"that's just how the story unfolds"

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Veronica não é uma mocinha convencional. Ela chora bastante, mas ainda assim toma decisões difíceis. A última cena do filme deixa Allie aos prantos, é a cena em que Veronica é acusada de estar fraudando as eleições e vai presa. Todo o elenco está presente, eles aplaudem e Becca faz um discurso agradecendo pelo trabalho da equipe.

O elenco faz uma festa na casa de Harry. Mais de um ano de convívio, todos estão felizes e animados com o final das gravações e cheios de expectativas para o lançamento que deve acontecer em alguns meses. Todos bebem, inclusive Allie, e ela acaba dormindo na cama do anfitrião. Quando acorda, de madrugada, levanta da cama procurando pelo colega de elenco que está na sala vendo um filme. Allie reconhece a pessoa na tela, ele parece com Harry, era um jovem tão bonito quanto e extremamente talentoso.

-Ele parece com você. - Ela afirma sentando ao lado dele no sofá.

-Um pouco, mas ele era bom, Pressman. Bom de verdade. E essa vida, a pressão de tudo isso, acabou com ele. As drogas, a bebida.

-Não vai acontecer com você. - Ela responde de impulso. Allie sente que está cruzando uma linha que não deveria, que não é tão íntima de Harry para ousar conversar sobre seus sentimentos com relação ao pai que morreu de overdose quando ele tinha nove anos de idade, mas ela não consegue. Desde Nova York as coisas estão ainda mais confusas, ele parece estar sempre presente e fica cada vez mais difícil não ultrapassar os limites.

-Você não sabe disso. -Ele diz. Não há um tom em particular naquilo. Talvez um pouco de melancolia, mas nenhuma raiva. -Quando eu era pequeno tudo que eu queria era ser como o meu pai, com seis anos eu fiz meu primeiro filme e decidi que atuar era minha paixão, e então ele morreu na minha frente e eu não quis mais fazer nada por muito tempo, eu tinha perdido tudo. A pessoa que eu mais amava no mundo e meu sonho, mas de alguma forma eu acabei sendo sugado de volta e eu acho que a qualquer momento eu posso perder a cabeça.

-Harry, você é extraordinariamente bom. Sempre foi. E você parece com seu pai, mas você não é ele. Não precisa seguir o mesmo caminho.

Harry baixou a cabeça e Allie, num impulso, colocou a mão em seu queixo fazendo-o olhar de volta pra ela. Desde o que aconteceu com Cassandra e o jeito como Harry a ajudou ela não conseguia parar de pensar nele.

-Agora você sabe que eu tenho sentimentos e eu vou precisar te matar. -Ele diz sorrindo.

-Ok, se te ajuda em alguma coisa. Eu morria de medo de não ser tão boa quando Cassandra e ouvir as pessoas desejando que eu tivesse tido aquele problema no coração e desistido de atuar.

-Você é muito melhor. Nunca conte isso pra Cassandra, mas sua irmã era boa atriz em um personagem que era basicamente ela mesma. Ela nunca fez nada que a desafiasse. Você é boa em tudo que faz.

Cassandra sempre foi a "boa em tudo". Allie sempre foi a sombra, pra todo mundo, mas não para Harry, não para aquela versão de Harry que estava ali na sua frente. Allie então se inclina e o beija. É um beijo rápido. Ela se afasta o suficiente para encarar os olhos do homem a sua frente, ela precisa entender o que está se passando na cabeça dele.

-Por que você fez isso? – Ele pergunta. O tom não é de recriminação, mas de uma curiosidade genuína. Harry morde o lábio esperando pela resposta.

-Pra te agradecer. Pelas coisas que você disse, por ter ido até Nova York comigo, por ter ficado do meu lado.

Harry sorri e coloca a mão no pescoço de Allie que sente o corpo responder de imediato. Ele aproxima os lábios dos dela vagarosamente, parecendo apreciar a expectativa que cria. -Quer saber porque eu fiz isso? – Ele questiona no ouvido de Allie de depois de finalmente beijá-la. Allie balança a cabeça positivamente, inebriada pelo som da voz de Harry. -Porque faz tempo que a única coisa que passa na minha cabeça é o quanto eu quero te beijar, te tocar.

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