American Boy

Capítulo 6

— Entre! – Uma voz masculina ressoou do outro lado da porta e Daniel estremeceu por inteiro.

Daniel respirou profundamente, girou a maçaneta fria da porta e entrou. Então se surpreendeu quando viu o homem atrás da mesa, ele era incrivelmente mais encantador pessoalmente, seu escritório era gigantesco, possuía diversos tons, desde a cor preta de sua cadeira, a cor marrom de sua mesa, as poltronas brancas em frente à mesa, janelas de vidro que iam do teto até o chão e mostravam uma visão bastante privilegiada da cidade de New York, a cidade com mais habitantes dos Estados Unidos.

Daniel se encaminhou até a frente da mesa e estendeu a mão cumprimentando Joe.

— Prazer em conhecê-lo Senhor Herve, me chamo Daniel Lahey. – Daniel estendeu sua mão e Joe a apertou fortemente após retirar seus óculos e pousar os mesmos sobre a mesa, Daniel sentiu o quanto Joe era forte somente pelo aperto de mão.

— Sei quem você é. Sente-se, por favor. – Disse Joe apontando para uma das poltronas brancas em frente a sua mesa.

"Eu sei tudo sobre você."

Joe pensou, mas não falou, e ele realmente tinha um dossiê completo sobre Daniel.

Joe fitou profundamente os olhos azuis de Daniel, achava eles mais claros pessoalmente.

— Bem, podemos começar a entrevista? – Indagou Joe retirando uma mecha de seu cabelo preto da testa, depois passando o polegar esquerdo por seu lábio inferior, como um mecanismo do seu corpo para mascarar o nervosismo. Daniel o deixava nervoso.

Joe cruzou as pernas analisando Daniel assentir com a cabeça e se preparar para começar. Daniel ligou o gravador e pousou sobre a pequena mesa a sua frente, retirou seu caderno com as perguntas da bolsa e pousou sobre seu colo, junto com o celular.

— Pretendo gravar essa entrevista para transcrever depois, espero que não se importe. – Disse Daniel.

— Fique a vontade. – Sorriu Joe mostrando dentes grandes e brancos, e pela primeira vez Daniel viu uma imagem diferente da formal que o empresário expressava em suas fotos nas revistas, e ele nem estava pensando sobre as fotos semi nuas, Joe realmente era mais bonito pessoalmente que nas revistas.

Daniel estava pronto para começar, porém nervoso. A ideia de estar tão perto de Joe, o fazia ter movimentos peristálticos, quase como se borboletas estivessem voando ali dentro do seu estômago.

— Primeira pergunta, quais sacrifícios você fez para se tornar o empresário tão bem sucedido que é hoje? – Indagou Daniel lendo a pergunta de seu caderno, e enquanto lia, Joe ainda o olhava fixamente.

— Estudei muito para chegar até aqui, acredito que perdi uma boa parte da minha vida, fiz muitos sacrifícios, deixei de sair com meus amigos, me afastei da minha família, deixei as pessoas que amo em segundo plano, e não tive uma juventude como realmente gostaria. É o preço que se tem a pagar. Acredito que a minha recompensa por todo o meu esforço está bem aqui, na altura de seus olhos. No coração de New York. Tudo isso é meu, eu conquistei, fiz por merecer, comecei do zero, então me orgulho disso. Meu império, meu poder. – Joe quase fez um discurso, porém conseguiu ser bem sensato e transparente na resposta.

Daniel logo pensou que ele era obcecado pelo poder, porém não estava errado em ter orgulho de tudo que conquistou com seu próprio esforço.

— Muito bem, próxima pergunta, quais são as três principais habilidades necessárias para ser um empreendedor bem sucedido? – Indagou Daniel relaxando e cruzando uma perna sobre a outra.

— Creio que esforço, dedicação e força de vontade. – Joe nem precisou pensar muito, estava com a resposta na ponta de sua língua.

— Ótimo, qual parte da sua vida pessoal você acredita que te proporcionou certa vantagem competitiva em seu negócio? - Perguntou Daniel.

— Desde muito jovem costumo observar bem as pessoas, você pode descobrir seus pontos fracos e fortes apenas com a ação de observar. Esse dom de ser observador me da certa vantagem no mundo dos negócios, é preciso sempre estar com o olho bem aberto. Mesmo quando está dormindo, um de seus olhos deve estar aberto. – Joe passou seu polegar esquerdo novamente pelos lábios, Daniel sentiu algo com isso e mordeu o seu próprio lábio inferior como uma resposta involuntária de seu corpo.