ela fazia gestos, indicando aos trabalhadores onde depositar os pacotes intermináveis.

Finalmente, quando a última caixa, um pouco maior do que todas as outras, estava sendo removida por um funcionário, ela pode ver o irmão se prontificar para intercede-lo. Hoje, as cores escuras clássicas que sempre usara marcavam presença no pesado moletom preto e calça cinza. Mas, algo sobre ele parecia diferente, ao contrário do perfeccionismo de costume, ele tinha os fios pretos do cabelo, desarrumados.

Quando as portas foram fechadas e a limosine foi retirada, ela percebeu que, ao contrário do que pensava, o pai não acompanhara a mãe e o irmão nas compras, apesar de na noite anterior prometer que tiraria um tempo do trabalho estressante para escolta-los.

Aquele dia seria longo, ela sabia disso pela movimentação barulhenta no térreo da majestosa mansão. Não se permitindo pensar nos sorrisos desgastantes e elogios falsos que receberia, a garota caminhou até o enorme espelho de vidro sustentado por hastes de madeira, posicionado ao lado do guarda-roupas e encarou o próprio reflexo.

Como já era esperado, a pele branca assumia um tom ainda mais claro nessa época do ano, mas, em contrapartida, isso servia para realçar os volumosos cabelos pretos encaracolados. Admirada, ela levou suas mãos até eles e sentiu por um momento a textura e maciez. Então, um sorriso genuíno percorreu seu rosto. Estava satisfeita, sim. Aquele, tinha tudo para ser o melhor natal de todos.

A ceia de natal seria dada ali mesmo, na mansão. Os convidados de honra daquela noite eram muito importantes para o irmão, e, eventualmente, para ela. Tinham o privilégio de ter um relacionamento muito próximo, sem segredos um do outro.

— Querida? – duas batidas na porta interromperam seu fluxo de pensamento. – Está acordada? – perguntou a mãe.

— Só um minuto! – ela respondeu, saindo da frente do espelho e percorrendo o grandioso quarto em direção a porta, então girou a maçaneta e puxou-a.

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