Persephone » l.h.

0.3

A aula chegou ao fim, o que significava que era agora que a professora iria falar comigo e com Persephone. 

Peguei no pequeno caderno de capa preta com desenhos feitos por mim e meti dentro da minha mochila juntamente com o meu estojo.

Hoje não começamos logo a dar matéria, a professora esteve só a passar algumas informações sobre como as coisas funcionavam no secundário, visto que 95% da turma eram pessoas que estavam pela primeira vez no décimo ano. 

Depois de terem todos saído da sala, andei a passos lentos até a secretária da professora. Persephone já lá se encontrava.

Quando lá cheguei, eu e ela fizemos uma troca de olhar estranha pois ela voltou a focar a sua atenção na professora que ainda estava a arrumar as suas coisas.

                                     - Quero agradecer desde já pela menina se ter oferecido. -, disse a professora olhando para Persephone com um leve sorriso nos lábios.

                                      - De nada. -, retorquiu a rapariga.

                                    - Bem, a menina vai ficar encarregue de ajudar o menino Luke a melhorar o seu inglês. Deverá dar-lhe explicações e insistir que ele fale sempre consigo pois pelo que me foi dito, o menino não é rapaz de falar muito. -, quando acabou de proferir esta frase, olhou para mim. Senti as minhas bochechas a ficarem quentes a uma velocidade bastante rápida e baixei o olhar.

                                       - Vou dar o meu melhor professora. - disse Persephone olhando para mim. 

                                      - Agora é só uma questão de vocês se organizarem. Da minha parte está tudo dito, agora combinem as coisas entre vós. -, pegou na sua mala e caminhou até a saída da sala. Fui atrás dela e Persephone veio atrás de mim. 

A professora acabou por trancar a porta e despediu-se de nós deixando-me completamente sozinho com ela.

O meu coração começou a bater um pouco mais rápido pois eu não sabia o que dizer ou fazer. Meti as mãos nos bolsos das calças e comecei a olhar a minha volta tentando não mostrar o meu embaraço e o meu nervosismo.

                                       - Já conheces a escola? -, perguntou ela levantando um pouco a cabeça para me poder olhar para cara. 

                                        - Não. -, disse eu.

                                       - Queres que te mostre as coisas principais ou preferes aventurar-te sozinho? -, senti o seu olhar vidrado em mim. 

                                        - Prefiro que me mostres as coisas, não quero fazer figura de parvo e entrar na sala errada ou algo do género. -, disse eu tentando relaxar. Comecei a brincar com a pequena argola preta que tenho no lábio inferior, é um tique que tenho desde que furei o lábio.

Ouvi uma leve gargalhada vinda dela as famosas borboletas voltaram a aparecer no meu estômago.

                                            - Então vamos, que daqui a nada temos de ir para o ginásio pois o diretor vai fazer o seu discurso anual. -, comentou ela revirando os olhos, - Todos os anos sempre o mesmo discurso.