Assim que Allie pôs os pés na festa após a cerimônia do Oscar ela teve a impressão de que aquela é uma das situações mais surreais de sua vida por duas razões: a primeira, e talvez mais óbvia delas, é o fato de que este é um salão cheio do mais alto escalão do cinema do mundo, além de alguns poderosos nomes da música. E tudo bem, a cerimônia em si tinha basicamente as mesmas pessoas, mas aqui elas não possuem lugares marcados e estão começando a ficar levemente embriagadas. A segunda das razões é que ela está de mãos dadas com Harry.
Allie está dividida entre a sensação de segurança que aquilo causa e o fato de que ela sabe que as consequências serão grandes, há ainda o fato de que Harry tomou aquela decisão por eles, sem consultá-la. Ele a beijou na frente de centenas de famosos mais os milhões ou bilhões de telespectadores e internautas, ele disse que a amava em seu discurso.
Sam está com eles, claro. Assim como Becca, Lexie e o resto do pessoal do filme e seus acompanhantes.
As pessoas a cumprimentam pela indicação, algumas até mesmo contam que estavam torcendo por ela, outras dão tapinhas simpáticos e tentam dizer palavras de conforto. A verdade é que Allie não precisa delas, embora as aprecie. Ter seu primeiro grande papel em um filme reconhecido daquela forma é tudo que ela queria.
Ao seu lado, Sam cutuca Allie basicamente a cada dez segundos mostrando algum ator ou cantor famoso que ele admira. Allie tenta não surtar com relação a algumas das pessoas que estão ali. Ela está pegando uma bebida quando ninguém menos que Amy Adams se aproxima.
-Desculpa, Allie Pressman, certo?
Ela tem que se segurar para não gritar, mas sua mente está dizendo: Meu deus, Amy Adams!!!....
-É sim, sou... -Ela diz embaraçada. Allie respira fundo tentando impedir sua mente de ter um troço.
-Eu vi seu filme recentemente. Uma indicação mais que merecida.
-Deus! Obrigada. Você é incrível. A Chegada é um dos meus filmes prediletos.
-Sem contar que ela me forçou a ver Objetos Cortantes. -A voz de Harry diz. Amy se vira e abraça Harry como se fossem velhos amigos, o que Allie descobre segundos depois que é quase verdade.
-Você cresceu demais. A atriz diz sorrindo e avaliando Harry. Quanto tempo faz?
-Eu realmente não sei, Amy.
-O suficiente para que você tenha deixado de me chamar de tia. Eu conheço esse aqui desde que ele ainda mal sabia andar. Ela diz olhando para Allie que oferece um sorriso. Então... Harry, como está sua mãe? E a pequena Sarah?
-Minha mãe, bem... ela está bem. E Sarah não é mais tão pequena.
-Amy!? -Uma voz chama.
-Eu preciso ir. Foi um prazer te conhecer, Allie. Harry, querido, parabéns. Seu pai estaria tão orgulhoso.
A menção do pai de Harry aciona todos os alarmes de Allie imediatamente, ela passa o resto da noite sem conseguir aproveitar a festa porque qualquer pessoa que se aproxima deles para parabenizar Harry faz a mesma coisa, comenta a semelhança entre Harry e o pai, a perda inestimável de sua morte tão precoce. Quanto mais as pessoas o comparam com o pai, mais Harry bebe. Allie tenta controlar o namorado algumas vezes, mas depois desiste. Ela não é a babá dele e todo o trabalho emocional já tinha conseguido estragar a noite.
O único momento de paz que Allie tem é quando vai ao banheiro. Ela senta na privada e tenta relaxar. Ela tinha imaginado sua primeira cerimônia do Oscar de diversas formas, tinha imaginado a festa também, mas em nenhum desses sonhos ela tinha passado o tempo todo daquela forma. Em algumas das piores versões ela ficava bêbada e beijava algum ator com o triplo da sua idade, ou então caia do palco na hora de receber a estatueta de melhor atriz, coisas do tipo. Aquelas opções pareciam menos desgastantes que a realidade daquele momento.
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FUGITIVOS
RomanceO momento em que Cassandra Pressman, uma atriz mirim com um contrato de anos na Disney, entrou em colapso durante uma gravação mudou tudo para sua irmã mais nova: Allie Pressman. Cansada de estar sempre nos bastidores na dinâmica familiar, Allie en...