Capítulo Seis

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Nunca retornei para a escola tão rápida, minha respiração estava cansada e meu coração acelerado. Eu ainda acho que sofro de arritmia cardíaca, nunca vi pulsar em diversas velocidades consequentemente, alguma coisa estava errada, mas não era hora de se preocupar com isso. Entramos na escola, e estavam todos dispersos nos corredores, uns fofocando, outros buscando motivações para a tão esperada apresentação, e outros dormindo na biblioteca.

- Passamos despercebidos pela coordenação, nos livramos dessa vez. - diz Henry conferindo se está com odor por conta da quantidade de suor que transpiramos durante essa corrida.

- Sempre nos damos bem, e será assim pelo resto da vida. Ah, fica tranquilo, você não está fedendo, mas por precaução, toma. - jogo o desodorante para ele passar e parar de fazer cara de nojo por conta de um cheiro que não existe, apenas na cabeça dele.

- Onde você vai agora? - pergunta ele, pegando seu fone de ouvido para ir pra casa.

- Não quero ir pra casa, fico entediada, então ficarei mais um pouco aqui na escola. - Na verdade não entediada, e sim mau por conta do Bryan, ele sempre me deixa triste, e quanto menos tempo eu tiver a presença dele, melhor eu fico comigo mesma.

- Tudo bem então. Aproveita e vai na sala de artes, e tenta seus primeiros pliês. - rindo da minha cara.

- Larga mão de ser otário. - retruquei e dei um soco em seu peito.

- Tchau Iz.

- Tchau Henry.

Esperei ele se perder no fim do corredor para começar a pensar o que fazer para me ocupar. Não tenho muito passatempo aqui na escola, além de ser julgada com os olhos por "ser estranha" para todo os outros estudantes. Deixarei meus pés cansados me guiarem. Ando cabisbaixa pelos corredores, refletindo sobre os últimos acontecimentos que tenho vivenciado. Tudo isso tem me afetado, eu não tenho nem ânimo para comer, minhas tremedeiras estão se tornando frequentes, tudo está caindo por terra.

Passo pelo meu armário, pois preciso trocar os livros para as aulas de amanhã, e algo tira minha atenção. Uma música clássica soava pelo meus ouvidos, e na hora caiu a ficha de quem poderia ser, era Pietro. Fecho meu armário, e decido dar a famosa espiada pela porta. Eu estava sem fazer nada, e era caminho para a saída da escola, não é porque eu quero ir lá ver, só coincidiu. Foram vinte passos até a porta, e sim, eu contei para conter o nervosismo, por mais que eu não vá trocar sequer uma palavra com ele.

Estico minhas perninhas de grilo para tentar vê-lo pelo vidro que tem na porta, e lá estava ele, tocando suas notas, com um lápis em sua boca, garanto que está compondo o material para a sua apresentação. Começo imaginar o dia na minha cabeça, o palco todo decorado com vermelho, ele vestido um blazer todo preto e...

- Está pensando que essa serenata é para você, gata borralheira? - disse uma voz que estava saindo atrás de mim, e só podia ser, Phoebe.

- Em momento algum pensei que seria algo para mim, eu só estou a procura de Henry. - retruquei com olhar de deboche.

- Acho melhor nunca criar esperanças com o bonitão, pois o único homem que você terá na sua vida, é o seu tio bêbado. - respondeu ela que virou as costas, e colocou seu casaco de pele rosa e ficou me desafiando, esperando uma resposta.

Naquele instante o ódio subiu na minha cabeça, pois começou um pequeno flashback das situações que Bryan já havia me causado, mas eu não queria mais confusão para meu lado. Meu olho demonstrava raiva, mas eu estava ciente do que poderia ocorrer se eu me importasse com as piadas de mau gosto. Começo a chorar para aliviar a dor que sinto naquele momento e saiu correndo sem direção, só queria sumir.

EFÊMEROOnde histórias criam vida. Descubra agora