À Procura

Prefácio

O que eu senti quando soube foi como se o chão abaixo dos meus pés tivesse simplesmente desaparecido. Eu sei que é uma expressão gasta. Muitos falam "perdi o chão" ou "fiquei sem chão", mas já parou para pensar no que é não ter chão? Tudo o que vemos na face da terra está estacionado no chão. Nossa casa, as pessoas, o ambiente natural... Imagine que não houvesse esse suporte, tudo caísse, ruísse, não existisse essa base de tudo. Foi isso que eu senti quando soube.

Eu fiquei catatônica, como quando você fica olhando para um copo que acabou de derrubar e quebrou, tentando digerir aquilo que aconteceu. Porque aconteceu mesmo, o copo está ali quebrado, não importa o quanto fiquemos paralisados; ele não vai se unir sozinho só porque não estamos crendo no que nossos olhos veem.

No meu caso, eu ouvi algo que não poderia esperar menos, e de repente tudo mudou. 

O meu vasto, imenso mundo de aventuras parou. E eu engoli em seco. 

Contemplei a situação como se fosse um copo quebrado e todo o meu eu estremeceu. Eu não sabia o que fazer, como agir, o que pensar. Eu não perguntei como, quando, como assim. Só disse – depois do meu transe de sabe-se lá quantos minutos:

– Estou voltando.