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Justin tentava se aproximar mais de mim, eu não entendia muito bem. Até porque ninguém gostava de mim naquela escola.
Eu achava que ele era como todos os outros garotos. Mas, ele é engraçado, compreensivo, educado, inteligente, além de ser lindo pra cacete.
Justin era um cara legal. E acho que não faria mal se fôssemos amigos. Faria?

Sexta era o dia que teríamos que apresentar o trabalho. A Sra. White chamava os nomes e a dupla ia até à frente, lia a redação e falava um pouco sobre o assunto.

"Kiara e Justin, por favor."

Justin e eu dividimos o assunto entre nós, ele leu uma parte e eu li outra.
Na hora de falarmos sobre o assunto, a sala começou a cochichar e a rir.

"Eu não sei se consigo fazer isso." - falo baixinho, apenas para Justin ouvir. Ele segura minha mão e faz um breve carinho nela.

"Deixa que eu faço. Fica calma." - ele sorri amigavelmente para me tranquilizar.

"Você não é durona, Kiara? Não consegue apresentar um trabalho?" - alguém grita do outro lado da sala.

Todos começam a rir. Meu sangue sobe e quando dou conta, estava falando o que não devia.

"Primeiro. É com gente igual à você que a sociedade se perde. Vocês vivem criticando as pessoas à sua volta apenas por não atenderem seus critérios! São pessoas como todos vocês, e se parar para pensar vivem de forma mais organizada que muitos. Pois se ajudam, não esqueçam o próximo, seja quem for. Vocês se sentem ameaçados, e ao invés de enfrentar, preferem ferir com palavras, jogar sujo!" - olho para a professora que me olhava impressionada e para Justin que sorria.

Depois de acabar as aulas, quando estava entrando no meu carro, Justin aparece repentinamente.

"Hey, gatinha." - ele ri.

"Que susto!" - rio junto à ele.

"Pode me dar uma carona pra minha casa? Eu tô sem meu carro e meu pai esqueceu de passar pra me pegar." - ele faz um biquinho com a boca.

"Claro. Entra ai." - ele sai correndo e entra do outro lado.

Ligo o carro e sigo as direções que Justin manda. Chegando em frente a sua casa, ele tira o sinto e fica quieto por alguns segundos.

"Não sei se você aceitará. Mas...Você quer ir em uma festa?"

"Uma festa? Eu..."

"Tudo bem. Não precisa. Eu pensei que você gostaria de ir, mas não têm problema."

"Não. É que eu não sou acostumada a ir em festas do pessoal da escola. Mas, se você está me chamando... Eu vou com você."

"Vai ser amanhã às nove. Eu te busco, então?" - Ele me beija na bochecha e pula pra fora do carro.

Eu fico olhando pra ele e quando olho no espelho, percebo que eu estava com um sorriso de orelha à orelha.

[...]

No sábado de manhã resolvo ir até os garotos. Vou até à casa de John B. e de longe o vejo mexendo na kombi.

"Tá tudo bem ai?" - me aproximo dele e o abraço.

"Problemas com o motor." - ele suspira.

"Cadê os outros?" - Me sento em um dos bancos.

"Pope foi ajudar o pai a entregar algumas encomendas. JJ não apareceu desde ontem."

"Será que ele tá bem?"

"JJ? Não deve ser nada demais. Deve ter saído com alguma garota ou algo do tipo."

"Deve ter sido. Ei, John? Me desculpa se disse algo aquele dia. Não queria afastar vocês..."

"Não tem que se desculpar, Kie. Você e ele são... amigos?"

"Eu e o Justin? Fizemos um trabalho juntos e talvez isso tenha criado algo, ele é legal, não é babaca como a maioria."

"Isso é bom. Pode ligar pra mim?" - Entro na kombi e viro a chave. Porém, não responde. Tento duas ou mais vezes e nada.

"Droga. Merda de motor!" - John B. bate na lataria.

"Não seria melhor chamar um mecânico?"

"Além de cobrarem um absurdo, depois de quinze dias o carro para de funcionar por completo." - ele pega a ferramenta na caixa.

[...]

Eu estava nervosa, nervosa até demais. Respiro fundo antes de abrir o guarda-roupa. Eu não era muito de sair tão arrumada, então não tinha algo com toque delicado e feminino.
Minha mãe entra no meu quarto com duas peças de roupa, coloca em cima da cama e sorri pra mim.

"Achei que você iria precisar para seu encontro!"

"Não é um encontro, mãe! Só vou sair com um amigo."

"Seja o que for... Você vai ficar linda nesse." - ela coloca um vestido preto transpassado, com alça dupla na frente do meu corpo.
Pego o vestido de suas mãos e vou me trocar.

O vestido deixava minhas coxas bem ostensiveís, meus seios palpáveis e minhas curvas ressaltadas. Coloco um salto preto, e passo um pouco de maquiagem, bem simples.
Eu me sentia arrumada demais, mas, minha mãe dizia que eu estava linda.

A campainha toca e eu vou abrir, na esperança de encontrar Justin. Mas, meus olhos se encontram com o de JJ.

"JJ? O que tá fazendo aqui?" - Saio para fora, para meus pais não ouvirem.

"Eu...Eu." Estava claro que ele havia bebido e que estava impossibilitado de dizer algo com nexo.

"Qual é JJ? Por que você sempre ultrapassa os limites?" - ele fecha os olhos e balança a cabeça antes de me segurar pela cintura.

"Eu te quero, Kie." - ele diz se aproximando dos meus lábios.

"V-você tá bêbado." - meu olhar se fixa em sua boca levemente avermelhada.

"Você também quer, não quer?"

Nossos lábios se encostam, porém, nos afastamos quando ouço um carro se aproximando.

"E-eu... tenho que ir." - Justin acena do outro lado pra mim.

"Você prefere aquele babaca?" - JJ solta.

"Ele não é um babaca. Você que está sendo agora. Vai embora, JJ. Você não está bem."

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Continuo?

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