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No outro dia eu não sabia como reagir com Justin, mas eu não podia simplesmente parar de falar com ele, aliás ele não sabia que eu conhecia a prima dele, não é?! Isso faz eu levantar uma leve suspeita, mesmo não querendo. Por que ele tinha ficado daquele jeito, já que não sabia de nada? Eu precisava falar com ele e tirar essa dúvida. Haviam centenas de possibilidades. Ele pode estar brincando comigo, o que eu espero que não seja, ou isso pode ser imaginação da minha cabeça.

Me sentei no mesmo lugar de sempre e esperei ele chegar, mas o tempo passou, o professor entrou e nada dele. Achei que ele tinha atrasado, então esperei mais um pouco do que já tinha. Cheguei a conclusão de que ele não viria quando bateu os sinal para a troca de aula. Eu não havia feito nada demais, então, se ele se negasse a ter uma amizade comigo, seria problema dele. No intervalo pergunto para um amigo dele e ele diz que Justin tinha ido viajar, tiro minhas conclusões, e imagino que ele queira ficar só.

Se passou uma semana, e nada de Justin, ele não havia me ligado, ou se quer deixado algum aviso. Ele tinha sumido, talvez fosse melhor esquece-lo, talvez ele nem volte. Mas, como eu podia? Como eu podia esquece-lo? As aulas até que se encaminham bem, mas, o professor de física tinha avisado que estava doente e não poderia vir na última aula, então podíamos ir embora mais cedo. No final, eu vou para casa, como prometido pra minha mãe.

"Mãe?"

Abro a porta, ela não estava na sala e nem na cozinha, então vou olhar na área de lazer, perto da piscina. Haviam duas toalhas de yoga forradas no chão, um rádio e uma camiseta branca. Subo ao segundo andar, silenciosamente. Me aproximo da maçaneta da porta do quarto dos meus pais e receio em abrir. Eu não queria acreditar naquilo que minha mente me forçava pensar. Abro sem pensar mais e me deparo com o filho da puta, cujo professor de yoga era, em cima da minha mãe, eles estavam sem roupa alguma, ele chupava um dos seios dela, enquanto transavam loucamente, aquilo me dava repulsa, não sabia mais o que fazer. O que minha mãe estava fazendo? Como ela teve coragem? As lagrimas descem descontroladamente e eu não penso duas vezes, saio correndo dali, não levo nada.

Enquanto caminhava sem rumo, sem saber pra onde iria, recebo uma ligação. Era minha mãe, desligo o celular e continuo andando. Paro na mesma casa, do dia em que eu e JJ ficamos juntos, aquele lugar me trazia boas lembranças boas. Entro e vou ao mesmo lugar da última vez, o mar estava pouco movimentado, já que o tempo havia fechado e estava ventando bastante. Me deito em uma madeira com cuidado, e fico imaginando se devia voltar para casa. Não. Não posso olhar pra ela e agir como se nada tivesse acontecido, fecho os olhos e cochilo por pouco mais de uma hora. Não havia sol, as nuvens estavam carregadas e trovejava sem parar, me arrepio quando o vento bate em minha pele.

"Ei" - me assusto com uma voz atrás de mim e quase me desequilibro do telhado, mas JJ me segura pelo braço.

"O que você tá fazendo aqui?" - Ele pergunta.

"Eu que te pergunto. Por que veio aqui?"

"Sua mãe foi na minha casa, ela estava atrás de você. Mas, eu não disse nada, não se preocupe." - ele se senta do meu lado.

"Como você está?" - pergunto

"Estou melhor. Levando..."

"Como sabia?"

"Como eu sabia o quê?"

"Você nunca veio aqui... Como sabia que eu estava aqui?" - JJ olha para o céu e joga o cabelo para trás, sem responder nada.

"Bem... Eu sai procurando você. Te achei, não é?!"

"Sim, mas... Deixa pra lá."

"O que aconteceu? Por que fugiu de casa?"

"Eu não sei se devo dizer, JJ."

"Foi ele, não foi?"

"Quê? De quem você tá falando?"

"Aquele babaca daquele riquinho."

"Não viaja, JJ. Não foi ele. Foi a minha mãe." - digo de uma vez.

"E-eu... Eu vi ela e o professor de yoga dela..." - não consigo terminar a frase.

"Fodendo?" - ele revira os olhos e paira sobre mim.

"Nem sei por que fui te dizer isso." - respiro fundo.

"Desculpa, mas, foi isso não foi? Não faço ideia de como você está, até por que nunca tive uma mãe, mas deve ser a mesma coisa que levar uma surra do seu pai, mesmo sem merecer." - ele mexe nos dedos.

Um pingo cai no meu rosto e logo em seguida vai aumentando a intensidade. A chuva aumenta mais e mais, até que temos que sair dali. Mas, não tinha adiantado muita coisa, o telhado estava inacabado e a chuva entrava para dentro da casa.

"Você acha que isso vai aguentar?" - pergunto preocupada.

Ele olha pra cima e balança a cabeça negativamente, parte do telhado estava solta e a água entrava constantemente, molhando toda a casa. Aquela estrutura era fraca e podia ceder a qualquer momento.

"Melhor a gente correr para o restaurante da praia, o que acha?"

Lá havia uma estrutura que podíamos ficar até a chuva passar. Corremos até o lugar, nos molhamos completamente e ao chegar, nos sentamos em uma mesa de madeira. Me encolho de frio por estar com a roupa toda molhada e me estremeço dos pés a cabeça quando o vento bate em meu rosto,

"Eu te ofereceria minha camisa, mas não adiantaria muita coisa." - ele sorri e eu devolvo o sorriso.

Ele se vira, ficando de frente comigo e me fazendo olhar para ele.

"Eu lembro."

"Se lembra do que?" - sorrio, tentando amenizar o clima.

"Me lembro daquele dia, naquela casa. Daquele beijo, das nossas palavras. Lembro de tudo."

"JJ..."

"Eu estava bêbado, mas não tanto assim. Eu sei que falei que não lembrava, mas, eu não queria te magoar."

"E você acha que não está me magoando agora?"

"Kie, eu não podia estragar tudo, era melhor assim. Me desculpa, eu passei tanto tempo guardando isso só pra mim, que eu não pude mais segurar."

"Por que? Se você quer me magoar, me fale agora, JJ. Já não basta por tudo que estou passando... Não brinque com isso."

"Não quero brincar com você, Kiara. Eu só não podia mentir mais pra mim mesmo."

"O que?"

"Que eu gostei, que eu queria mais. Mas, eu sei que não podíamos, que era errado, que nunca aconteceria."

"E você está certo, nunca aconteceria." Ele segura meu rosto e meu olhar se fixa no seu

"Eu só preciso saber... Você gostou?"

"E-eu..." Minha mente me conduzia a dizer sim, meu corpo pedia pelo seu, era como tivéssemos uma conexão grande entre a gente. Eu queria dizer que sim, que eu gostei, que eu queria mais. Mas, isso me magoaria e o magoaria mais ainda. Tantas mentiras, o que custa mais uma?

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Oiiii, amoresss. Continuou?

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