Capítulo Sete

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Abro meus olhos devagar, uma luz reluzente que vinha da janela bate em meu rosto, meu corpo dói como se um trio elétrico tivesse passado por cima dele, minhas vestes estão com um cheiro forte, tentei refletir o que poderia acontecido, mas minha memória fraca me limitou relembrar os acontecimentos, eu não faço ideia de onde estou. Olho para fora da janela, e percebo que o bairro era desconhecido, nunca andei por essa rua, onde estou? Levanto em busca do meu telefone para encontrar respostas, e quando olho atrás da porta, um casaco de couro pendurado, eu estava na casa do Pietro.

Sento na cama, e me esforço mais uma vez para tentar lembrar como eu vim parar na casa dele, mas a ultima lembrança que tenho, é eu estando na minha casa, tudo está confuso, e eu me odeio por não me lembrar de nada. O que fez eu parar na casa do garoto mais lindo da escola?

Toc Toc Toc, alguém bateu na porta.

- Pode entrar. - eu permitindo entrada do próprio dono da casa?

Ele entra, e nos direcionamos para o sofá de couro no canto do cômodo, sentamos.

- Oi, você está se sentindo melhor? - indaga ele.

- Estou com muita dor no corpo, e confusa, como eu vim parar aqui?

- Quer mesmo que eu lhe conte? - questiona ele preocupado, talvez com a minha reação ao descobrir o real motivo de eu estar na casa dele, e confesso que mil e uma suposições passaram pela minha cabeça.

- Acho que eu gostaria sim de saber o que me fez parar na sua casa, pois isso é uma coisa que eu nunca imaginei que iria acontecer comigo.

- Bem, vamos lá.

Inspiro, expiro.

- Eu costumo vagar pela cidade quando minha insônia ataca, e ontem a noite eu decidir ir em um lugar que fazia um bom tempo que eu não frequentava, uma casa noturno na zona norte da cidade. Quando eu cheguei lá, havia muita pessoa para pouco espaço, e eu odeio estar em locais assim, pois sofro de claustrofobia. Percebi que minha noite não ia tão longe, e quando eu sai do local, me deparei com um cara tentando beijar uma garota a força, e aquilo me deixou irritado, corri em direção a moça para impedi-lo de tal atrocidade, e ele correu, mas antes disso, ele bateu nela, com um soco que a fez com que desmaiasse, e essa menina, era você.

Eu estava em choque com o que eu havia acabado de ouvir, e na medida que ele ia falando, minha memória resolveu funcionar, e algumas cenas passou pela minha cabeça, mais eu não conseguia racionar direito, eu estava perdida dentro dos meus próprios pensamentos. Eu comecei a chorar desesperadamente, pois bateu o arrependimento de ter feito todas as merdas na noite passada. Pietro percebeu meu desabamento, e me acolheu em seus braços para tentar me acalmar.

- Calma Izzie, já passou, eu estou aqui contigo. Entendo como você se sentiu ontem a noite, e entendo como você se sente agora. A dor ontem sumiu, mas hoje veio à tona. - disse ele com suas mãos em meu rosto, secando minhas lágrimas.

É exatamente tudo isso que eu sinto, como ele sabe? Ele leu a minha mente? Ou ele passa pela mesma situação que eu com seus pais?

Me acalmo, respiro bem fundo, e deixo a voz doce e calma de Pietro invadir meu corpo. Enxugo minhas lágrimas e busco forças para conversar com o garoto que me salvou.

- Obrigado mais uma vez por me salvar, eu não sei o que seria de mim se você não tivesse me socorrido.

- Não precisa agradecer, Izzie. Mas agora me conta, o que você foi fazer lá? - pergunta curioso.

Eu não sabia o que dizer, se falaria a verdade, ou mentiria. Chega de mentiras na minha vida, isso só me prejudica.

- Eu e meu tio não nos damos muito bem, eu estava cansada e abalada por tudo que venho enfrentando lá em casa. Eu não consigo estar no mesmo ambiente que ele, eu queria me distrair, queria espairecer a cabeça, eu estava fora de mim. Decidi pegar um ônibus e andar pela cidade, e aquele bairro me chamou atenção, por isso desci. Tudo estava indo de mal a pior, e não achei que as coisas sairiam fora de controle. Eu não temia nada, pois minha rotina já é dolorosa, então eu meio que estou acostumada com certas situações.

EFÊMEROOnde histórias criam vida. Descubra agora