Capítulo Cinco

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Desperto no meio da madrugada, ouço barulho de chuva, o que não é muito comum nessa época. Fico alguns minutos travada olhando para o teto, enquanto algumas cenas do meu dia anterior passa pela minha cabeça. Incrível como as coisas podem desabar em questão de segundos, e o que estava perfeito, se torna um tremendo pesadelo. Minha bexiga está cheia e implorando para que eu esvazie, porém minha preguiça está tão grande, que cogito a possibilidade de deixar para depois, quero voltar a dormir. Fecho os olhos, tento me concentrar, mas o sono havia se dispersado por algum canto do meu quarto.

Okay, to indo, vou te esvaziar.

Abro a porta com todo cuidado possível, pois Bryan tem sono leve, e qualquer barulhinho é capaz de despertar o monstro do lago ness. Opto por ir descalço, afinal, acho que facilitaria ter passos de pena, e tudo estaria perfeito. E como a sorte nunca está a meu favor, Bryan está na cozinha, provavelmente fazendo algo para comer, nunca vi um homem ter tanta fome como ele tem. Continuo com minha pluma de pena, e passo devagar para que ele não perceba a minha presença, e com muito sofrimento, consigo chegar no banheiro. Olho para minha cara, e consigo visualizar olheiras alarmantes, não posso desejar coisa melhor, até porque tenho dormido mal há semanas, quando não é pesadelo, são pensamentos que me perseguem e faz com que meu sono vá embora. Sento no vaso, e tento pensar nas aulas que terei que enfrentar quando acordar novamente, mas eu não consigo lembrar nem o que comi na janta, que na verdade não foi nada, já que só cheguei e apaguei.

Após liberar todo líquido que me incomodava, abro a porta para retornar para meus aposentos, e levo um tremendo susto com uma criatura enorme para minha frente. Bryan.

- Por que você me desobedeceu? - questiona ele com um olhar de ódio.

Eu sabia que não importava o que eu dissesse, ele nunca iria me compreender, pois o que ele só sabe fazer, é me julgar.

- Eu sei que voce me proibiu de sair, mas Henry estava em apuros, ele apanhou na rua por pessoas que ele nunca viu na vida, eu precisava ajudá-lo. - tentei explicar, na tentativa de amolecer o coração de pedra que ele carrega consigo.

- Como se eu me importasse com aquele baitolinha de merda.

Na mesma hora meu sangue ferveu, fechei meus punhos com pensamento de dar eles na cara desse idiota, mas eu sabia que as consequências seriam severas.

- VOCÊ NÃO OUSE FALAR ASSIM DO MEU AMIGO! - Dando de dedo na cara, gritei com ele, coisa que eu jamais achei que teria coragem de fazer, e quando percebi, já tinha soltado, era tarde demais para tentar reverter.

- Olha o jeito que você fala comigo, sua vagabunda.

Acompanhado dessa agressão verbal, veio a física. Bryan pegou sua mão, e lançou um tapa na minha cara, e foi um tapa tão forte, que eu não consegui me manter de pé. A raiva que estava dentro de mim, tomou conta de todo o meu ser, olhei com cara de nojo, para aquele homem que eu jamais queria ter como meu tio. Eu sabia que não era capaz de ir contra ele, e enquanto eu tentava me levantar, ele com toda sua frieza, cuspiu sob meu rosto. Nunca pensei que passaria por tanta humilhação, ainda mais por alguém que carrega o mesmo sangue que eu.

- Espero que isso sirva de lição, nunca me desobedeça.

Eu transpirava ódio pelo meu suor, meu rosto carregava uma expressão de vingança, eu queria dar o troco, mas também não queria aumentar o problema. Me recomponho, e vou para meu quarto, na intenção de conseguir dormir, mas sei que será mais uma noite em claro que irei vivenciar. Me escoro na janela, e tento me acalmar com a brisa que corria lá fora. Não consigo me conter, e começo a chorar, queria aliviar a dor de algum jeito. Já era quase de manhã, e meu sono ainda estava perdido por algum canto do meu quarto, e em vez de procurá-lo, decido ouvir música. Procuro meu telefone, e com tanta indecisão, decido por uma playlist aleatória. Deito, e começo a pensar como seria se eu tivesse uma vida normal. O problema sou eu? O problema está nas minhas atitudes? Como seria se eu não existisse? E em meio a tantos pensamentos e paranoias, consigo pegar no sono.

EFÊMEROOnde histórias criam vida. Descubra agora