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O olhar de JJ não mentia, ele estava esperando a minha resposta, eu não sabia o que dizer. Dizer "não" e guardar esse sentimento pra mim, como nunca houvesse nada entre nós, ou dizer "sim" e por em risco a minha amizade com o grupo. Ele pega na minha mão e me olha no fundo dos olhos, me deixando mais nervosa ainda.

"Eu sei que..."

"Não. Por favor, não fale mais nada." - Retiro minha mão da sua e me afasto dele.

"Eu fiz algo de errado?" - ele me olha confuso.

"Não você não fez nada de errado, errado é isso que estamos... tendo."

"Então você não gostou? Por que então disse que me queria naquele dia?"

"Como é? Não se esqueça que quem foi na minha porta, e disse que me queria primeiro foi você!"

"E foi você quem avançou, você que me beijou e..."

"A verdade é que e-eu..." - ele continua, mas para e olha pra frente, sem dizer mais nada.

"Nunca daria certo, JJ. Não podemos colocar em risco a amizade com os nossos amigos, não podemos mentir e nem nos machucar. Você sabe disso."

Olho pra ele. e ele simplesmente se levanta e sai correndo no meio da chuva. JJ não diz uma só palavra, muito menos olha para trás. Aquilo doeu, ver ele mal, doeu. Mas, eu não podia arriscar. Eu nem sabia se sentia algo por ele, e nem ele ao certo tinha certeza de seus sentimentos. Me sento na cadeira e deito a cabeça no meu próprio braço, tentando conter a corrente fria que atingia o meu corpo.

Abro os olhos, assustada, achando que tudo aquilo tinha sido um pesadelo, mas, ao perceber onde estava, a roupa molhada, percebi que não era uma ilusão minha. Tudo aquilo havia acontecido. Minha mãe na cama com outro, JJ se abrindo para mim, e eu vendo ele ir embora. E naquele instante eu desejo voltar a dormir e só acordar quando tudo isso acabasse. A tempestade tinha acalmado, mas ainda chovia um pouco. Suficiente para sair dali. Eu estava preocupada com JJ. E só o que eu conseguia pensar era: "Será que ele está bem?" "Se algo aconteceu, a culpada foi você!"

Saio para fora da tenda do restaurante e consigo visualizar, mesmo que de longe, alguns surfistas na beira da praia, olho ao redor, para ver se JJ estava por ali. Algo pouco provável, já que fazia um bom tempo que ele partido.

A serena brisa, fria e úmida bate na minha pele, enquanto caminho para a casa de John. O medo me consome quando fico de frente a porta de madeira. Medo de me deparar com JJ.
Mas, antes de qualquer ação, Pope abre a porta e sorri ao me ver.

"Até que enfim, senhora Carrera."

"Que bom te ver Pope!" - o abraço fortemente.

"Você tá toda molhada e gelada, esqueceu de tirar a roupa na hora do banho?" - sorrio.

"Eu acabei me molhando na hora que estava vindo pra cá. Mas, cadê o John?"

"Bom... John foi comprar uns equipamentos pra combe."

"Entendi. Tem problema de eu... ficar aqui com você?"

"Que pergunta besta, Kiara. A casa não é minha, mas você sabe que o John deixa de porta aberta para qualquer um de nós."

"Não, é que as vezes você queira ficar sozinho... Não sei." - rio para deixar o clima mais descontraído.

"Se for por isso, pode ficar a vontade." - ele se senta no pequeno sofá, deixando um lugar ao seu lado vago.

"Como tá indo a recuperação?"

"Eu já melhorei cem por cento, praticamente."

"Sua mãe veio aqui mais cedo, ela tava te procurando. O JJ disse que ia te achar... Você viu ele?"

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