Catarina acompanha o homem até a cozinha. Norman lhe ordena que faça o café enquanto ele desce do barco para fazer alguma compra. Já fazia um certo tempo desde o sequestro, naturalmente o navio continuava seguindo seu curso e novamente se aproximava da costa. Atracaram num local discreto e baixaram um pequeno barco à remo. Ao longe se podia avistar um pequeno vilarejo à uns 20 quilômetros de Algarve. Norman pega o pequeno barco e se aproxima do vilarejo. Catarina na cozinha continua a fazer o café. Cozinha as últimas espigas de milho que restavam e depois de alguns minutos o café estava pronto.
Logo um marujo se aproxima:
_Meu café está pronto garota?
Ela com medo e olhando pra baixo responde:
_Sim, pode se servir.
_Certo então. Venham cambada! O café tá feito.
Logo começam a aparecer todos os marujos do navio, com exceção de Norman que saiu para fazer algumas compras.
Naquele navio haviam diversos piratas, cerca de uns 30.
Eram em sua grande maioria sujeitos brutos e esquisitos com aparência intimidadora. Cada um andava com alguma arma, sendo de canivetes, espadas, e até armas de fogo.
Catarina tinha muito medo daqueles homens pois além de sua aparência intimidadora, já os tinha visto em ação no dia do sequestro, e lembrava da crueldade com a qual trataram à ela e sua família.
Logo o mais medonho deles se aproxima da cozinha: O capitão Leonor Lopes, cujo pseudônimo era Death. Era um homem relativamente alto em relação aos demais piratas do navio, tinha cerca de 1,90 de altura, era um sujeito forte, com um olhar de desprezo por aqueles que julgava inferior. Portava sempre na cintura uma espada longa, uma pistola, e a peculiar arma medieval estrela da manhã, também chamada de estrela d' alva.
Ele olha para Catarina de cima para baixo e pergunta com um tom ameaçador:
_Porque não levou meu café na cabine? Não sabe que o capitão deste navio deve ter prioridade nas refeições? Me dê aqui essa vasilha, vou levar pra cabine. Ninguém aqui vai comer antes que eu acabe!
Death leva consigo o recipiente onde estava todo o milho que Catarina cozeu para o café, deixando com fome todos os marujos que estavam à espera do café.
Logo todos os homens ficaram enfurecidos com Catarina que não sabia das regras do navio, portanto não podia imaginar que algo assim pudesse acontecer. Ela tenta se explicar porém ninguém quer saber de nada.
_Garota imbecil! Como pôde deixar o capitão esperando? Você é louca? Por sua culpa nem sabemos que hora vamos comer hoje!
Eles a xingavam e faziam barulho enquanto apontavam suas armas para ela. Catarina estava com muita medo, encolhida num canto chorando ela se desculpava sem ao menos ter culpa de nada.
Norman se aproxima do navio novamente e ouve o barulho lá em cima. Ele sobe no barco com um saco nas costas e deixa mais dois no pequeno barco. Corre na cozinha e se depara com aquele caos. Sem entender nada ele grita e pergunta:
_O que diabos está acontendo aqui?
Logo um deles responde enfurecido:
Essa garota imbecil não serviu o capitão primeiro, e agora ele levou a comida e não sabemos a que horas vamos comer alguma coisa!
_Entendo... bom acho que ela não sabia, não precisam tratá-la dessa forma.
_Agora vai defender a escrava? Ah você está louco Norman, não seja estúpido! Saia da frente pra que possamos dar uma surra nessa pequena vadia!
_Não, vocês irão matá-la. Não como se eu me importasse, mas se o capitão descobre que mataram a garota que deu tanto trabalho pra achar... Ele certamente acabará com todos nós.
Então o homem reponde com um tom sério enquanto sai andando:
_Só porque o capitão iria acabar conosco, mas por mim eu mataria essa garota com minhas próprias mãos.
Logo todos os marujos se dissipam rumo aos seus devidos postos. O capitão grita e os manda içar as velas então o navio novamente parte rumo ao desconhecido.
Norman fala com Catarina:
_Você está bem, garota?
_Eu acho que sim...
_Então volte ao trabalho. Há muita coisa a se fazer por aqui.
Norman deu um balde à Catarina então começam a limpar a cozinha. Acabada a limpeza, Catarina estava novamente encarregada de limpar o convés. Ela não tinha boas lembranças da última vez que realizou esse trabalho, agora era ainda pior com todos aqueles homens zangados com ela e olhando com olhar de raiva e desprezo. Ela realmente não queria fazer esse trabalho, mas caso não fizesse, com certeza receberia uma punição muito severa e certamente bem violenta. Então ela novamente se põe a limpar o convés.
Ela passa por uns três homens bem mau encarados, com muito medo ela apressa o passo e continua a limpeza. Ela se aproxima do leme e avista aquele sujeito medonho, Death. Era como olhar pra face da própria morte. Ela não sabia nada sobre aquele homem, somente sobre seu caráter detestável. Catarina logo abaixa o olhar e limpa em volta do leme. Tudo até então parecia tranquilo, então ela retorna para o depósito guardar os utensílios de limpeza. Ao se virar ela se depara com o sujeito que a ameaçou de morte outrora. Com um olhar penetrante e ameaçador ele começa a falar:
_Hoje você escapou da morte. Mas cometa mais um deslize e eu mesmo irei te matar, mesmo que o capitão fique zangado isso não importa, posso arrumar outra garota muito rápido.
Ele se vira e vai até a proa.
Catarina mesmo aterrorizada, retorna à cozinha pra saber se Norman deseja mais alguma coisa. Ele estava tratando alguns peixes, então ela pega uma faca e também começa a tirar escamas.
_Senhor Norman, quem é aquele sujeito que me ameaçou de morte?
_Deve se referir ào verme do Walter Scott. Ele é o encarregado geral deste navio, repassa as ordens do capitão, toma conta enquanto ele está fora, e aplica os castigos e torturas. Também é o carrasco em certas situações...
Catarina fica arrepiada ao saber que tal tipo de pessoa estava ali tão próximo.
_Entendo... mas pera aí, Walter não é o nome de quem seja português...
De fato não é, pelo que sei ele veio da Inglaterra. Perece que o capitão Leonor o recrutou durante suas viagens pelo continente. Ao que parece ele está aqui desde o começo.
_Hum... Seu nome também não me parece de português...
_Não, eu também vim da Inglaterra... Mas é melhor nos concentrarmos no trabalho.
_Certo.
Continuam o preparo do almoço. Fazem bastante considerado que até agora ninguém havia comido nada, com exceção do capitão.
Depois de pronto o almoço, Catarina se apressa em servir logo o capitão para que não aconteça como da última vez.
Acabando de serví-lo, Leonor lhe diz:
_Muito bem, lembre-se de que quem manda aqui sou eu. Agora vá servir os marujos!
Ela se retira e vai servir o resto da tripulação. Mal sabia ela o que iria presenciar naquela tarde.Continua no próximo capítulo: "Vida estranha num ambiente perverso: novamente o cenário de um crime"
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Prisioneira num Navio Pirata: Sonhos no Terror do Pesadelo
AventuraUma jovem garota que vivia numa província portuguesa foi levada de sua família durante uma pesca em família. Seus sequestradores eram nada mais nada menos que perversos piratas que buscavam por escravos para vender e manter limpo seu navio. Esta gar...