Eu não faço a mínima ideia do que possa ter acontecido com o Henry, até porque pode ser inúmeras situações, unha quebrada, perdeu um episódio de sua série, seu cabelo pode estar muito ressecado, ou lembrando de alguns momentos romântico com um dos cara que ele se apaixonou e acabou batendo saudade, criando uma crise de choro, mas meu instinto diz ser algo mais sério, então descarto todas essas possibilidades na hora e corro para a praça das águas, onde Henry me informou que estava. Percebi que minha casa não era tão próxima, então tive que andar de ônibus, que é algo que eu detesto, uma caixa ambulante que transporta pessoas, de diversas culturas e higiene, pois têm alguns que esquecem de tomar banho e muito menos de usar o desodorante, e os cara que ficam olhando estranho? Os que ficam assediando você, se aproveitando da falta de espaço? Sinceramente, serão quinze minutos de tortura e sofrimento, mas por Henry vale a pena. Coloco meu fone de ouvido, e com muita sorte o ônibus estava chegando, entrei e tive a sorte de encontrá-lo vazio e fui me sentar em um banco que estava vago nos fundos. Fiquei repensando no ocorrido com Bryan, e contive minhas lágrimas, pois eu preciso ser forte agora que Henry está em apuros.
Fique Forte, Fique Forte, Fique Forte! - repeti em meus pensamentos na busca de me encontrar e acalmar.
As ruas se encontravam vazias, poucos movimentos nas lojas, parecia até um tedioso domingo a tarde, mas era dia de semana, isso chega a ser muito estranho. Quando me dei conta, já estava chegando ao ponto da praça. Olho atenciosa para todos os bancos a procura do meu melhor amigo, mas não o encontro, fixei meus olhos no balanço onde ele sempre costumava ficar, e não o encontrei. Desci do ônibus o mais rápido possível, e quase esqueci minha bolsa no banco, se não fosse por uma senhora que estava sentada do meu lado, eu teria perdido tudo o que amo, pois meus pertences mais importantes, estão lá dentro.
Pego meu celular e disco o número de Henry, e recebo uma notificação alertando que minha bateria está quase acabando, eu estava agoniada, e torcendo para que ele atendesse antes que meu telefone se apagasse de vez e eu sofresse atrás de uma tomada, e após três vezes ir para caixa postal, a luz do fim do túnel apareceu, ele atendeu:
- Oi Henry, cheguei, onde você está? - perguntei preocupada, sentando em uma mureta para me acalmar.
- Oi Izzie, eu vim comer algo, não queria desmaiar de fome como ocorreu contigo. Brincadeiras à parte, mas estou a caminho do balanço, sabe onde me encontrar, beijos.
- Beijos.
Sua voz estava mais calma, acho que o fato de eu ter demorado tanto tempo, fez com que toda a situação, que eu não fazia ideia do que era, amenizasse. Corro em direção ao balanço, e vejo ele sentado, com cabeça escorada na corrente que o sustentava. Ele estava com uma aparência abatida, seu rostinho cabisbaixo fez com que eu sentisse a dor dele de longe.
- Oi meu anjo, o que aconteceu? Vem aqui, me dá um abraço. - levantei ele e dei um abraço apertado, que foi retribuído, e acompanhado de lágrimas.
Enquanto ele chorava, fui acariciando sua cabeça e fazendo com que meus dedos se perdessem em seus cachos. Decidi deixar ele chorar, liberar tudo o que o afligia naquele momento, pois eu sou especialista no quesito desabafo. Ofereci um pouco de água e ele tomou alguns goles, sorte que carrego sempre uma garrafinha comigo, nunca se sabe quando vou estar desidratada.
Após alguns minutos, ele se acalmou, e acho que era a hora de tentar entender o que estava acontecendo, pois vê-lo naquele estado, me preocupou em dobro.
- Está se sentindo melhor?
- Estou sim, estou sim. - confirmou enxugando algumas lágrimas com seu moletom rosa pastel que eu amo.
- Me conte o que aconteceu. - questionei com uma voz serena, para transmitir calmaria, pois era o que ele mais precisara naquele momento.
- Bom, aconteceu o seguinte... Eu estava caminhando a caminho de casa, tinha tirado alguns minutos para ir na biblioteca escolher alguns livros para ler no meu tempo livre, e após sair de lá, estava com planos de ir para casa, pois estava muito ansioso para começar algumas histórias, porém decidi ir no mercado comprar algumas coisas que estavam faltando lá em casa, e dentro do mercado eu percebi que tinha três caras me encarando, e aquilo me deixou inseguro por alguns segundos, mas consegui me distrair e esquecer a situação. Após pegar as coisas e passar pelo caixa, agradeci a moça e sai do mercado, e quando cruzei a esquina, eles estavam me perseguindo. Eles foram atrás de mim, e eu estava com medo, e conseguiram me fechar em um beco sem saída. Eu entrei em pânico, e me desesperei, e eu perguntava o que eles queriam e eles só diziam "acabar com a sua raça, vocês são uma aberração" "seu boiolinha de merda". E a cada insulto que era direcionado a mim, passa um flashback na minha cabeça do que aconteceu quando eu assumi para meu pai. Eles me jogaram contra a parede, e me imobilizaram. Eu gritei por socorro, porém ninguém estava passando por perto, eu me desesperei, temi o que eles poderiam fazer comigo. Teve um momento que o mais alto, que estava com um olhar de ódio tão intenso, me jogou no chão, e começou a me chutar, e cada chute havia uma propagação de ódio a cada palavra que saía da boca dele, eu reclamava de dor e eles não paravam, até que perceberam que alguém estava se aproximando e decidiram abandonar o local, mas antes de irem, cuspiram em meu rosto, e disseram para que eu me cuidasse e que estariam de olho em mim. Eu nunca achei que iria passar por uma situação como essa, minhas costelas doem, minhas pernas latejam, eu fui comprar um remédio para dor aliviar, mas até agora não fez efeito. Quando mandei a mensagem para você, eu estava ainda no mercado e iria para a praça depois, afinal, é onde costuma ter pessoas, estava inseguro e prevendo que algo de ruim iria acontecer, e foi isso que aconteceu. Eu to com medo Izzie.

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EFÊMERO
RomanceIzzie passa por diversos problemas na sua adolescência, e a palavra vencer nunca fez sentido em sua vida. Em meio a caos, em que a vida dela se encontra, ela conhece um garoto que poderá mudar completamente os rumos da sua história. Ela lida com o v...